II. Uma Realização Tardia

127 23 37
                                    

࿐ [+18] 

Já fazia três anos que Wafula tinha pedido a Idris para colocar o selo de proteção em Radulf. Naqueles três anos eles não tiveram nenhuma situação de guerra grave ou invasão que pudesse colocar aquele selo à prova, por isso o general já tinha esquecido que quando ele descobrisse, a retaliação seria impiedosa.

A última coisa que Wafula tinha calculado, entretanto, era que a resposta de Radulf para a sua atitude super-protetora fosse um "idiota", seguido de um beijo muito ardente que nem imaginava onde o outro tinha aprendido. E antes que ele tivesse chance de calcular os próximos passos, já estava entregue aos toques do, então, companheiro de exército.

Wafula passou os braços em volta do corpo de Radulf, pouco se importando com o suor e o cheiro de sangue. Os dois já estavam acostumados até demais com aquele estado pós-batalha, e embora conhecesse bastante do corpo alheio, nunca tinha sentido a textura, os músculos firmes, o calor tão de perto. E não bastasse estar à mercê daquela gama de sensações, Radulf parecia saber muito bem o que estava fazendo, enquanto lhe segurava o rosto, puxando-lhe o queixo para baixo para invadir sua boca com a língua, provocando uma sensação de calor e excitação tão intensa que Wafula não lembrava a última vez em que tinha experimentado.

O general perdeu completamente a noção do tempo e do espaço, até que Radulf cessou o beijo tão urgente quanto tinha começado. Ele lambeu o canto dos lábios avermelhados, encarando Wafula de baixo, que sentiu um arrepio percorrer a nuca com a visão breve. Ele sequer percebeu que ainda estava com os braços firmes em volta do corpo de Radulf, e só quando o mais novo fez um sinal com a cabeça foi que ele percebeu que o estava segurando.

– Ah... desculpe. – Wafula se desculpou, mas só viu um rodar de olhos do outro em sua direção.

Radulf lhe segurou o antebraço e puxou até o outro lado da tenda, mais especificamente até a cama, empurrando-lhe para que se sentasse no colchão que devia ser o mais confortável do acampamento todo, considerando que era a tenda do rei. Só então que Wafula pareceu lembrar daquele detalhe importante.

– Espere, Rad, o que está pensando...?

A única resposta de Radulf foi um arquear de sobrancelhas de quem estava incrédulo com uma pergunta tão óbvia. Ele se adiantou para apoiar um joelho entre as pernas de Wafula e curvou o corpo até tomar os lábios do general mais uma vez, agora numa postura mais confortável já que não precisava manter o rosto erguido por causa da diferença de altura. E não perdeu muito tempo, as mãos que estavam antes no rosto de Wafula desceram pelo pescoço largo, os ombros, procurando o fecho da roupa para desatar. Por um instante, Wafula se deixou levar pelo beijo intenso que lhe despertava sensações novas e excitantes, mas quando sentiu a mão de Radulf descendo por dentro da sua roupa, mais uma vez foi lembrado do detalhe de onde os dois estavam e segurou o pulso alheio.

Espere, Rad, o Idris...

Radulf se afastou para, de novo, lamber os lábios num gesto que Wafula descobriu gostar muito de ver. Ele levou uma das mãos até a própria roupa e começou a abrir a gola também, o que fez o corpo de Wafula reagir imediatamente. Mas ele ainda retomou o local e a situação.

– O Idris vai voltar a qualquer-

Wafula se calou diante de dois movimentos muito simples de Radulf para dizer "ele" e "embora". E antes que o general pudesse processar a informação, Radulf tinha lhe empurrado pelo peito, fazendo-lhe deitar na cama grande e se sentando convenientemente na altura dos quadris do outro. Um sorriso convencido surgiu no rosto do conselheiro ao sentir o volume semi-ereto sob si, satisfeito ao ver a expressão de Wafula que soltou um suspiro bem sonoro com o contato muito direto dos corpos. Radulf tirou uma das camadas de roupa e antes de continuar, fez uma série de movimentos com as mãos: "o problema era o Idris? Ou você quer parar?".

Um Silêncio de 15 AnosOnde histórias criam vida. Descubra agora