Capítulo 45: momento certo.

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[Victor Augusto]

Eu estava arrumando a cama quando meu celular vibrou em cima da mesa. Li a mensagem de Bárbara, respondi dizendo que a entendia e me ofereci caso ela precisasse conversar. Terminei de arrumar a cama e me deitei, com as mãos na cabeça olhando pro teto perdido nos meus pensamentos, estudando cada coisa que aconteceu. Me lembrei do beijo dela e do quanto ela parecia não querer se afastar. Eu entedia sua confusão, eu entendia ela e daria seu espaço. O que ela não sabia era que eu queria fazer parte disso, ajuda-la a entender. Depois de alguns minutos, finalmente adormeci.
Já eram quase dez da manhã, vi um vislumbre da minha mãe ajeitando a cortina e a luz vindo diretamente nos meus olhos.
Mãe do Victor: filho, levanta, vamos.
Me levantei, lavei meu rosto e desci pra comer alguma coisa. Mexendo no Instagram, uma foto da Babi apareceu. Era uma foto onde ela estava de olhos fechados sorrindo com a luz do sol batendo em seu rosto, na legenda era uma musica que falava sobre se sentir livre.
Sorri involuntariamente, Bárbara merece se sentir bem, de novo.

quatro semanas depois

Se passaram alguns dias depois do acontecido daquela noite. Barbara e eu ainda nos falamos, mas evitamos a parte dos sentimentos. Não forçamos nada, pelo contrário, está tudo leve entre nós dois. As vezes sinto que ela se afastou bem mais do que eu ou é boa em disfarçar seus desejos. Carol vai fazer uma festa em sua casa, comemorar seu aniversário. Fui convidado, estava me arrumando pra passar na casa de Bárbara. Passei um perfume e saí, queria impressionar ela. Ha dias que venho tentando controlar minha vontade de a beijar, porém quem se impressionou fui eu quando ela abriu a porta e caminhou até o carro. Seu jeitinho único era apaixonante, estava de calça estilo jogger e um cropped rendado preto. Seu cabelo de movia conforme seus passos. Quando entrou no carro sorrindo, seu perfume veio até a mim, fechei os olhos pra não perder o controle.

Babi: perfume novo? — ela disse se aproximando do meu pescoço — assenti — mais um pra eu roubar.
Victor: nem pensar, Bárbara Passos — ela tinha a estranha mania de se apossar das minhas coisas sem minha permissão — esse foi presente.
Babi: presente, entendi. De quem? — falou cruzando os braços, ciúmes?
Victor: de uma pessoa — fiz mistério, queria ver até aonde ela ia.
Dito e feito, ela não disfarçou os ciúmes evidente, se ajeitou no banco sem graça e não falou uma palavra se quer. Era a primeira vez em dias que ela demonstrava ainda sentir algo em relação a mim. Sorri em perceber isso.
Victor: dona Angélica, conhece? Ela quem me deu — notei que ela se animou novamente.
Babi: dessa vez passa, não vou te lotear — ela riu me olhando. Ah, Bárbara, como eu queria que você decidisse logo ser minha por inteiro.

Chegamos na festa, Bárbara saiu de perto de mim logo que entramos. Encontrei com Carol, conversamos até que Mob se aproximou.
Voltan: vou procurar a Babi — disse já se afastando de nós dois.
Mob: por falar nisso, qual seu lance com a Bárbara? — ele perguntou inocentemente, parecia.
Victor: somos amigos — falei prendendo meu olhar por cima dos ombros de Mob, ela estava logo atras dele conversando com Atena e Carol. Era difícil olhar em outra direção quando ela estava bem ali, incrivelmente linda.
Mob: amigos... — ele disse notando aonde meu olhar estava fixo.
Victor: vou pegar mais cerveja, quer? — negou, mas segui mesmo assim até o freezer.
Assim que cheguei na parte da cozinha onde estava o freezer, Milena me surpreendeu, ela estava ha semanas no meu pé. Passava o tempo inteiro da aula geminada com a turma dela conversando coisas aleatórias comigo. Ela era uma pessoa legal, engraçada, mas queria algo que eu não poderia dar.
Mih: estou sentindo que você vem me ignorando a alguns dias — suas palavras me pegaram de surpresa.
Victor: não é nada disso, Mi.
Mih: poxa, Victor. Eu gosto de você, seio que não percebe? — porque ela estava falando isso? Me senti desconfortável, ela nem me conhecia direito.
Victor: o que te leva a gostar de mim, Milena? Você nem ao menos sabe das coisas que gosto, só fala de você na maior parte do tempo.
Mih: claro que não, sei muita coisa sobre você — ela disse se atrapalhando um pouco.
Victor: a claro, então diz aí, você ao menos sabe minha cor preferida?
Mih: sei, claro que sei — ela insiste.
Victor: e qual é?
ela hesitou por uns instantes, mas logo respondeu minha pergunta.
Mih: é azul.
Suspiro em frustração, mas ouço uma voz logo atrás de mim — na verdade é preto — me viro e vejo Bárbara nos interromper — oi, Milena — Bárbara diz desafiadora ao olhar para a mulher em sua frente.

Milena suspira e se afasta dali.
Victor: valeu — falei finalmente pegando uma lata de cerveja — alias, como tem tanta certeza sobre minha cor favorita?
Babi: seu guarda-roupa só tem roupa preta, Victor — disse e revirou os olhos.
Victor: já parou pra pensar que talvez seja porque preto combina com tudo? — ela bufa e cruza os braços.
Babi: e qual sua cor preferida então?
Victor: é, bom, acho que é preto! — ela sorri.
Babi: viu? — disse piscando.
Prendi meu olhar em seu rosto, não consegui disfarçar como nas outras vezes e ela percebeu — o que foi? — ela disse talvez tentando entender meu olhar.
Victor: saudade de você— falei baixo.
Babi: mas a gente ta sempre junto, Victor
Victor: se esforce um pouco pra entender, Babi — falei e em seguida pisquei pra ela, segui pra fora da cozinha. Mais um minuto ali dentro, sozinho com ela, e eu a beijaria sem pensar nas consequências.

A festa estava no final, alguns já haviam ido embora, outros estavam mal nos sofás da sala. Eu, Babi e Carol estávamos organizando a casa, acabei de colocar o lixo todo em um saco. Babi já havia acabado também.
Babi: to só o pó — disse se jogando no sofá perto de Atena.
Victor: vamos? — falei segurando as chaves, ela assentiu e se levantou.
Me despedi da Carol, do pessoal e segui pro meu carro. Barbara veio logo atrás, estávamos conversando sobre o que rolou durante a festa, ela estava empolgada contando sobre o caso da Cris, quando sua expressão ficou séria der repente.
Babi: o que aconteceu ali? — ela disse apontando e tirando o cinto.
Imediatamente parei o carro no acostamento e fui ver o que era.
Victor: Bárbara, chama uma ambulância meu celular ta no banco do carro, VAI!! — pedi e desci o pequeno barranco na minha frente. Um carro havia literalmente arrancado a proteção da beirada da estrada e caído barranco abaixo, creio que capotou. Mas o que chamou minha atenção é que havia um senhor machucado deitado perto do carro destruído. Consegui chegar até ele, estava sangrando na cabeça, parecia não haver nenhuma fratura, mas não o toquei, pois haviam grandes chances de ter batido a cabeça muito forte e ter tido uma concussão.
Victor: senhor? Me escuta? — falei bem perto de seu rosto conferindo sua respiração, estava lenta — senhor, por favor, abra os olhos!
Barbara me gritou dizendo que já estavam a caminho, continuei tentando deixa-lo acordado. Ele piscou algumas vezes mas não conseguiu abrir totalmente os olhos, porem senti o aperto de sua mão sob a minha. Sorri.
Victor: o senhor vai ficar bem, aguenta mais um pouco, ouviu? Ta tudo bem! Eles já estão vindo — falei direcionando meu olhar para Bárbara que estava em cima um pouco nervosa.
Alguns minutos depois a ambulância chegou juntamente com uma viatura da policia. Saí de perto para que eles pudessem fazer seu trabalho, fui até Barbara e a abracei. Ela permaneceu em meus braços, assustada, analisando tudo que acontecia ali. Até que um policial veio até nós.

Policial: vocês presenciaram o acidente?
Victor: não, mas foi poucos minutos antes de passarmos aqui. Ele ainda tinha pouco sangue escorrendo — falei apertando ainda mais forte Bárbara.
O policial assentiu, fez mais algumas perguntas e se afastou.
Barbara: ei, pra qual hospital vão leva-lo? — ela perguntou indo atrás do policial. Ela conseguiu o nome do hospital e fomos pro carro.
Babi: espero que não tenha acontecido nada grave, eu quero ver ele — ela disse me olhando com os olhos um pouco molhados. Barbara sempre foi uma pessoa sensível, pura empatia. Sei o quanto ela deve estar aflita com essa situação.
Victor: vamos pra casa, você toma um banho, come alguma coisa e depois nós vamos até o hospital, ok? — ela concordou. Seguimos pra casa.
Deixei ela em sua porta, se despediu com um beijo no meu rosto.
Babi: vou demorar só uns 20 minutos — assenti e fui pra minha casa.
Subi correndo pro quarto, separei uma roupa e fui pro chuveiro. Que loucura, meu Deus!
Logo já estava pronto, nem comi nada, estava completamente sem fome. Peguei meu celular, bárbara havia mandado uma mensagem dizendo já estar pronta. Segui pra casa dela e depois pro hospital, Babi estava visivelmente preocupada, mesmo que não conhecesse aquele senhor. Eu também estava, aquele aperto na minha mão ficou na minha mente. Quero ver esse homem bem, creio que Deus nos colocou naquela estrada, naquele horário por um motivo: salva-lo.

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