VII. Uma Solução Viável

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Wafula realmente esperava que os guardas voltassem com a coroa e o ladrão, assim ele teria paz e sossego e finalmente podia aproveitar a sua intimidade com um Radulf satisfeito pelo trabalho concluído com louvor. Mas, para a infelicidade do general, depois de ter ficado imerso demais no próprio trabalho, a noite ir alta e ainda estar no palacete, descobriu que os guardas ainda não tinham voltado e a conversa no palacete era que todos estavam com medo de perder as cabeças para o Conselheiro, por não terem achado o tal ladrão com a coroa do rei.

Já não havia muita gente ali naquele horário avançado e Wafula seguiu até o escritório de Radulf. Se ele estava estressado naquela tarde, estava com uma expressão ainda pior já que seus guardas não tinham sido bem-sucedidos.

– Rad, já está tarde, vamos embora. Vai ficar esperando aqui quanto tempo?

"Como podem ser tão incompetentes!", o conselheiro gesticulou, andando de um lado a outro da sala, "Vou mandar executar todos!"

Wafula queria estar mais frustrado, mas já estava tão acostumado com a personalidade agressiva que acabou rindo de todo o estresse e indignação.

– Vamos lá, Rad, até o Idris disse para não se preocupar com isso. Você está aí mais estressado ainda porque não parou para descansar. Deixe isso pra lá.

"Não vou deixar para lá! Ele roubou a coroa do rei!!! Na frente da população!", os gestos foram ainda mais intensos "sabe o que isso significa?!"

– Que temos que ter coroas reservas no palacete? – Wafula estava apenas provocando de propósito e a expressão de Radulf foi ainda mais furiosa.

"Nosso reino não depende só da magia do Idris. Nossos guardas precisam fazer o trabalho direito! Se não conseguem nem isso, deviam ser todos executados!", Radulf sinalizou, em gestos muito pontuais, e Wafula entendia exatamente a frustração do companheiro, afinal, todos achavam que soldados não eram necessários, já que o rei podia derrubar exércitos inteiros sozinhos. Mas ninguém sabia como as coisas funcionavam, ninguém tinha noção do poder de Idris nem das suas limitações. Só ele e Radulf sabiam a importância de ter um exército bem treinado, capaz, que não precisasse tanto depender da magia, para que Idris pudesse eventualmente parar de arcar com as consequências daquela habilidade.

– Eu sei como se sente, Rad, mas primeiro, vamos evitar executar nossos homens, tá? – Wafula respondeu com um tom mais sério. – Vou indicar os melhores soldados dos meus destacamentos nas fronteiras para substituírem os que estão guardando o palacete, assim meus soldados vão ter um pouco de descanso e os guardas relaxados demais vão voltar ao treinamento intensivo nos acampamentos de guerra. Desse jeito eles aprendem a ficar mais atentos e não deixarem esse tipo de coisa acontecer só porque estamos em época de paz. O que acha?

Radulf ainda olhou para Wafula com uma expressão de indignação, os braços cruzados, e Wafula podia ver na cara dele que ele ainda preferia executar os guardas para servirem de exemplo. Mas ele não respondeu com gestos e Wafula se aproximou com um sorriso mais satisfeito no rosto.

– Vamos lá, Rad, não temos execuções em Arcallis há mais de dez anos, não seja tão irredutível. – Wafula brincou, mais descontraído. – E você está precisando relaxar.

O conselheiro ainda fez uma expressão desagradada e, sem resposta, Wafula aproveitou para cruzar a distância que faltava entre os dois e baixar o rosto, até encostar os lábios nos dele.

Estamos resolvidos então?

Radulf ainda não respondeu, mantendo a expressão fechada, e Wafula o beijou mais uma, duas, três vezes, para desviar a atenção dele daquele assunto de uma vez.

Um Silêncio de 15 AnosOnde histórias criam vida. Descubra agora