Capítulo 1: olhares.

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[Barbara Passos]

Acordo com meu despertador praticamente gritando em meu ouvido. Fico sentada na cama, inerte, refletindo sobre a vida por alguns longos segundos. Mexo no celular esperando a hora de me atrasar. Me perco um pouco checando minhas redes sociais. Nada de interessante aconteceu enquanto eu dormia. E enfim levanto e vou até meu banheiro me arrumar. Coloco minha velha roupa de guerra, vulgo calça e casaco de moletom me arrumando pouco porque só tenho a intenção de ir ao centro pagar algumas coisas.
Desci até a cozinha, peguei somente uma barra de cereal e saí de casa.
Pelo caminho, enquanto dirigia não pude deixar de notar o dia bastante ensolarado que fazia e todo o movimento pelas ruas, em todo o canto.

Eu estava saindo do banco quando me lembrei que precisava comprar mais barras de cereais – depois que entrei na faculdade descobri que só funciono se eu estiver comendo algo – estaciono no mercado mais próximo e ando pelos corredores procurando o que eu preciso. Já na fila do caixa, distraída enquanto esperava a minha vez, meus olhos pousaram em uma pessoa na área externa do mercado. Em meio a tantas outras pessoas ali, eu não conseguia tirar os olhos dele. Era alto, possuía algumas poucas tatuagens visíveis e tinha um corpo perfeitamente alinhado. Eu ainda estava olhando fixamente para ele, quando nossos olhares se cruzaram. Senti um arrepio pelo corpo instantaneamente, quase que como um choque, o que me fez voltar para a realidade. Paguei a moça do caixa e, quando me virei, ele já havia sumido.
Voltei para casa e me joguei na minha cama. Hoje é começo de semestre. Não que eu não goste da faculdade, o curso de direito é incrível, mas puxado. Eu no meu auge dos 20 anos só quero curtir um pouco, mas também preciso ser alguém na vida — lembra sempre disso Bárbara Passos! — falei em voz alta pra realinhar meus pensamentos.
Enquanto eu arrumava algumas coisas no meu quarto, meus pensamentos me levaram até o cara do supermercado com quem troquei olhares mais cedo, aquilo pareceu tão intenso e é impossível que eu o encontre de novo. Mas mesmo assim a inquietação em meu peito continuava.
Sou despertada dos meus pensamentos com o som de mensagem do meu celular, era as meninas no grupo do whatsapp.

whatsapp on • Grupo: girl power

Atena: nem um pouco animada pra mais um semestre
Atena: to pensando em faltar
Voltan: nem pensa nisso, você vai sim
Cris: apoio faltar
Voltan: babi vc vai?
Voltan: babi
Voltan: babi

whatsapp off

Horas mais tarde, pronta para mais um dia de aula, peguei meu celular para checar se já estavam prontas. Elas desconheciam a palavra pontualidade.

Dirijo até a casa da Cris, que não estava atrasada – Obrigada, Senhor! – em seguida vamos até a casa da Voltan, dez minutos e nada dela abrir a porta. Até que finalmente ela resolve entrar no carro.

Babi: se arrumou como nunca e se atrasou como sempre né Carulina? — ela só me olha debochando.
Voltan: primeiro dia, calouros novos. É simples! — eu e Cris rimos.
Voltan é aquela amiga que adora sair, conhecer pessoas. É animada e sempre contagia a gente. Já eu e Atena somos mais na nossa. Cris é o meio termo.
Chegando na faculdade, encontramos com Atena. Deixo elas irem em direção à sala.
Babi: ei, preciso pegar alguns documentos na secretaria, encontro vocês na sala. — digo e logo vou andando em direção à secretaria, mas algo me impede de continuar.
Eu tinha quase certeza que isso era impossível de acontecer.

(oi, pessoa. Agradeço muito por ter encontrado essa história e espero que ela corresponda com suas expectativas. Boa leitura 💛)

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