Capítulo 74

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[Bárbara Passos]


Depois do jantar, ajudei meus pais a guardarem a louça e arrumar a mesa para ocupar minha mente e evitar deixar que meus pensamentos fossem todos relacionados a Victor e nossa pequena discussão de hoje. Havia tantas perguntas sem respostas na minha mente depois dessa noite. Estávamos conversando quando meu telefone começou a tocar. Era um número fora da minha agenda, atendi um pouco receosa.

call on • número desconhecido:

Babi: alô?
Luiz: boa noite, Bárbara. Espero não estar incomodando a senhora. Sou luiz, advogado da família do senhor Antônio. Podemos conversar?
Babi: a respeito de qual assunto, por favor?
Luiz: creio que a senhora desconhece as razões para esta conversa estar acontecendo, mas serei rápido. Senhor Antônio deixou uma parte de seus bens em seu nome. Estou disposto a encontra-la pessoalmente para melhor explicar todos os procedimentos e o que lhe pertence.
Babi: oh —
bens? Que bens? Eu estava confusa — sim, claro.
Luiz: posso encontrar a senhora no Vecchio Sogno, na quarta-feira, 18:00 horas?
Babi: Sim, estarei lá.
Luiz: tenha uma boa noite e meus pêsames por sua grande perda.
Babi: obrigada — respondi ainda inerte a aquilo tudo.

call off

Bens? Não fazia sentido Antônio ter me incluído da repartição de seus bens. Parei e pensei um pouco mais, claro. Antônio não tinha filhos. É, talvez faça algum sentido.
Me deitei pensando sobre isso, o que ele teria deixado pra mim além de uma saudade enorme que ainda dilacerava meu peito? Adormeci logo em seguida. Eu estava esgotada emocionalmente.

[Victor Augusto]


Meus pensamentos nas últimas horas estavam todos ao redor de Bárbara e eu me sentia ridículo por estar aqui com Mariah em meus braços com a mente em outra mulher. Eu sabia que no momento que eu voltasse, enfrentaria alguma situação complicada mas isso era extremamente difícil de se resolver e meu prazo era curto. Eu fiquei na defensiva, incapaz de acreditar que ela estava realmente solteira e nunca havia voltado com seu ex como eu pensei ao longo dos últimos dois anos. Querendo ou não, ela era passado. Nada mais que isso.

 Eu volto para Munique amanhã, domingo. Mariah e meus pais voltam ao trabalho logo pela manhã da segunda-feira. Essa foi uma viagem que eu e meus pais estávamos planejando para o final do ano, visitar nossos familiares era o desejo da minha mãe e então recebi a dura notícia de que Antônio havia falecido, tendo que adiantar essa tal viagem.
Adormeci logo depois exausto de tanto pensar. Eu realmente precisava manter meu foco. 
Mal fechei os olhos e logo feixes de luz incomodavam meu rosto pela manhã. Acordei com Mariah me observando.
Victor: muito tempo acordada? — falei a puxando para mais perto.
Mariah: alguns minutos, talvez — disse segurando uma de minhas mãos e a levantando pra cima de nossos rostos — como está com tudo isso?
Victor: sobre Antônio? — perguntei e logo ela assentiu — não sei, ainda um pouco atordoado.
Mariah: eu gostaria de poder ficar mais dias aqui, talvez se voltássemos algum dia seria bom, não acha?
Victor: prefiro ficar na Alemanha — falei ríspido. Talvez por impulso, ou medo de ter que lidar mais dias com Bárbara.
Mariah: ok então — disse rindo e logo depois mudou de assunto e eu a agradeci mentalmente por isso.
Descemos para comer algo antes de irmos para a casa de um parente que minha mãe insistiu que fossemos juntos. Descendo as escadas meu telefone toca no quarto.
Victor: baby, eu já desço — falei voltando para nosso quarto e a deixando ir sozinha até a parte de baixo da casa


call on • número desconhecido:

Victor: alô?
Luiz: bom dia, senhor Victor. Desculpe incomoda-lo tão cedo, sou Luiz. um dos advogados responsáveis por cuidar da parte da repartição de bens de Antônio. O senhor tem um minuto?
Victor: tudo bem, estou ouvindo — respondi um pouco surpreso com a ligação.
Luiz: bom, venho lhe informar que o senhor está incluído nessa repartição, portanto, preciso encontrar-lo pessoalmente para podermos tratar de toda a papelada e, claro, te deixar a par de todo o processo.
Victor: meu voo para Munique é hoje a noite, não podemos resolver tudo isso por telefone? — mesmo que eu estivesse curioso para saber o que Antônio havia deixado para mim, seria difícil permanecer aqui por mais alguns dias.
Luiz: Senhor Victor, lamento dizer, mas o assunto é complexo. Existe a possibilidade do senhor estender seus dias aqui no Brasil? É de extrema importância a presença do senhor aqui durante essa semana.
Victor: entendo, vou fazer o possível.
Luiz: caso consiga, me encontre quarta-feira no Vecchio Sogno, à 18:00. Lamento não ter outro dia mais próximo disponível para ajuda-lo. Desde já lhe agradeço por entender a situação.
Victor: estarei lá, obrigado.

call off

O que diabos Antônio teria deixado em meu nome de tão importante para eu precisar adiar minha volta para a Alemanha? Deus, era tudo que eu não precisava. Não quero ter que enfrentar Bárbara depois da noite passada, também tenho medo de cometer algum deslize sem Mariah por perto. Parabéns, seu velho teimoso. Me colocou numa bela de uma furada — falei sozinho olhando pro teto.

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