Capítulo 90: o peso de certas decisões.

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[Bárbara Passos]

Não me pergunte porque fiz isso. Nem mesmo eu acredito. Só fiz. Talvez a saudade tenha falado bem mais alto que minha razão pois sei que não deveria ter feito isso, sinto que estou traindo Bruno mesmo que não tenhamos nada. Sei que pelo menos devo respeito a ele por todo o cuidado que ele vem tendo comigo nos últimos meses. Mas foi inevitável, ter Victor de volta e tão perto e ter que resistir longos 4 dias esse homem era quase uma tortura.
Victor aprofundou ainda mais o beijo, sua mão passeava pelo meu corpo me fazendo arrepiar. Senti tanta falta desse toque, dessa pessoa. O calor de nossos corpos estava se misturando cada vez mais, senti sua mão passar por baixo da fenda do meu vestido me fazendo apertar os olhos. Eu estava fraca com seu toque, não tinha força alguma para impedi-lo de me ter ali mesmo. Eu já estava pronta para ele. Sem perceber seus dedos já estavam em contato com minha pele, com um carinho que me fez estremecer na minha coxa. Logo ele subiu, encontrando minha intimidade totalmente molhada. Não consegui controlar, meu corpo sempre me trai.
Victor: sempre pronta — disse com sua voz rouca e baixa perto do meu ouvido enquanto distribuía pequenos beijos em meu pescoço.
Eu estava inerte, toda a sensação que ele me fazia sentir estava me deixando fora de órbita naquele momento.
Ele voltou sua atenção ao meus lábios me beijando com desejo, eu quase não estava conseguindo acompanhar seu ritmo. Sua outra mão puxava forte meu cabelo me fazendo soltar leves grunhidos. Eu estava totalmente entregue a ele quando seus dedos deslizaram para dentro de mim me fazendo arfar. Isso não deveria estar acontecendo.
Victor continuou me provocando sensações que já fazia tempo que eu não sentia, pelo menos não tão intensas como essas. Ele continuou os movimentos, me fazendo respirar ofegante em seu pescoço.
Eu estava tão perto, mas isso não deveria estar acontecendo.
Babi: Victor, não... — falei quando a culpa aumentou. Ele parou no mesmo segundo, me olhando confuso.

Babi: me desculpa, eu não devia ter deixado isso acontecer tão rápido. Ainda me sinto presa a você, mas devo respeito a Bruno — falei, olhando em seus olhos — e principalmente a mim mesma.

[Victor Augusto]

Era nossa última noite na chácara, eu voltaria pra minha casa aqui em BH, mas ela voltaria pra sua cidade. Isso me deixa inseguro, pois sei que Bruno está por lá, meu sangue ferve só de imagina-lo perto da minha garota. Não consigo nem mesmo perguntar o que exatamente eles tem um com o outro agora, mas amor sei que não é. Ela pertence a mim, tive certeza disso com esse beijo. Sei que ela se entregou nele, era tudo que eu precisava pra saber se ainda dava tempo de ter ela de volta.
Victor: você vai voltar amanhã, não é? — perguntei, olhando atentamente em seu rosto. Ela assentiu, mas vi certo desconforto em sua expressão — não, eu não volto mais pra Alemanha.
Falei parecendo ler sua mente, pois no mesmo instante seus olhos que antes estavam focados na madeira do chão, agora me fitavam completamente acesos.
Victor: meu lugar é aqui, onde eu nunca deveria ter saído, e já consegui trabalho — falei levando o copo até minha boca.
Babi: isso é bom, Victor — disse estranhamente, era só isso?
Victor: qual o lance entre você e Bruno? — perguntei, mesmo que eu não esperasse o que ela estava prestes a me revelar.
Babi: eu e ele... — sibilou, nervosamente — nós ficamos algumas vezes durante essas semanas.
Victor: vocês ficaram... — falei seco, eu estava com raiva. Mais de mim do que dela, como eu poderia sentir raiva dela quando fui eu quem permitiu isso tudo? Toda essa merda era fodida. Imaginar aquele idiota com ela, passando a mão no corpo que pertence a mim e beijando a boca quente de Bárbara me deixava fora do eixo.
Babi: eu me entreguei a ele também, em uma noite — disse parecendo culpada.
Fechei os olhos tentando não descontar a raiva que eu estava sentido com toda essa situação que deixei acontecer, ela não merecia se sentir culpada por fazer isso quando eu a fiz pensar que não a desejava, que eu não a amava.
Victor: não tenho certeza de que queria saber disso — respondi baixo, sem coragem de encarar seu belo rosto — obrigado por me contar, mesmo que não precisasse me dar satisfações.

Respirei fundo, o silêncio estava me matando.
Victor: desde aquele dia na capela, percebi a merda que eu tinha feito envolvendo outra mulher nessa história mesmo sabendo que eu nunca conseguiria amar outra como amei você — dei uma pausa, tentando encontrar as palavras certas — e ainda amo, como um louco. Tanto que voltei pra Alemanha e nos meses que se seguiram a culpa não me deixou nem mesmo toca-la. E ela percebeu isso.
Babi: nós deixamos isso acontecer... — disse quase como um sussurro.
Victor: não, EU deixei isso acontecer — fechei meus olhos mais uma vez para conter a raiva ao imaginar os dois juntos, na cama — não se sinta culpada, uma parte de mim me preparou para escutar isso, mas mesmo assim não ameniza a raiva ou a torna mais fácil.
Babi: eu imagino, senti o mesmo quando te vi com ela.
Victor: eu preciso apenas... pensar nisso tudo, esfriar a cabeça. Tudo bem? Vai ser bom pra nós dois — perguntei, me aproximando de seu rosto. Ela assentiu, fechando os olhos. Deixei um beijo em sua testa e voltei pra chácara pegando as chaves do meu carro. Passei por ela novamente e depois dirigi sem rumo até depois de horas finalmente parar em minha casa, na cidade.

Talvez eu tenha sido muito severo e indiferente com ela. Afinal, ela não tinha que admitir nada. Babi estava apenas sendo honesta e eu praticamente a puni por isso. Mas não pude evitar minha reação. Realmente me irritou ela ter beijado e feito outras coisas com Bruno, isso me deixou com ciúmes pra caralho, e medo. Depois daquela noite pela manhã retornei a chácara, mas quando cheguei ela não estava mais lá. Fiquei frustrado por não ter chegado a tempo de sua partida, mas meu orgulho novamente não me deixou nem mesmo ligar para ela. Eu realmente queria colocar minha cabeça no lugar.

duas semanas depois

Passou-se alguns dias desde a conversa que tivemos naquela noite. Ainda não tive coragem de ligar para ela, por outro lado ela também não me deu nenhum sinal de que quisesse falar comigo. Me pergunto todos os dias se estou perdendo essa guerra.
Além de me preocupar com Bárbara, passo meus dias arrumando a casa e as papeladas do novo emprego. Minha vida em Belo Horizonte não se parece em nada como costumava ser na Alemanha, estou me acostumando a tudo novamente.
Eu estava conversando com um cliente pelo skype, quando percebo meu celular tocando. Era Carol, amiga de Bárbara. É estranho que ela esteja me ligando, não conversamos desde que me mudei para a europa. Preocupado, finalizei minha conversa com o cliente e retornei sua ligação.

Call on • Carol Voltan:

Victor: Carol?
Voltan: Victor, oi — seu tom era melancólico.
Victor: está tudo bem?
Voltan: na verdade não, Babi não sabe que estou ligando para você, mas pensei que deveria saber, agora que está perto, que ela está internada no hospital há três dias.
Victor: o que? O que aconteceu?
Voltan: ela tem pneumonia, fui ao seu apartamento para verificar-la depois que parou de atender minhas chamadas e a encontrei em mau estado. Ela me disse que sentia muita dor, então a levei para o Mont Sinai. De qualquer forma, ela ainda está aqui. Eles estão a bombeando com antibióticos e esteroides e não vão deixar ela sair daqui até que seus pulmões estejam limpos.
Victor: Porra, eu obviamente não tinha ideia nós... nós não estamos nos falando — falei com meus batimentos cardíacos fora de controle e uma onda de adrenalina disparando através de mim. De repente me sinto completamente indefeso ao saber que ela estava nesse estado.
Voltan: sei bem, ela estava muito confusa com isso. Ela me mataria se soubesse que estou te ligando agora, mas sinto que é o certo achei que você gostaria de saber.
Victor: você disse Mont Sinai? Me mande o endereço, por favor.
Voltan: vou mandar a localização. Ela está no quarto 805 se por acaso você puder vir até aqui.

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