[Victor Augusto]
Depois que Bárbara dormiu na ligação, continuei na linha a escutando respirar. Eu por outro lado, não consegui relaxar o corpo muito menos a mente pra enfim adormecer. Eu estava completamente perdido, sem saber o que fazer. Parte de mim sentia saudade dela, de dormir ao lado dela, de ter ela. A outra parte, a parte que ama Mariah gritava para que eu voltasse logo pra Alemanha antes que eu fizesse algo que a magoasse. Ela já sofreu tanto em mãos erradas, não quero ser mais um.
Na terça fui até a loja de reparos aqui do bairro e me mantive ocupado consertando algumas coisas da casa que meu pai havia comentado antes de ir embora. Como decidimos manter essa casa enquanto moramos em Munique, algumas coisas enferrujaram e outras acabaram por ter cupins destruindo. Essa foi a melhor ideia que tive, boa parte do dia evitei pensar em todo o caos que eu havia me metido, só simplesmente foquei em acabar todo o trabalho na casa. Era a única coisa que eu podia fazer enquanto estava aqui.
Pela noite, meu corpo estava completamente esgotado. Apaguei assim que cai na cama.
Quando acordei, uma leve dor nos ombros apareceu. Desci pra cozinha para preparar um café e tomar algum analgésico. Pela janela da cozinha vi Bárbara se aproximando da casa, com uma sacola em mãos junto de Batman. Fui até a porta, abri assim que ela ia bater.
Babi: puta merda — ela disse dando um passo pra trás — cara, você me assustou.
Victor: vi você chegando — peguei Batman de seu colo fazendo carinho nele — e aí, cara. Você está bem pesadinho, hein?
Babi: os dois sacos de ração todo mês que o diga — ela disse me fazendo sorrir.
Victor: quer entrar? Acabei de fazer um café — perguntei, mesmo sabendo que seria uma péssima ideia esse convite.Babi: não, na verdade, só vim trazer essa sacola de pães e aproveitei pra te trazer alguns casadinhos (N.A: um doce de massa fofinha com goiabada, pra quem não conhece) sei que você gostava quando morava aqui... — disse me entregando a sacola — enfim, eu já vou.
Victor: Bárbara, toma café comigo — ela me olhou de canto, apreensiva — você também gosta desses casadinhos.
Babi: eu não sei se é uma boa ideia...Victor: entra, eu não mordo — falei rindo enquanto ela me seguia até a cozinha.
Babi: que eu me lembre, você morde sim — disse baixo, provavelmente sem a intenção de que eu escutasse. Sorri com a lembrança.
Me aproximei da bancada da cozinha perto de onde ela estava sentada de costas. Me estiquei para deixar os pães ali e aproveitei para responde-la.
Victor: só quando você me provocava... — falei baixo em seu ouvido e me afastei, conhecendo essa menina, a essa altura posso apostar que seu rosto está totalmente ruborizado.
Peguei duas canecas e despejei o café nelas, entreguei uma delas para Bárbara que agora só me olhava de canto, evitando que nossos olhos se encontrassem.
Victor: então você está morando fora? — falei limpando a garganta — sozinha?
Babi: por enquanto sim, não encontrei ninguém pra dividir. Apenas um cara do mesmo bairro mostrou interesse.
Victor: acho que é melhor sozinha, menos bagunça e dor de cabeça — falei tentando esconder o incômodo em minha voz.
Babi: não vejo por esse lado, existem caras que são organizados. Você, por exemplo — ela disse apoiando os braços sobre a bancada, deixando que seus seios ficassem mais visíveis em sua blusa larga. Engoli seco.
Babi: além de que já o vi pessoalmente e ele me parece ser uma boa pessoa — disse mordendo os lábios — e bonito.
Achei que ela estivesse me provocando, agora tenho plena certeza disso. E o pior disso tudo, era que estava conseguindo me tirar do eixo.[Bárbara Passos]
Quando falei sobre meu possível inquilino homem, percebi as veias do pescoço de Victor saltarem e seu rosto se fechar discretamente. Igualzinho a quatro anos atrás quando ele tinha ciúmes dos caras que me secavam na faculdade. Resolvi então aproveitar da situação.
Victor: você é quem sabe, já alertei sobre a dor de cabeça em dividir apartamento — disse bebendo seu café, apertando duramente a alça da caneca. Sorri involuntariamente — porque está sorrindo?
Babi: nada — respondi. Talvez seja porque acabei de descobrir que ainda sente ciúmes de mim? — preciso ir, você quer carona pro jantar com o advogado?
Victor: na verdade, pensei em te oferecer uma — disse se levantando e me acompanhando até a porta.
Babi: oh, tudo bem. Avise-me quando estiver saindo — ele assentiu.
Já fora de sua casa, algo dentro de mim estava fazendo sentir-me esperançosa.
Cheguei em casa e me deitei, tantas noites dormindo tarde e acordando cedo estavam deixando meu corpo esgotado. Fiquei ali variando entre dormir, ver filme e comer até a hora do jantar. Hoje eu estaria disposta a fazer Victor me olhar com outros olhos.
Fui pro banho lavar meus cabelos, hidratei bem e usei meu condicionador mais perfumado. Deixei minha pele bem macia, enquanto a toalha tirava o excesso de agua do cabelo aproveitei para preparar minha pele e escolher uma roupa. Metade delas estavam no meu apartamento, o que me restou escolher entre algumas poucas peças de roupas que não couberam na mala. Merda, eu devia ter trazido algum vestido formal.
Depois de muito fuçar ali, ao fundo havia meu velho vestido preto. O mesmo que usei na festa da empresa em que beijei Victor pela primeira vez e no nosso pedido de namoro. Com certeza esse vestido tinha história, será que hoje entraria mais uma pra lista?Terminei de secar meus cabelos, fiz algumas ondas soltas aleatoriamente neles. Uma maquiagem leve, nunca gostei de maquiagem muito pesada. Minha pele era boa, apenas um corretivo e lip tint a salvavam. Caprichei no rímel deixando meus cílios incrivelmente dispersos uns dos outros e bem levantados. Na boca usei um batom vinho não tão escuro. Por fim, me olhei no espelho enquanto calçava minhas sandálias de salto. Com o tempo aprendi a gostar de saltos e trocar, em apenas algumas ocasiões, meus velhos tênis baixos. Eu realmente estava bonita, ja tinha semanas que não me via tão arrumada assim. Escutei Victor estacionar o carro, desci as escadas e fui até a porta. Antes de abri-la, mentalizei que tudo desse certo.
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RED THREAD
Fanfictionse todos já nascem predestinados a encontrarem sua alma gêmea, qual a razão pra tantos desafios? A vida de Bárbara Passos e Victor Augusto sempre foi uma caixinha de surpresas, mas nenhum deles esperavam por tudo isso. Ambos serão testado pelo desti...