࿐ Wafula ࿐

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Quase dez dias tinham se passado desde a breve aventura de Radulf e Dargan no rio e da partida para Brymoor do ladrão

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Quase dez dias tinham se passado desde a breve aventura de Radulf e Dargan no rio e da partida para Brymoor do ladrão. Idris estava tão disposto e acessível quanto estivera antes da chegada de Kieran, cada vez mais distante e de volta ao ânimo de uma pessoa verdadeiramente acostumada a estar sozinha. Talvez só a presença breve de Dargan o deixasse um pouco mais distraído e até Radulf começou a pensar que a presença do ladrão até então não tinha sido tão ruim. Wafula, inclusive, fez questão de reforçar aquilo várias e várias vezes enquanto não partia para o norte e precisou se desviar de alguns ataques pouco calculados de Radulf por sugerir que a presença de Kieran tinha sido algo positivo.

Mas Radulf estava finalmente recuperado do pé e já conseguia fazer tudo sozinho, inclusive montar o cavalo. Depois de ter passado dez dias só no castelo para não se esforçar e fazer companhia ao regente, ele mudou o destino naquela manhã para o palacete, enquanto Wafula ficava responsável por levar Dargan até o castelo e repassar algumas informações com o rei antes da sua longa jornada pelas fronteiras do norte e do oeste.

O general chegou ao castelo com a disposição costumeira, conversando com os criados ao longo dos corredores extensos enquanto Dargan já se perdia entre as grandes salas para dificultar a vida de Seti. O que ele não esperava, no meio do seu trajeto até o quarto de Idris, era encontrar uma pessoa que não fazia parte da criadagem. Na verdade, fazia parte dos soldados com que ele e Radulf estavam bem acostumados.

– Ora, ora, ora. Que visão mais inesperada a essa hora da manhã no castelo de Arcallis! – Wafula fez questão de se colocar no caminho de uma mulher negra, de estatura baixa, cabelos longos e ondulados e o olhar afiado que bem lembrava o de Radulf quando estava prestes a matar alguém.

– Senhor general. – a mulher fez uma reverência curta em respeito e voltou à postura ereta, tão rígida que ela podia se confundir com uma estátua.

– O que anda fazendo no castelo, Tinashe? Veio rezar direto na fonte? – ele deu uma risada generosa e notou o crispar de lábios discreto da mulher.

– Não, senhor, eu fui convocada. – a mulher respondeu, direta, o que colocou uma expressão um pouco mais surpresa em Wafula.

– Convocada? Pessoalmente?

– Sim, senhor general.

– Bom, o Rad não está aqui hoje, e você responde diretamente a ele, então... a única pessoa com mais status para lhe convocar pessoalmente só pode ser o Idris.

A constatação lógica fez com que os lábios da morena se crispassem mais forte. Wafula teve certeza de ouvir um estalar de ossos quando ela pressionou as duas mãos diante do corpo com força demais, o corpo todo quase tremendo como se ela estivesse contendo a raiva. Ele não fez mais do que manter o sorriso largo no rosto até Tinashe soltar todo o ar dos pulmões e fechar os olhos por um instante, como se contasse até dez para manter a razão.

– Por favor, senhor general, evite se dirigir a Vossa Santidade de um jeito tão íntimo.

– Bah, ele não liga, ele não liga, Tina. – Wafula se aproximou e deu uns tapas firmes no ombro da mulher que sequer cedeu da postura, mesmo com o peso da mão do general. A expressão dela não demonstrava nenhuma aceitação ao comentário anterior. – Mas então, é novidade ele te convocar pessoalmente, o que é que ele queria?

Um Silêncio de 15 AnosOnde histórias criam vida. Descubra agora