Capítulo 76

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[Bárbara Passos]

Depois que passamos quase meia hora observando aquele lago, o vento frio estava me fazendo ter calafrios mesmo com a blusa de Victor sobre mim. Seu cheiro estava nela, e isso estava me matando.
Babi: eu já vou — falei me levantando e tirando seu casaco de minhas costas.
Victor: fica com ele — disse não me deixando tirar seu casaco — vai ter tempo para me entregar de volta.
Assenti e me virei indo em direção à rua para caminhar de volta até minha casa, em outras circunstâncias eu insistiria, ficaria ali discutindo por ser bastante orgulhosa, mas não hoje, não agora. Eu já estava quase saindo de sua linha de visão enquanto ele continuava lá parado.
Victor: Bárbara — disse baixo mas não o bastante para eu não escutar.
Me virei no mesmo instante para encara-lo.
Babi: sim? — seus olhos se moviam por toda a extensão do meu corpo, parando novamente em meu rosto. Ele se aproximou de mim em passos lentos que me davam a oportunidade de olhar com mais calma pros olhos escuros que pareciam me enxergar nua dada a profundidade deles. Sua respiração estava desregulada, parecia nervoso.
Quando estava a poucos centímetros de mim, eu já havia perdido todo meu autocontrole. Encarei sua boca assim como ele estava encarando a minha. Ele fechou os olhos, apertando-os como se quisesse resistir a algo. Abrindo-os de novo, sua respiração havia normalizado e pude perceber em sua expressão certa frustração.
Victor: só... — ele fez uma pausa direcionando seu olhar ao chão — só tome cuidado tá? — disse e se afastou.
Eu fiquei ali, imóvel, me perguntando se seu aviso de cuidado era sobre voltar pra casa sozinha ou sobre estar tendo esperanças em te-lo de volta pra mim.

[Victor Augusto]


O que deu em mim? Quase perdi toda a sanidade que ainda me restava quando chamei Bárbara. Me aproximei dela com um único objetivo depois que meus olhos famintos passearam por todo seu corpo. Deus, eu precisava ir embora o quanto antes, não quero fazer nada que machuque Mariah, e muito menos Bárbara.
Naquele mesmo instante peguei meu celular do bolso e disquei seu número. Queria saber se já haviam chegado, se ela estava bem. Mas a verdade era pra tentar afastar todos os pensamentos impuros sobre a boca de Bárbara da minha mente.

call on • Mariah:

Mariah: Oi, meu amor. Acabei de chegar. Já estava quase te ligando — ela riu.
Victor: que bom, meu bem. Fez boa viagem?
Mariah: dormi a maior parte do tempo, seus pais me deixaram em casa —
escutei um suspiro do outro lado da linha — e como está por aí?
Victor: bem — r
espondi rápido, ela nem imaginava como tudo parecia estar bagunçado — sua voz parece cansada, durma um pouco. Mais tarde te ligo.
Mariah: farei isso. Já sinto sua falta, volte logo pra mim.
Victor: vou voltar.

call off

Eu não a merecia, nunca mereci.
No momento eu me odiava por ter a envolvido nisso, dois anos atrás eu realmente achei que Bárbara não me afetava mais, acreditei que tudo aquilo que vivemos não passou de uma simples historia de verão, aquelas que você vai se lembrar sempre, mas que não vão lhe impedir de conhecer um novo amor. E eu encontrei, realmente encontrei nela tudo que eu precisava naqueles dias, semanas e meses que se sucederam. Mariah sempre foi um raio de sol em dias chuvosos. Cabelos loiros, pele clara como a neve e um sorriso que iluminava a vida de qualquer um que a tivesse do lado. Ela é incrivelmente bem humorada e sempre disposta a fazer tudo pra te ver bem. Eu tinha exatamente tudo ao meu lado e mesmo assim me sentia vazio.

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