Capítulo 45

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POV ANY

Nunca usei as roupas de um homem. Parece estranhamente íntimo - ainda mais porque o moletom de Josh não cheira a roupa lavada. Cheira um pouco a mato - cheiro doce e de pinheiro ao mesmo tempo. Como ele, eu acho.

Entrei em Pânico quando o doutor Houschka disse que não me daria alta se eu não tivesse alguém para cuidar de mim. Se eu tivesse que ficar mais um pouco naquele hospital, naquele estranho quarto com aqueles estranhos entrando e saindo , eu tinha certeza de que morreria. E lá estava aquele homem sério da biblioteca, Josh Beauchamp, parado , e a ideia simplesmente surgiu.

Estou realmente surpresa por ele ter concordado com ela. Tudo a seu respeito parece tão tenso - não só sua postura, sua coluna rígida, seus ombros tensos e largos, mas também a intensidade dos seus olhos, a maneira como seus lábios permanecem alinhados e paralelos, como um sinal matemático de igual.

Porém, eles se levantaram, só um pouco, quando ele se ofereceu para me levar para casa, e me surpreendeu mais uma vez.

Agora, sentada ao lado de Josh no banco do passageiro do seu carro , todos os traços de qualquer jovialidade se foram e ele está segurando o volante, imóvel e parado como uma estátua.

É verdade, seu filho quase morreu, mas não morreu. E, mesmo tendo dito a Josh que não foi nada, eu achava que ele seria um pouquinho mais caloroso, mais grato a mim, em vez de agir de forma tão indiferente.

Talvez ele seja meio babaca, como Louise sugeriu.

Por outro lado, também é meio educado.

Tipo, depois que o doutor Houschka saiu do meu quarto, ele não me encheu de perguntas sobre o motivo pelo qual eu estava no hospital ou oq havia acontecido com o meu rosto.

Ele levou para mim as roupas extras que tinha no seu carro - a blusa de moletom de Wharton e um par de calças de ginástica, uma vez que minhas roupas ficaram tão encharcadas e enlamadas por causa do ocorrido no dia anterior que tiveram que ir para o lixo.

Fez que não me ouviu quando me ofereci para me sentar no banco de trás para que seu filho, apresentado como Ben , pudesse ficar no banco da frente.

Tanto faz. Realmente não me interessa quem é esse cara, exceto que ele é o meio pelo qual, finalmente, estou chegando em casa. Após os eventos inesperados das últimas 24 horas - e ter passado a noite inteira em claro em um quarto de hospital - , só consigo pensar em passar pela porta da frente da minha casa e ficar sozinha. Segura.

No caminho, até lá, quebro o silêncio insuportável algumas vezes com uma ou duas palavras: " Direita, aqui." " Esquerda." E, quando Josh para na entrada da garagem, faço todo o esforço do mundo para não saltar do carro antes de ele parar completamente e correr para dentro de casa, girando o trinco atrás de mim com um clique de satisfação.

Sei que seria falta de educação da minha parte.

- Obrigada pela carona - digo, abrindo a porta do carro e fazendo esforço para expelir cada palavra da minha garganta ferida.

Ele puxa o freio de mão entre nós e vira a chave, desligando o motor.

- Vou pegar sua bicicleta - diz, abrindo a porta também.

Abro a boca para protestar, mas quando me levanto, estou tão exausta que, se eu mesma tivesse que levantar a bicicleta, seria uma tarefa impossível. Além disso, a calça de moletom que estou usando ameaça cair até meus tornozelos a qualquer segundo, embora eu tenha puxado o cordão para apertá-la o máximo possível e dando um nó. Coloco minha bolsa no ombro e seguro uma boa parte do cós elástico para me sentir segura.

Perto o Bastante para Tocar |Beauany |CONCLUÍDA Onde histórias criam vida. Descubra agora