XXIV. Um Guarda-costas Silencioso

76 20 15
                                    

Radulf conseguiu voltar ao trabalho muito mais eficiente depois que Dargan tinha sido levado para o banho, inclusive, Idris conseguiu finalmente se concentrar no trabalho agora que o menino não estava correndo desesperado por todos os cantos. Foi mais fácil terminar os trabalhos administrativos e enviar um último mensageiro para Andras no palacete, Radulf teve tempo até de tirar algumas dúvidas sobre os símbolos mágicos no meio tempo, até Idris desviar a atenção para a entrada mais uma vez.

"O que foi agora?", Radulf perguntou, depois de conseguir a atenção do rei de volta com um toque leve na mesa.

– Isso. – Idris apontou para a porta que se abriu para dar espaço a Dargan, agora devidamente tomado banho e se esticando para alcançar o trinco da porta.

– Eu tomá banho. – o menino anunciou, seguindo até a mesa alta, olhando muito curioso para Idris antes de parar ao lado da cadeira em que Radulf estava sentado, terminando de fazer algumas anotações depois de fazer uns sinais de "muito bem" para o menino. – É papel?

Radulf só fez um aceno positivo com a cabeça e Dargan começou a subir na cadeira, se apoiando no braço dela e no encosto, atrapalhando parcialmente o trabalho de Radulf e fazendo com que Idris ficasse extremamente atento aos movimentos do menino como se ele fosse cair a qualquer momento. O conselheiro não pareceu se importar quando Dargan escalou o suficiente para se sentar em cima do encosto da cadeira, olhando por cima da mesa.

– Eu quer papel tabém! – ele anunciou, precisando apoiar as mãos no topo da cabeça de Radulf ao se inclinar demais para baixo e quase cair.

Idris até segurou a respiração ao observar o movimento do menino, mas Radulf não parecia nem um pouco preocupado que ele pudesse cair do topo da cadeira.

– Radulf? O menino...

– Menino, num! Eu é Dargan! – Dargan respondeu, impetuoso, e ele mal escorregou do encosto da cadeira, Radulf se inclinou para o lado o suficiente para erguer as mãos acima da cabeça e agarrar o menino, colocando-o em cima da mesa.

Radulf estendeu alguns pergaminhos e papeis em branco na direção de Dargan e penas de madeira com tinta e carvão. Se Idris estava atento em algo antes ao conversar com Radulf, ele ignorou o resto do trabalho e ficou atento na criança que se deitou em cima da mesa, derrubando algumas coisas no processo e começando a riscar aleatoriamente nos papeis. O horário já ia alto, então Radulf também terminou as próprias anotações e estendeu na direção de Idris, batendo no topo da mesa duas vezes para chamar a atenção o regente para que ele conferisse.

Idris nem leu o conteúdo, só assinou no final e devolveu ao conselheiro, que fez uns gestos aproveitando que o regente não estava distraído com o menino "O que aconteceu ao seu selo?".

– Está perdido. – Idris respondeu, só então lembrando aquele detalhe. – Preciso de um novo.

"Eu já mandei fazer um novo. Quero saber como perdeu. Que criado estava cuidando do escritório?", a expressão de Radulf era de quem estava procurando alguém para punir e descontar parte do estresse que já estava passando.

– Não foi culpa dos criados, Radulf, não precisa puni-los. – ele respondeu, e Radulf estreitou o olhar em desaprovação.

"Foi culpa de quem, então?", o conselheiro já até esperava a resposta.

– Ele foi roubado.

Se Radulf estivesse segurando uma das penas naquele instante, certamente teria quebrado a peça. Ele fechou os olhos e contou mentalmente até dez para manter a paciência, enquanto Idris olhava dele para um Dargan ainda extremamente concentrado no papel. "Vou mandar trazerem o novo selo amanhã, encerramos aqui hoje", Radulf sinalizou e se levantou, segurando Dargan pela roupa para levantá-lo da mesa com facilidade e sob protestos.

Um Silêncio de 15 AnosOnde histórias criam vida. Descubra agora