V. Uma Ameaça de Guerra [XXXVII]

52 15 10
                                    

O incômodo com a cavalgada até o palacete pareceu a menor das preocupações de Radulf quando ele chegou ao prédio e foi abordado logo por Andras fazendo uma curta reverência em cumprimento.

– Vossa excelência recebeu a carta de Táhir? – o assistente perguntou.

"Sim. Não são boas notícias, coloque na agenda para convocar uma reunião com os nobres. Mandei o mensageiro levar a carta até o Wafula, ele deve chegar em breve para discutirmos os assuntos militares". Radulf seguiu andando a passos largos na direção do próprio escritório, enquanto Andras apenas acompanhava o passo, fazendo acenos em concordância para as informações do conselheiro. "Já recebemos resposta de Faris?".

– Ainda não, excelência, mas as negociações estão equilibradas, creio que devemos receber algum mensageiro nos próximos dias. – respondeu Andras.

"Bom. O que quer que esteja acontecendo em Táhir, não podemos deixar que eles tenham o apoio do oeste, senão isso vai sair de proporção. E Faris também não pode saber da situação com Táhir ou vão tentar se aproveitar, então marque a reunião do conselho só depois de recebermos a confirmação dos acordos com o regente de Faris", o conselheiro seguiu explicando.

– Como quiser, excelência. – Andras só parou de andar quando já tinham chegado ao escritório em que Radulf entrou primeiro. O conselheiro parou antes de alcançar a própria mesa e se voltou para o secretário.

"Convoque Tinashe agora mesmo", ele ordenou "E volte para me repassar todos os relatórios das fronteiras do norte".

Andras concordou mais uma vez e deixou a sala para resolver o primeiro assunto que tinha sido pedido. Em poucos instantes, o homem retornou à sala trazendo consigo uma pilha de papeis com informações dos relatórios das fronteiras norte que tinham sido providenciados por Wafula durante a vistoria.

Radulf começou a rever os relatórios um a um, com a ajuda de Andras para lhe resumir o que os outros funcionários do palacete já tinham listado de informações importantes em cada um. Não demorou muito para que o conselheiro percebesse, entre as avaliações, que era tudo voltado para a manutenção das fortalezas e dos soldados que protegiam as fronteiras, com pouca informação sobre o que, de fato, estava acontecendo no reino ao norte.

Ele tinha revisado as informações das três fortalezas apenas superficialmente quando o barulho da porta se abrindo sem aviso anunciou a chegada exagerada de Wafula com um pequeno furacão de cabelos vermelhos que passou correndo por entre as pernas do general.

– Pai Rad, pai, pai, pai! Cê tá doente?! Que que cê tem?! Eu vem cuidar de você! – Dargan correu por baixo da mesa para se jogar nas pernas de Radulf que conteve uma careta de desagrado com a dor incômoda nos quadris e acabou lançando um olhar de desagrado para Wafula.

"Esqueceu o que eu disse sobre o Dargan?", Radulf sinalizou para Wafula, que só deu de ombros e se aproximou, Andras fazendo-lhe um sinal com a cabeça em cumprimento.

– Ele descobriu que o pai Rad estava doente, quase não segurei quando ele saiu correndo do castelo. – Wafula respondeu, com uma expressão de satisfação ao se aproximar e deixar a carta que tinha recebido sobre a mesa. – Como está se sentindo?

"Estou bem, temos coisas mais importantes pra resolver", respondeu Radulf, voltando a atenção para Dargan. "Por que não vai com o Andras e me traz um chá? Preciso de chá para ficar melhor".

– Tá, eu vai! – Dargan saltou das pernas de Radulf para o chão, passando por baixo da mesa a milímetros de bater a cabeça no tampo, para correr até o funcionário que seguiu a ordem do conselheiro para sair da sala na companhia do garoto.

Um Silêncio de 15 AnosOnde histórias criam vida. Descubra agora