Capítulo 7

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[Victor Augusto]

Entramos no carro, durante o trajeto ficamos um bom tempo em silêncio. Ela só olhava pela janela, completamente perdida em seus pensamentos. Já estava ficando agoniado então tentei, de algum jeito, puxar assunto.
Victor: está se sentindo melhor agora? — ela só assentiu sem nem mesmo me olhar — sei que não me conhece ao ponto de sermos amigos, mas posso garantir que sou uma pessoa legal — falei tentando amenizar o clima estranho ali.
Babi: eu sei — ela me olhou e sorriu de canto.
Victor: você cursa o que?perguntei.
Babi: direito, e você? — ela falou parecendo se animar
Victor: administração.
Babi: você não tem cara de quem faz administração — disse rindo.
Victor: e você fala como se tivesse tamanho para fazer direito, não é?
Babi: nossa, essa doeu — fez cara de brava, mas logo um pequeno sorriso apareceu em seu rosto novamente.
Victor: já estamos chegando perto do bairro que me passou — dei uma pausa, olhei pra ela quando estávamos parados no sinal — quer ir comer alguma coisa antes de eu te deixar em sua casa?
Babi: acabou de me conhecer e já sabe meu ponto fraco? — ela me olhou cruzando os braços. Ri dessa pose.
Victor: vou encarar isso como um sim.
Babi: foi um sim — falou com um sorriso de orelha a orelha no rosto. E que sorriso.
Mudei a rota do GPS e fomos até o shopping mais próximo. Chegando lá, pedimos nossos lanches e enquanto esperávamos ficar pronto resolvemos andar pelo shopping. Praticamente todas as lojas estavam fechadas, naquela hora da noite não tinha quase ninguém por ali. Apenas eu e ela, andando enquanto olhávamos as vitrines em um completo silêncio.
Babi: você acredita em destino? — ela pergunta olhando para uma das vitrines de uma loja, o fundo estava escuro dando para refletir nós dois, quase que como um espelho.
Victor: por que a pergunta?falei parando.
Ela fez silêncio por uns segundos, quando ameaçou falar, nossos olhares se fixaram pelo reflexo no vidro.
Babi: é louco e geralmente não costumo acreditar nesse tipo de coisa, mas acho que foi destino a gente se encontrar.
Ainda estávamos com o olhar fixo um no outro, quando ela se virou de repente ficando de frente para mim — você também não sai da minha mente.

Seus olhos vidrados nos meus, suas palavras ecoaram na minha cabeça. Não consegui responder de imediato, mas ela também não me deu tempo. Logo continuou andando, assim voltamos para pegar nossos lanches.
Babi: vamos comer no carro ou aqui mesmo? — ela disse olhando em volta.
Victor: vou te levar em um lugar, a gente come quando chegar lá — falei a puxando pela mão — você vem, não é?
Ela assentiu sem hesitação. Entramos no carro e logo dei partida. Bárbara pegou as batatas e começou a comer pelo caminho, sem esperar chegarmos no lugar que falei.
Babi: eu te conheço a menos de 24 horas e estou deixando você me levar para um lugar que nem devo conhecer — disse colocando outra batata na boca parecendo repensar em ter aceitado.
Victor: confia em mim.
Babi: e se você for um sequestrador?
Victor: não sou.
Babi: um estuprador?
Victor: se eu fosse porque eu te falaria?encarei seu rosto por alguns segundos.
Babi: é, você tem um ponto — disse e voltou seu olhar para a janela.
Depois de um tempo, chegamos no lugar em que eu tinha falado. Era uma praça, rodeada por ipês, que enfeitavam o lugar com cores lindas e vivas. Haviam vários bancos, mesas de xadrez e até um pequeno parquinho, apenas com balanços e um escorregador. Ela desceu do carro e de imediato, a julgar por sua expressão, pareceu gostar do lugar.
Victor: isso aqui é ainda mais lindo de dia — falei atras dela, quando notei o quanto ela estava encantada.
Babi: como achou esse lugar? — ela disse se virando pra mim e logo indo até uma das mesas de xadrez deixando nossos lanches.
Victor: faz parte da minha infância.
Babi: é lindo — disse me olhando com aquele sorriso de antes.
Barbara se sentou de frente pra mim, voltando a comer. Ela parecia finalmente ter deixado o acontecido de lado. Estávamos quietos, quando do nada ela puxou um assunto em meio aquele sorriso.

Babi: você namora?
Victor: o. Nunca namorei — falei estranhando.
Babi: que mentiraesnobou — você? Nunca namorou?
Victor: nunca. O que tem de errado nisso?
Babi: sei lá, você é todo atencioso, bonito, sabe conversar com uma garota...
Victor: ah é? — falei debochando quando percebi seu rosto ficando ruborizado — e você namora a quantos anos?
Babi: como sabe que tenho namorado?
Victor: não sabia, apenas, ahn, foi um chute — falei me atrapalhando — só deduzi, uma mulher como você não fica solteira por muito tempo.

Babi: Victor Augusto, corta essa. Sei que me stalkeou — ela disse cutucando meu braço sobre a mesa.
Victor: tudo bem, você me descobriu — levantei os braços em sinal de rendição. — seu perfil apareceu como sugestão no instagram e eu entrei, satisfeita?
Ela me olhou desconfiada, mas aceitou.
Babi: namoro ja vai fazer sete anos — seu tom de voz não tinha nenhum entusiasmo.
Victor: amor de infância?
Babi: sim, ele era meu vizinho — seu tom de voz era triste.
Victor: era? — perguntei, curioso.
Babi: ele se mudou pra outro país, passou em uma faculdade que era o sonho dele. Ele só tem a mãe e uma irmã, então eles foram juntos.
Victor: vocês se veem com frequência?
Babi: a última vez que vi ele foi a 8 meses atrás.

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