Capítulo 62

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[Victor Augusto]

Eu ainda estava no banho quando escutei Barbara entrando no quarto.
Victor: tô no chuveiro — falei gritando — escolhe um filme aí!
Desliguei a água e me sequei, acabei de  vestir uma calça de moletom e saí do banho com o cabelo ainda bagunçado encontrando Babi jogada na cama.
Victor: escolheu? — falei me ajeitando perto dela.
Babi: que cheiro bom — ela disse se aninhando no meu peito — o gosto é tão bom quanto o cheiro?
Victor: quer provar? — falei provocando. E ela veio, não perdeu tempo algum se sentando em meu colo e me puxando pro beijo que só ela sabia conduzir tão bem. Aquele beijo lento, menos eletrizante como os outros, era um beijo que as vezes era impossível não deixar escapar um gemido entre as poucas vezes que descolávamos nossos lábios um do outro. O beijo foi evoluindo cada vez mais, mas dada a conversa que tivemos hoje, presumi que não se passava de um beijo quente como os outros. Não vou força-la, quero que ela pegue a confiança necessária pra isso. Quando o beijo começou a ganhar outro ritmo, um ritmo que seria difícil para nós dois, descolei nossos lábios.
Victor: ei, esfomeada. E o filme? — falei pegando o controle pra realmente escolher algum. Ela ficou um pouco sem graça, mas logo voltou a deitar sobre meu peito. Fazendo carinho em seus cabelos, ficamos ali quietos vendo nosso filme.

[Bárbara Passos]

Me senti uma completa idiota quando Victor interrompeu nosso beijo quente. Ele não queria? Pensei que depois do que aconteceu hoje no ônibus e nossa conversa tinha, sei lá, despertado o desejo nele, mas entendi errado, provavelmente. Fingi não ter me afetado tanto, mas meu rosto ainda queimava de desejo. Me aninhei em seus braços pra assistir o filme, ele continuou mexendo no meu cabelo até a metade dele e a única coisa que eu pensava era naqueles dedos percorrendo meu corpo. Merda! Se concentra, Bárbara.
Victor: to quase apagando aqui — disse me forçando a olhar pra cima. Sorri encontrando seu rosto cansado com os olhos quase se fechando.
Babi: melhor eu ir então — falei me levantando, porém eu não contava com um puxão dele logo em seguida.
Victor: vem cá, deixa eu sentir um pouco mais do seu cheiro pra dormir melhor — disse e me puxou ainda mais perto de seu rosto. Victor ficou me olhando com um sorrisinho. Aquele sorriso. Seus olhos se prenderam na minha boca enquanto ele acariciava com seu polegar — eu te amo, Bárbara.
Sem me deixar responder, Victor segurou meu rosto e colou nossos corpos. Minha boca se encontrou com a sua em um beijo tão bom quanto os outros, sua língua procurava pela minha enquanto suas mãos deslizavam pra dentro do meu cabelo. Puxando meu cabelo pra trás, Victor terminou nosso beijo com uma sequência de mais outros até meu pescoço. Me afastei assim que ele deu seu último, fiquei de pé em frente a cama incapaz de me soltar dele, então continuei segurando uma de suas mãos.
Victor: tem planos pra amanhã?
Babi: não tenho, podemos fazer algo nós dois — falei me esquecendo completamente do que marquei com Vini e Carol.

Depois que voltei da casa do Victor desmontei na minha cama, acordei no dia seguinte grogue ainda. Peguei meu celular pra ver as horas, aproveitei e chequei minhas redes sociais. Fiquei enrolando pra levantar até perceber que já eram quase duas da tarde. Eu juro que me esforço pra ser menos preguiçosa. Às vezes da certo. Desci pra pegar algo pra comer e voltei pra cama, respondi algumas mensagens antes de começar a assistir La casa de papel, quando começo uma série me perco nela, esqueço completamente que ainda pertenço a um mundo. Dito e feito, fiquei maratonando até uma mensagem nova aparecer na tela do meu celular e me fazer finalmente ver as horas. Já eram quase oito da noite. Desbloqueei a tela pra ver de quem era a mensagem: Vini. MERDA! NOSSO ROLÊ! Não acredito que esqueci completamente disso, ele tinha marcado as 20:30 pra buscar eu e Carol. Nem pude avisar Victor pra onde eu iria, talvez quando eu acabar de me arrumar consiga um tempo pra isso. Corri pro banho, com menos de 10 minutos eu já havia terminado. Separei uma roupa coringa no meu guarda-roupa e fui ajeitar meu cabelo. Não passei nada no rosto, Vini e Carol já me viram pior. Assim que terminei, poucos minutos depois Vini ligou dizendo que já estava la fora me esperando. Na correria esqueci meu celular em cima da cama, na hora não dei falta, mas chegando na casa da Carol percebi a burrada. Victor vai pensar que dormi no meio da série, mas ok.
Fomos pro lugar que Vini escolheu, perdemos a noção da hora colocando o papo em dia. Quando demos por nós já eram bem mais de 1 da manhã. Resolvemos pedir a conta pra irmos embora. Vini levou Carol pra casa e depois seguiu para a minha.
Vini: senti falta de vocês — disse estacionando em frente minha casa e retirando o cinto. Assenti, sorrindo.

Vini era um cavalheiro, mesmo sabendo que eu não me importava com essas coisinhas, ele sempre fazia questão de me acompanhar até a porta. Era um costume dele, é um amigo extremamente protetor.
Vini: Bom, ta entregue. Certeza que ta bem em ficar sozinha aqui? — disse olhando o breu que estava minha casa por dentro. Acompanhei seu olhar.
Babi: já estou acostumada em ficar sozinha — falei me virando pra ele. Vini: Beleza, se cuida e vê se não some mais, viu? — falou e me deu um beijo singelo no rosto e um abraço apertado.
Babi: digo o mesmo pra você — falei piscando.
Observei ele voltar até o carro e esperei até que desse partida. Acenei e logo fechei a porta quando perdi seu carro de vista. Subi pro meu quarto pra me trocar, mas assim que acabei de tirar meus tênis escutei uma batida na porta lá de baixo.

Desci as escadas um pouco cautelosa, abri uma fresta da porta pra poder ver quem era antes de abrir totalmente e me deparo com Victor. Senti um alívio enorme ao vê-lo, mesmo sabendo que se fosse um ladrão ou algo do tipo não teria lógica eles baterem na porta né?
Babi: Victor — falei abraçando-o — você me assustou.
Ele se afastou rudemente tirando meus braços de seu corpo.
Babi: o que foi?
Victor: então é isso? — disse com uma expressão séria, ele passava diversas vezes as mãos em seus cabelos deixando-os ainda mais bagunçados — não tinha planos pra hoje, não é?
Babi: eu me esqueci completamente, me desculpa, eu ia te avisar — falei tentando toca-lo, mas ele recuou. Ele não fazia isso.
Victor: não vem com essa, Bárbara. Eu vi vocês dois, vi ele te deixando em casa, vi ele te beijando — disse e já estava visivelmente irritado — Porra, Bárbara! Você acha que sou otario?
Eu não estava entendo o motivo desse descontrole, o que ele viu demais? Vini e eu sempre nos tratamos com respeito e hoje não foi diferente.
Babi: você entendeu tudo errado — falei novamente tentando me aproximar dele.
Victor: eu achei que você fosse diferente — ouvir isso depois dele praticamente cuspir tudo aquilo e não me deixar explicar a história hora nenhuma fez meu sangue ferver.
Babi: ah é, Victor? E o que exatamente você viu? — falei cruzando os braços. Adoraria saber o que ele iria falar, mas não deixei isso acontecer — um beijo no rosto? Um simples abraço de despedida? Não foi isso que viu, não é?
Ele murmurou algo, dei alguns passos até ele e continuei o que eu tinha pra falar — oh, claro que não. Sua mente fez você ver outra coisa, estou certa? — ele parecia finalmente deixar a raiva esvair deixando espaço para um flash de lucidez finalmente. Arrisco dizer que podia ver um vislumbre de arrependimento na expressão em seu rosto.
Babi: sofri com um relacionamento possessivo e ciumento durante anos, Victor. Não vou suportar isso mais uma vez — derramei as palavras olhando diretamente em seus olhos.

Babi: sabe mais o que? Eu não sou igual as outras, mas eu deveria ser — me afastei virando de costas pra ele com um sorriso sarcástico no rosto — eu deveria sair com minhas amigas, ficar estremamente bebada e voltar pra casa beeeeem tarde, você não acha? — perguntei, agora me virando pra captar o efeito das minhas palavras em seu rosto. Uma veia de seu pescoço saltou, percebi sua mandíbula se apertando juntamente com seus punhos logo abaixo.
Victor: Acabou? — falou seco.
Babi: não, eu não acabei. Talvez eu devesse também usar umas roupas mais curtinhas não acha? Mostrar o que tenho de bom...eu não tenho nada contra quem preferia usar roupas que mostrassem um pouco mais da pele, ou mulheres que possuem mais liberdade e fazem o que bem entendem, eu as admiro, mas falei justamente pra provocar raiva em Victor.
Victor: agora acabou? Porque se calar a porra da boca por um minuto eu gostaria de falar, pra variar — sua voz era firme e me fez recuar arregalando os olhos.
Babi: você me mandou calar a porra da boca? — Victor abaixou a cabeça e em seguida olhou em meus olhos.
Victor: não quero ouvir você falando sobre sair e fazer merda ou mostrar mais partes do seu corpo para esses idiotas que te secam a aula inteira. Então sim, cale a porra da boca por um minuto.
Babi: eu não vou me calar só porque você... — Victor me interrompeu com um rosnado e então quando percebi sua boca estava sob a minha.

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