Acordar muito cedo era especialidade de Wafula, embora Radulf não dormisse muito mais do que o general, tinha se acostumado a levantar cedo também em resposta ao barulho de Dargan pela casa pequena. Talvez os dois estivessem bem cansados da longa noite, porque eles não acordaram com o barulho de passos correndo ou de coisas caindo na casa, na verdade, a casa estava tão silenciosa que quando Wafula se levantou para organizar tudo, estranhou o fato de que não encontrou Dargan na cozinha em cima de nenhum dos armários, ou no lado de fora, em cima das toras de madeira, ou sequer bagunçando as coisas no quarto e na sala.
Ele até imaginou que o cheiro da comida no café da manhã seria suficiente para atrair Dargan do buraco em que ele tivesse se enfiado, mas não foi o caso, o garoto não apareceu e Wafula começou a ficar um pouco mais preocupado. Até Radulf acordou e chegou à cozinha antes mesmo do garoto, fazendo um sinal de "bom dia" breve com as mãos.
– Bom dia, Rad. – Wafula levou uma caneca de café para o conselheiro.
"Onde está o Dargan?", Radulf pegou a caneca e tomar o primeiro gole, dando uma olhada ao redor.
– Eu estava me perguntando a mesma coisa. Não o vi desde que acordei, será que ele se perdeu na floresta?
"Não, ele conhece os caminhos", respondeu Radulf "ele devia estar aqui agora".
– Talvez ele tenha ido até o castelo?
"Sozinho? Não sei, vou procurar na casa", ele nem esperou uma confirmação de Wafula para dar as costas e começar a procurar nos cômodos, enquanto o general fazia o mesmo do lado de fora da casa, nos estábulos, entre os cavalos e a área mais próxima da floresta. Radulf deu só uma volta na casa e parou no quarto de Dargan, para perceber que a bolsa de couro dele não estava mais lá.
Ele desceu as escadas mais agitado daquela vez e encontrou Wafula no caminho até os estábulos, o general também estava de mãos vazias e desacompanhado.
– Nada, alguma sorte na casa?
"Ele saiu sozinho. Levou aquela bolsa que carrega comida", gesticulou Radulf, passando direto por Wafula até puxar um dos cavalos sem ao menos estar selado.
– Ei, o que está pensando, Rad?
"Vou fazer o caminho até o castelo, vá até a cidade para ver se o encontra, ele ainda não é acostumado com a região, pode se perder ou se machucar", Radulf deu as instruções, montando em seguida sem ao menos esperar a resposta de Wafula para cavalgar na direção do castelo.
Wafula só observou enquanto Radulf seguia empenhado pelo caminho do castelo, surpreso com a dedicação dele em achar Dargan. No fim das contas, a decisão da noite anterior não parecia só impulso.
– Estava mesmo precisando de uma boa influência, Rad. – Wafula comentou consigo mesmo, pegando o outro cavalo para seguir na direção da cidade, como Radulf tinha instruído.
Mas a ida até a cidade não rendeu nenhuma nova pista para Wafula, em todos os locais que ele sabia que Dargan já tinha ido, nenhum sinal do garoto. Radulf também só precisou alcançar os terrenos do castelo para ter certeza de que o garoto não estava lá, os jardineiros e criados certamente teriam visto a criança que não era nada discreta, ele nem precisou atormentar o sono do rei logo cedo para confirmar que Dargan tinha, oficialmente, sumido.
Radulf estava bastante acostumado a ir às guerras, passar por várias situações de quase morte e enfrentar todo tipo de inimigos, mas fazia um tempo que ele não sentia aquela ansiedade e o nervosismo por não poder fazer nada. Quando ele saiu do castelo, encontrou Wafula ainda nos limites da cidade e a primeira coisa que constatou foi que Dargan não estava no cavalo com ele.
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Um Silêncio de 15 Anos
Romance࿐ Spin-off: O Ladrão dos 13 Corações ࿐ Por mais de vinte anos, Wafula e Radulf serviram no exército de Arcallis e não há nada que eles não saibam sobre o reino, o regente, as guerras e as duras vitórias conseguidas com muito esforço e a paz alcançad...