Capítulo 98

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Maratona 2/?

Deixe a estrelinha ⭐

Emma parece mais velha e mais jovem ao mesmo tempo, se é que isso é possível

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Emma parece mais velha e mais jovem ao mesmo tempo, se é que isso é possível. Seu cabelo alisado na chapinha tem mechas azul-celeste, da mesma cor que ficavam seus lábios quando devorava aqueles picolés
artificiais no verão. Framboesa, seu favorito, era inexplicavelmente azul.

Ela está minúscula, incrivelmente pequena na cama do hospital, como se fosse a Alice no País das Maravilhas e bebesse a poção para encolher, os ombros curvados para dentro, o corpo encolido pelo colchão fino.

Volto a minha atenção para o seu nariz, onde um diamante minúsculo repousa na curva acima da narina, e tento não ter um ataque do coração quando penso que Stephanie a deixou colocar um piercing. Pelo menos não é uma tatuagem.

Enquanto a examino, aliviado por ver que seu corpo ainda está cheio de vida, por mais que ela o tenha decorado, ela olha para mim, os olhos frios e firmes. Espero - será que ainda me odeia? Tenho medo de dizer algo, de dizer a coisa errada.

Então, ela diz:

-Pai. - E acho que meus joelhos bambeiam pelo alívio.

- Emma.

- Pai, desculpa. - Seu rosto vai se enrugando por partes, como um acordeão, começando pela testa. Lágrimas escorrem por suas bochechas.

- Ah, querida - digo, envolvendo-a em meus braços. Sento-me na beirada da sua cama de hospital, deixando-a encharcar meu ombro. Acaricio seu cabelo azul até sua respiração irregular recuperar lentamente a cadência.

Ela se solta do meu abraço e se reclina, limpando o nariz com a parte de cima do braço nu. Vou até o balcão para pegar um lenço de papel e o entrego a ela.

- O que você estava pensando? - pergunto, levando a mão ao seu rosto e colocando uma mecha de cabelo atrás da sua orelha.

- Sei lá - diz, cabisbaixa.- A Darcy disse que era só maconha normal.

- Mas mesmo a maconha, Emma. Você não é assim - digo, mexendo de leve nos fios azuis de cabelo que roçam seu ombro para enfatizar o que quero dizer.

Ela se esquiva abruptamente, com os olhos ardendo de raiva.

-Você não sabe quem eu sou.

Abaixo minha mão. Olho para ela. Deixo suas palavras serem assimiladas.

- Tem razão. Não sei quem é você. Não mais. Mas, Emma, estou tentando. Realmente quero saber.

- O quê? Lendo alguns livros idiotas? - pergunta, ríspida.

Encolho-me.

- Sim, lendo alguns livros - digo, com cuidado para manter o tom calmo e constante.- Lendo seu diário. Não tive muita escolha, né? Você
não falava comigo.

- Por que será?- Ela revira os olhos e cruza os braços na frente do peito.

- Emma, sei que o que eu disse foi horrível, e sinto muito. Já pedi desculpas umas cem vezes. Você sabe que as pessoas dizem coisas, que as vezes, que não querem dizer. Acontece. As pessoas cometem erros. Eu
cometi um erro.

-Você acha que isso tudo é por causa daquilo que você disse?

- Bem, sim. - Sento-me um pouco mais reto. - Não é?

Ela ri.

-Ah, meu Deus. A mamãe tinha razão . Você é muito emocionalmente ingênuo .

Tento ignorar essa alfinetada e espero que continue a falar. Ela não fala. Apenas vira a cabeça e olha pela janela, como se o poste de luz fosse um objeto tecnológico completamente fascinante que ela nunca tinha visto.

- Você vai..

-Você me abandonou - grita, assustando-me. - Foi em bora! Você disse, quando estava se divorciando da mamãe, que estaria sempre ao meu lado. Só não na mesma casa. Mas você não esteve!

Any passa por minha cabeça. Seu corpo encolhido no banco do
passageiro do meu carro, os ombros levantados ao falar da traição da mãe. assim que Emma se sentiu esse tempo todo? O pensamento me arrasa.

- E você levou ele com você.

- Ben?

- Era o que você sempre quis, né? Um filho. Alguém que não fosse complicado e emotivo. Um menino fácil de entender. E você o pegou e então teve a chance de ir embora. De ter uma vida fácil sem mim, e você aproveitou a chance.

Meus olhos ficam maiores a cada ideia que sai da sua boca. Nem sei por onde começar quando é minha vez de falar.

- Ben - começo - é tudo, menos descomplicado e não emotivo. E acho que estou fazendo pior com ele do que fiz com você , se serve de Consolo. E esse trabalho, o motivo pelo qual me mudei? É apenas temporário. Seis meses. Sua mãe não disse isso para você ?

- Sim - diz. - Mas é assim que todos começam, e ai voce taz um
trabalho bom e eles querem que você fique.

-Por que você pensa assim?

- Foi o que a Darcy disse. O pai dela se mudou com eles para cá por um trabalho "temporário" de um ano.- Ela faz aspas com os dedos, e isso me impressiona como algo muito adulto. Fico imaginando se foi a Darcy quem lhe ensinou isso também.- E já faz dois anos que estão aqui sem nenhum sinal de que vão embora.

Ah, quem me dera fosse temporário, penso, mas me contenho.

- Bem, esse é temporário. Estou cobrindo uma licença-maternidade da Vice-presidente e ela está voltando. Estamos trabalhando na transição agora. Além disso, mesmo que me pedissem para ficar, eu nunca ficaria.
Eu nunca deixaria você. Nunca.

Ela funga.

- Mesmo que peçam para voce ser um dos sócios?

Olho para seus olhos tristes. O piercing no seu nariz brilha na luz fluorescente. E digo com absoluta confiança:

- Mesmo que me peçam para ser um dos sócios.

Ela faz um pequeno aceno de Cabeça e olha para as mãos. Não sei ao certo o que fazer dali para frente. Não sei ao certo se ela acredita em mim. Não sei ao certo se posso desfazer todo o estrago que fiz sem saber.
Porém, tenho certeza de que vou voltar para cá assim que for possível. E que nunca mais vou deixá-la.

E então, pela segunda vez naquele quarto de hospital, penso em Any.

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Maratona para vocês 🥰🥰
Espero que vocês gostem 💙💙
Estamos chegando na reta final da fic 🤧 e não estou preparada...

Espero que tenham gostado do capítulo, bjss e amo vcs 💙🦋

Perto o Bastante para Tocar |Beauany |CONCLUÍDA Onde histórias criam vida. Descubra agora