Capítulo 10

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[Bárbara Passos]

Resolvi ir até a praça que Victor me levou aquela noite, precisava colocar os pensamentos no lugar. Estava tudo tão estranho. Meus pais ficavam mais no trabalho do que em casa, e eu nunca liguei muito pra isso, me acostumei a ficar sozinha. Mas sinto falta de desabafar sobre a vida com minha mãe, ela é a única em quem confio para me abrir dessa forma. Meu relacionamento cada dia que passa fica pior, Bruno não me atende mais, sempre da uma desculpa. Sinceramente, não sei o que aconteceu, mas tudo esfriou entre nós. E era isso que eu mais temia.

Me arrumei, chamei um uber e ele me levou até a praça. Chegando lá, caminhando entre os grandes e coloridos ipês, percebi que Victor estava sentado em um banco no final da praça, estava de costas pra mim. Por que sempre nos encontramos assim? No mercado, na faculdade, na festa e aqui. Sempre uma coincidência.
Me aproximei, logo ele se virou quando o chamei. Me sentei do seu lado e então ficamos conversando até anoitecer.
Victor: você veio de carro? — ele disse se levantando.
Babi: uber.
Victor: quer uma carona então, vizinha?
Babi: ainda não aceitei o fato de você morar no mesmo bairro que eu — falei me levantando também.
Victor pegou skar no colo e assim caminhamos de volta até seu carro. Ele abriu a porta pra mim — que cavalheiro, nossa! — falei debochando.
Victor sorriu, concordando.
Seguimos. Quando estávamos nos aproximando do nosso bairro, skar subiu pro me colo me assustando, aproveitei para fazer carinho nela, parecia hipnotizada.
Victor: olha eu não sei o que você fez, mas vai ter que me ensinar — disse nos olhando de relance enquanto dirigia.
Babi: o que?perguntei sem entender o que eu havia feito.
Victor: essa cachorra tem uma espécie de demônio dentro dela que não faz ela parar nem por um minuto.
Babi: que horror! — falei rindo.
Victor sorriu e estacionou o carro um pouco antes da minha casa.
Victor: moro aqui, bem perto da sua casa — ele disse apontando pra uma casa branca, simples, mas bonita.
Babi: mais perto do que eu imaginava, não esperava por isso — ele, literalmente, era meu vizinho já que nossas casas estavam separadas por apenas umas outras cinco. Isso me assustou.
Victor: vamos andando? vou ter que deixar a skar fazer suas necessidades antes de colocar ela pra dentro.
Concordei com a cabeça e logo começamos a caminhar até minha casa.

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