Capítulo 43

566 66 28
                                    

Quando volto ao quarto de Ben, há uma mulher em pé do lado de fora , junto à porta. Com uma calça preta informal, uma blusa cinza e tênis sem cadarço, ela se parece com outros visitantes pelos quais passei no corredor, com exceção do crachá com aspecto oficial ao redor do seu pescoço e da pasta que está carregando. Seja como for, não a reconheço, então a primeira coisa que me vem à cabeça é que ela está no quarto errado.

- Com licença - digo, ao esbarrar nela para alcançar a maçaneta da porta.

- Senhor Beauchamp? - pergunta ela.

Eu paro.

- Sim?

- Shivani Paliwal, assistente social aqui da equipe médica - diz ela, estendendo a mão para mim.

Ah, verdade, a enfermeira mencionou isso.

- Entre - digo, dando um leve aperto na sua mão estendida e voltando a segurar a maçaneta em seguida. - Vamos ver se ele está acordado.

- Ah, não, eu queria conversar com o senhor - diz. - Em particular. Já conversei com Ben.

Dou um passo para trás.

- Conversou? - pergunto. - Quer dizer, isso é legal, sem minha presença?

- Procedimento padrão - diz ela, fazendo eco ao que a enfermeira tinha dito antes.

Estreito os olhos.

- Procedimento padrão para o que, exatamente? - pergunto. - Você visita todas as crianças que dão entrada no pronto socorro?

- Não - responde, desviando os olhos para a porta e depois para mim. - Só quando julgam ser necessário.

- Quem julgou ser necessário?

Tenho a sensação de que estou perdendo alguma coisa, como se não estivesse chegando ao xis do problema com minhas perguntas, mas sou pego de surpresa e minha cabeça está girando.

- Por que não sentamos, senhor Beauchamp? - Ela faz sinal na direção de um banco no corredor.

Sem muita escolha, sigo-a como um cachorrinho com uma coleira. Uma vez acomodados , ela olha diretamente para mim, e sinto uma mudança em seu tom.

- Nossa preocupação é que a queda do Ben não tenha sido um acidente.

Enquanto seus olhos procuram os meus, percebo imediatamente o que ela está insinuando.

- Ah, não, não. Ele não estava tentando se matar. - E , então, paro. Não sei muito bem como explicar oq ele tava fazendo.

Ela aperta os lábios, e seu rosto se transforma em uma expressão de preocupação.

- Entendo que seja difícil, mas se o senhor puder apenas responder algumas perguntas... - Ela olha ao redor, como se esperasse que alguém se materializasse no corredor. - Existe uma senhora Beuachamp? A mãe de Ben está ... Envolvida?

- Não - digo. - Os pais dele morreram há alguns anos, e eu o adotei. Sou... Hum... Divorciado. - Embora seja comum, odeio dizer em voz alta. É como se estivesse anunciado que falhei, que sou um fracasso.

- Espere... Tudo isso tem na ficha dele. Você não a tem?

- Em Nova Jersey? Não havia nada sobre ele.

- Ah, verdade. Acabamos de nos mudar para cá.

Ela assente rapidamente e, então, retoma o assunto em questão.

- O senhor notou algum comportamento depressivo ou estranho de Ben nas últimas semanas?

Massageio meu maxilar, sendo, finalmente, pego pela falta de sono da noite anterior.

Perto o Bastante para Tocar |Beauany |CONCLUÍDA Onde histórias criam vida. Descubra agora