XXVI. Um "Bem-vindo"

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Wafula até queria ter retornado para Arcallis mais cedo, movido por várias vontades que envolviam desde ter Radulf debaixo de si na cama outra vez, até descobrir o que tinha se decorrido da ideia brilhante do roubo que tinha dado a Kieran. No meio da jornada, tinha começado a pensar também que se demorasse muito, talvez nem tivesse tempo de se despedir de Dargan e quando estivesse de volta à capital, ele já estaria de família nova e teria até lhe esquecido, afinal, crianças tinham uma memória bem curta.

Mas por mais que os seus comandantes lhe passassem os relatórios de atividades bem rápido nas fronteiras, o leste era um lugar difícil de chegar e difícil de sair. Geralmente, perderia mais alguns longos dias transitando entre os acampamentos de fronteiras, sendo acompanhado por outros soldados como escolta, mas como queria voltar logo para a capital, parou apenas no forte principal e pegou os dados com os comandantes responsáveis por toda aquela área.

Felizmente, a fronteira leste era relativamente calma, se tiveram uma ou duas disputas nos últimos vinte anos com os reinos do Leste, tinha sido muito. Os relatos foram os mesmos de sempre, sem qualquer ameaça de guerra e com muita informação de comércio e mercadores indo e voltando entre os reinos. Para Wafula, os dados não faziam muito sentido, mas Radulf com certeza iria se entreter com a quantidade de números naquela pilha de papeis.

Ele retornou para Arcallis depois de alguns dias, com os relatórios que Radulf gostaria de ler e acompanhado de outros soldados, depois de terem trocado de posto na fronteira. Com sorte, depois de uma longa viagem a cavalo e de ter saído de uma pausa antes mesmo do nascer do sol, conseguiu chegar em casa quando o sol ia alto perto do horário do almoço.

Não foi surpresa que não houvesse ninguém na casa, Radulf devia estar no palacete e Dargan provavelmente com os criados no castelo. Por isso Wafula perdeu alguns minutos tomando um banho e comendo alguma coisa para se recuperar da viagem longa, antes de subir na montaria e seguir até a cidade.

Tudo estava bem dentro do convencional e a destruição de Idris no meio da praça já tinha sido consertada, Wafula conversou com metade das pessoas com quem encontrou no caminho e logo descobriu o motivo da movimentação intensa dos guardas na cidade, o que era no mínimo, engraçado. Ainda queria saber qual tinha sido a reação de Idris para o roubo de algo da falecida rainha, porque a quantidade de guardas só confirmava que Radulf estava muito irritado com o que quer que o ladrão tivesse roubado.

Até teria perguntado a Radulf os detalhes daquela perseguição intensa, mas chegou ao palacete para descobrir que o conselheiro tinha passado a última semana inteira no castelo. Bom, ele bem sabia como Radulf era determinado quando queria.

Bastou chegar aos terrenos do castelo para perceber que os últimos dias tinham sido bem estressantes para os criados: todos pareciam trabalhar mais rápido e com mais eficácia e os sorrisos forçados mostravam o cansaço. Wafula atrapalhou o trabalho de uma das criadas para descobrir onde encontrar o conselheiro, e a pobre mulher quase desmaiou por não saber confirmar onde o outro estava.

– Calma aí, menina, ninguém vai te matar. – Wafula deu uma risada sonora, batendo de leve no ombro da jovem criada que parecia prestes a desmontar. – E o Idris, onde está?

– O r-r-ei... e-st-tá... nos aposentos... – a garota estava suando frio.

– Certo, obrigado.

Wafula seguiu até o quarto de Idris e, como sempre, nem se preocupou em bater na porta, abrindo-a desavisado para observar o rei de pé, para que Borya terminasse de prender a faixa na cintura dele, os cabelos estavam molhados e soltos das tranças, naquele horário de fim da tarde, só podia indicar que Idris tinha acabado seus treinos diários.

– Você voltou cedo. – Idris baixou os braços depois que Borya deu o último nó na roupa. O criado se curvou e cumprimentou Wafula para juntar as peças de roupa suja em mãos e a toalha.

Um Silêncio de 15 AnosOnde histórias criam vida. Descubra agora