Quando volto ao quarto de Ben, há uma mulher em pé do lado de fora , junto à porta. Com uma calça preta informal, uma blusa cinza e tênis sem cadarço, ela se parece com outros visitantes pelos quais passei no corredor, com exceção do crachá com aspecto oficial ao redor do seu pescoço e da pasta que está carregando. Seja como for, não a reconheço, então a primeira coisa que me vem à cabeça é que ela está no quarto errado.
- Com licença - digo, ao esbarrar nela para alcançar a maçaneta da porta.
- Senhor Beauchamp? - pergunta ela.
Eu paro.
- Sim?
- Shivani Paliwal, assistente social aqui da equipe médica - diz ela, estendendo a mão para mim.
Ah, verdade, a enfermeira mencionou isso.
- Entre - digo, dando um leve aperto na sua mão estendida e voltando a segurar a maçaneta em seguida. - Vamos ver se ele está acordado.
- Ah, não, eu queria conversar com o senhor - diz. - Em particular. Já conversei com Ben.
Dou um passo para trás.
- Conversou? - pergunto. - Quer dizer, isso é legal, sem minha presença?
- Procedimento padrão - diz ela, fazendo eco ao que a enfermeira tinha dito antes.
Estreito os olhos.
- Procedimento padrão para o que, exatamente? - pergunto. - Você visita todas as crianças que dão entrada no pronto socorro?
- Não - responde, desviando os olhos para a porta e depois para mim. - Só quando julgam ser necessário.
- Quem julgou ser necessário?
Tenho a sensação de que estou perdendo alguma coisa, como se não estivesse chegando ao xis do problema com minhas perguntas, mas sou pego de surpresa e minha cabeça está girando.
- Por que não sentamos, senhor Beauchamp? - Ela faz sinal na direção de um banco no corredor.
Sem muita escolha, sigo-a como um cachorrinho com uma coleira. Uma vez acomodados , ela olha diretamente para mim, e sinto uma mudança em seu tom.
- Nossa preocupação é que a queda do Ben não tenha sido um acidente.
Enquanto seus olhos procuram os meus, percebo imediatamente o que ela está insinuando.
- Ah, não, não. Ele não estava tentando se matar. - E , então, paro. Não sei muito bem como explicar oq ele tava fazendo.
Ela aperta os lábios, e seu rosto se transforma em uma expressão de preocupação.
- Entendo que seja difícil, mas se o senhor puder apenas responder algumas perguntas... - Ela olha ao redor, como se esperasse que alguém se materializasse no corredor. - Existe uma senhora Beuachamp? A mãe de Ben está ... Envolvida?
- Não - digo. - Os pais dele morreram há alguns anos, e eu o adotei. Sou... Hum... Divorciado. - Embora seja comum, odeio dizer em voz alta. É como se estivesse anunciado que falhei, que sou um fracasso.
- Espere... Tudo isso tem na ficha dele. Você não a tem?
- Em Nova Jersey? Não havia nada sobre ele.
- Ah, verdade. Acabamos de nos mudar para cá.
Ela assente rapidamente e, então, retoma o assunto em questão.
- O senhor notou algum comportamento depressivo ou estranho de Ben nas últimas semanas?
Massageio meu maxilar, sendo, finalmente, pego pela falta de sono da noite anterior.
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Perto o Bastante para Tocar |Beauany |CONCLUÍDA
RomansCONCLUÍDA. Any Gabrielly é uma jovem com uma condição médica rara: ela é alérgica ao toque de outros humanos. Depois de uma humilhante experiência de quase morte na escola, Any tornou-se uma reclusa, vivendo os últimos nove anos nos confins da pequ...