Capítulo 67

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A um quarteirão de distância, ocorre-me que ela pode não estar lá. São 19h04 agora, e ela já poderia muito bem ter trancado as portas, subido na bicicleta e começado a voltar para casa. Mas não. Quando entro no estacionamento, ela está lá, em pé na porta, de costas para mim. Meu coração começa a bater mais rápido ao vê-la, e percebo que estou nervoso. Ouço sua voz na minha cabeça : Não preciso da sua ajuda. Engulo seco. Por que vim aqui?

Eu deveria ir embora, mas é tarde demais. Meus faróis, iluminando sua silhueta, chamaram a sua atenção, e ela se vira, segurando um molho de chaves na mão direita, usando a esquerda para proteger os olhos da luz. Com um movimento de pulso, apago as luzes, para não deixar cega. Ela pisca, olhando para o carro e, ao reconhecê-lo, seus olhos se arregalam. Engulo em seco mais uma vez e depois levanto as mãos, com as palmas para cima, e encolho os ombros, esperando expressar a forma não ameaçadora com que vim, não o comportamento assustador de um perseguidor que, acaba de me ocorrer, é o que provavelmente estou parecendo.

Fico na expectativa enquanto ela me fita, imóvel. Em seguida, ela lentamente balança a cabeça de um lado para o outro. Então vejo: o canto dos seus lábios levantando lentamente. É tudo de que preciso. Abro a porta e fico em pé.

- O que está fazendo aqui? - pergunta ela, mas seu tom de voz está cheio de surpresa, não de raiva. Encho-me de alívio.

- Eu disse que era caminho de casa - digo. - Só pensei em dar uma passada aqui. Ver ser alguém precisava de uma carona. Quer dizer, não você, é claro; você tem sua bicicleta.

Ela sorri agora, um sorriso largo que se estende em seus lábios e ilumina seus olhos.

- Eu tenho - diz. - Tenho minha bicicleta.

Assinto, pensando rapidamente.

- Sabe, eu queria saber, no entanto, se você poderia me ajudar.

Ela ergue a cabeça, curiosa. À espera.

- Preciso de ajuda para decifrar o significado oculto de todos esses livros que estou lendo que vão muito além da minha compreensão. E acontece que você entende - digo. - Estava pensando se, quem sabe, poderíamos fazer um acordo: você ser minha tutora enquanto dirijo.

Ao ouvir isso, ela joga a cabeça para trás e ri; um som pleno que me pega de surpresa. E sei que a envolvi. Sinto um frio na barriga.

Quando para de rir, ela me fita com um olhar.

- Alguém já disse que você é irritantemente persistente?

Concordo.

- Uma ou duas vezes - digo. - É aí? Temos um acordo? - Saio de trás da porta do carro e vou até ela, com a minha mão estendida na sua direção.

Porém, quando vejo sua expressão, paro de andar. Seu sorriso relaxado se transformou em algo que parece puro terror. Seu corpo está tenso, e Any está olhando para a minha mão e pigarreio. Ela olha para mim, e seu rosto muda com a mesma rapidez de antes.

- Eu só, hum... Tenho que pegar minha bicicleta - diz, estendendo o polegar e fazendo um sinal na direção ao bicicletário.

- Ah... Ok. - digo, andando alguns passos atrás dela, mantendo certa distância. Não sei o que foi aquilo, mas não quero assustá-la novamente.

Quando chegamos à bicicleta, ela vai para a esquerda e eu, para a direita, colocando minhas mãos no quadro para levantá-la ao mesmo tempo em que ela segura o guidom.

- Ah, eu não quis dizer... Posso levá-la - diz, sem soltá-la.

- Eu sei - digo. - Mas eu gostaria de fazer isso.

Seus olhos encontram os meus.

- Você já não está fazendo o suficiente?

Há um sorriso nos seus lábios, mas seu olhar é forte e inflexível. Meu Deus, ela é teimosa.

- Deixe que eu levo - digo com os dentes cerrados, levantando a bicicleta com mais força do que preciso por causa da minha frustração, não lhe dando outra escolha senão tirar as mãos do guidom.

Ela dá um passo para trás, olhando para mim, e depois me segue enquanto vou até o carro com a bicicleta na mão.

- E aí? Qual o próximo livro? - pergunta, esperando-me, ao lado da porta do passageiro, colocar a bicicleta no porta-malas.

Levanto a sobrancelha para ela.

- Hein?

- Que vamos discutir. Sou uma tutora, você dirige, lembra?

- Ah, certo - digo. - Hã, é Diário de uma paixão.

- Diário de uma paixão?

- Sim.

Ela solta uma gargalhada.

- Se você precisa de ajuda para entender o Diário de uma paixão, estamos com um problema.

Faço uma pausa, meus olhos encontrando os dela.

- Então, eu diria que estamos com um problema.


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