Na manhã seguinte, a primeira coisa que vejo é Ben sentado, lambendo uma colher com pudim de chocolate. Pisco, espantado por ter realmente dormido em algum momento.
- Ei, fera - digo, gemendo à medida que tento colocar meu corpo rígido na posição sentada. Esquecendo-me da lesão na minha mão, apoio na palma com curativo para me levantar e faço uma cara de dor.
- Oi - diz ele, com os seus olhos fixos no pudim.
- Como está se sentindo?
- Bem.
Eu estava cheio de perguntas quando Joalin me deixou no hospital na noite passada antes de ela ir buscar O cão, mas Ben já estava dormindo, seu corpinho estava exaurido. Agora que está acordado, na luz da manhã, não faço idéia do que lhe dizer. Será que grito com ele? Deixo-o de castigo? Abraço-o? Pergunto que porra ele estava pensando? Sou um misto de emoções, sendo a principal delas o medo familiar de que direi a coisa errada. De que o afastar eu ainda mais de mim. Cometi esse erro com Emma, e não posso me dar ao luxo de cometê-lo novamente.
Olho para o quadro de avisos das enfermeiras na parede, que diz: Trícia - Ext. 2743. Volto a olhar para Ben.
- E aí? Como foi o mergulho?
Ele mantém a colher parada na língua, na metade da lambida, e parece pensar na pergunta. Em seguida, ele a coloca na bandeja.
- Frio.
Concordo com a cabeça, passando a mão nos pelos ásperos do meu rosto.
- Ben, você tem que me ajudar aqui, amiguinho. O que você estava...
- Cadê a bibliotecária? - pergunta, com os olhos fixos em mim.
- O quê?
- A bibliotecária. Eles a levaram embora.
O médico disse que Ben estava acordado e alerta quando chegou ao hospital, deixando pouca preocupação com algum dano cerebral permanente, mas faz uma semana que estivemos na biblioteca, e me pergunto se ele está tendo algum tipo de lapso de memória. Volto a olhar para o número de Trícia.
- Sabe que dia é hoje? - pergunto, com as sombrancelhas unidas.
Ben pensa.
- Domingo.
- Quem é o presidente?
Ben me encara com os seus olhos castanho-claros quase um verde.
- Você não sabe?
Uma leve batida na porta antecede uma enfermeira que a abre e entra.
- Bom dia - diz, cantarolando. - E como está o nosso paciente nessa manhã?
Ela está olhando uma prancheta que tem na mão, por isso não sei ao certo se está falando comigo ou com o Ben. Nenhum de nós responde. Ela ergue os olhos.
- Vamos verificar a pressão,hein?
Coloca o prontuário no pé da cama e prende o velcro em volta do braço fino de Ben. Depois disso, mede a temperatura dele e escuta seu peito com um estetoscópio. Em seguida, rabisca o papel com o qual entrou .
- O doutor Reed passará por aqui na próxima hora ou mais ou menos isso, ok?
- Trícia?
- Ah, não. - Ela vai até o quadro e apaga o nome com um apagador. - Era a enfermeira da noite. Eu sou Carolyn.
- Ah. Desculpe - digo, e depois aceno na direção de Ben. - Como está ele?
Ela olha para o prontuário, como se já estivesse esquecido.
- Os sinais vitais estão ótimos - diz . - Acredito que poderá ir para casa hoje à tarde. - Ela aperta o prontuário contra o peito. - Alguma outra pergunta? - diz e se vira para Ben. - Precisa de alguma coisa?
- Meus óculos - diz Ben. - Não consigo ver nada.
A enfermeira sorri e vai até a bancada onde estão os óculos de Ben. Ela os pega e os entrega a ele.
- E cadê a mulher? A bibliotecária? - pergunta ele enquanto encaixa as hastes nas orelhas.
Bem, aqui vamos nós. Cubro meu rosto com as mãos.
- A que salvou você? - Levanto a cabeça rapidamente.
Ben faz que sim.
- Está se recuperando no quarto andar - diz ela. - Teve algumas, hã... Complicações.
- Um minuto, o que aconteceu? - E me dou conta de que estava tão focado em Ben que nem sei, de fato, o que aconteceu com ele. Sei que, de alguma forma, ele caiu no rio e alguma pessoa a avistou e ligou para a emergência. Não pensei em perguntar mais nada. Típico de homem, consigo ouvir Stephanie em minha cabeça.
- Uma mulher que estava andando de bicicleta viu seu filho e mergulhou atrás dele. Ela fez a RCP até alguém chamar a ambulância.
- Era a bibliotecária. Do outro dia - interrompe Bem , lançando-me uma expressão vazia que interpreto como Eu falei.
Sinto a boca seca e estou estranhamente ciente de que meu coração está batendo no meu peito. Emily. Tenho certeza de que não é o nome verdadeiro dela, mas é o único pelo qual a conheço. Vem-me uma súbita imagem dela mergulhando de braços abertos no Passaic com sua longa camisola branca. Olho para a enfermeira.
- Você disse alguma coisa sobre complicações. Ela está bem?
- Desculpe, eu realmente não tenho permissão para dizer.
Não posso acreditar que aquela mulher - aquela mulher pequenina e tímida que estava apenas recitando poesias e dando saída nos nossos livros na biblioteca - salvou a vida de Ben. Sinto-me em dívida com ela. E preciso ter certeza de que eles está bem.
- Posso vê-la?
A enfermeira faz uma pausa.
- Vou ter que perguntar a ela. Eu o informarei. - Ela volta a olhar para o prontuário. - Ah, e a assistente social passará aqui mais tarde.
- Assistente Social? - pergunto.
- Apenas protocolo padrão - diz ela, mas não retribui meu olhar.
Depois que se vai, tiro a bibliotecária da cabeça e volto a atenção para Ben.
- E aí? Vai me dizer porque estava naquela ponte?
Ele encara o pote vazio de pudim como se quisesse enchê-lo novamente com a mente. Droga, talvez seja exatamente isso que está tentando fazer.
- Tudo bem - digo. - Por que não começamos com a mesinha de centro?
Ele não se mexe.
- Aquelo não foi um acidente, foi?
Ele permanece como uma estátua, e eu fico olhando, lembrando-me de um truque jornalístico que ouvi uma vez, embora não faça idéia de onde eu a teria ouvido : apenas faça silêncio. O silêncio estimula se entrevistado a preenchê-lo com palavras. Então, espero. Sento-me com os braços cruzados e espero mais um pouco. Depois do que parecem ser dez minutos, mas, na realidade, é mais provável que tenha sido um ou dois, percebo que eu seria um péssimo repórter.
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Perto o Bastante para Tocar |Beauany |CONCLUÍDA
RomanceCONCLUÍDA. Any Gabrielly é uma jovem com uma condição médica rara: ela é alérgica ao toque de outros humanos. Depois de uma humilhante experiência de quase morte na escola, Any tornou-se uma reclusa, vivendo os últimos nove anos nos confins da pequ...