[Victor Augusto]
Não consigo acreditar que ela estava tão doente. Essa foi a prova de que deixei minha raiva ir longe demais, se não fosse por Carol me ligando, eu ainda estaria no escuro por Deus sabe quanto tempo. Agora estou aqui, dirigindo como um louco até ela, eu só preciso vê-la bem. Me sinto fraco e insuficiente sem ela por perto. E nem sei se ela vai me querer lá, tenho vacilado bastante com ela, mas sei que preciso estar lá. A viagem de carro para lá é um borrão, com apenas uma mochila pequena não tenho ideia de quanto tempo vou ficar, ou o que vai acontecer.
Quando consigo estacionar em frente ao hospital, corro para o oitavo andar o mais rápido que posso.
E do lado de fora do quarto, é claro que ele estaria lá, mas eu não esperava ter somente ele para me dizer como minha garota estava. Meu corpo ficou rígido e meus punhos instintivamente se apertaram quando ele se virou me notando em pé ali.
Victor: como ela está? — perguntei baixo, tentando evitar qualquer contato visual com ele.
Ele apertou o copo plástico em sua mão, parecia nervoso. Prazer em te ver também, babaca.
Bruno: ela está dormindo, seja descente e não entre para acorda-la. Ela precisa desse descanso — disse entre os dentes.
Espreitei através do vidro e podia ver Bárbara como um anjo enquanto estava lá, deitada com os olhos fechados serenamente, em seus braços delicados haviam vários tubos levando soro até suas veias. Me doía ver ela naquela situação, era extremamente angustiante. Uma tristeza horrível vem sobre mim, sinto como se estivesse quebrado por dentro a cada segundo que a vejo deitada lá, indefesa. Agora vejo o quanto perdi por causa do meu ego, esta é com certeza uma lição eterna. Nunca se separe de alguém com raiva, nunca assuma que você terá todo tempo do mundo para resolver as coisas depois. Porque as vezes, você simplesmente não tem.Bruno e eu estávamos lado a lado competindo silenciosamente pelo espaço para olhar pela janela, se a testosterona no ar pudesse curar sua doença, os pulmões de Bárbara já estariam limpos.
Bruno: eu nunca a vi tão doente — disse baixo, ele realmente estava mal com isso.
Victor: nós fodidamente fizemos isso com ela — falei deixando a raiva falar um pouco mais alto.
Ele me encarou no exato instante com a cara fechada.
Bruno: você está me culpando?
Victor: eu disse nós, não você. Toda essa situação, aliás. Ela sofreu tanto estresse que desgastou seu sistema imunológico — falei irritado, mas logo minha expressão mudou com a tristeza vindo a tona — eu nunca quis causar dor ao voltar.
Bruno: porque você veio até aqui, Victor? — abaixo a cabeça, contendo um pouco minha irritação.
Victor: como?
Bruno: ela me disse que vocês não estavam se falando, e ela não havia feito nada de errado.
Eu estava pronto para soca-lo.
Victor: oh, me perdoe se fiquei chateado porque minha garota beijou seu ex namorado e o caralho a quatro.
Bruno: sua garota? Ela não é sua garota! — disse debochando.
Victor: uma porra que não é. Ela ja era minha muito antes de você voltar dos mortos e foder tudo.
Bruno: é engraçado ouvir isso de você, já que estava noivo a alguns poucos meses atras — disse com um sorriso sínico no rosto que me fez perder o eixo, me segurei para não ir pra cima desse idiota.
Com licença senhores — uma enfermeira nos interrompe — vocês vão precisar levar isso para fora. O hospital não é lugar para uma briga entre dois homens adultos.Saímos do prédio em silêncio, não tenho certeza sobre o que estávamos prestes a fazer. Acabamos em uma área gramada ao lado do prédio que é adjacente ao estacionamento. Não há mais ninguém a vista o que provavelmente é bom.
Bruno: O que nós estamos fazendo aqui mesmo? O que você quer de mim, Victor? Não bastou você roubar a única mulher que amei? — disse estendendo as mãos. Olhei em seu rosto, descreditado de suas palavras.
Victor: roubar? — ri ironicamente — você só pode estar me testando.Bruno estava me deixando visivelmente a beira de enfiar minha mão em seu rosto patético.
Bruno: então é isso? Você acha que pode simplesmente aparecer do nada e rouba-la de mim mais uma vez, quando ela e eu temos quase sete anos de história juntos? — disse vindo em minha direção.
Victor: Você a deixou. Você que a trocou por outra quando ele ainda acreditava no relacionamento de vocês dois — cuspi as palavras em sua cara, eu ja estava no limite — você escolheu não seguir em frente com ela, você terminou e a deixou completamente devastada. Peguei as peças e você sabe o que? Não quero devolvê-las, adoro cada pedaço quebrado dela e não posso me sentir culpado por isso. Ela se tornou minha, graças a burrada que VOCÊ fez com ela.
Bruno: e você não, né? Sei o quanto a magoou também — disse baixo, me fazendo pensar em toda a situação que colocamos ela nos últimos anos.
Victor: Acho que neste momento precisamos entender que a única coisa que concordamos é que ambos queremos o que é melhor para Bárbara, e ambos queremos que ela seja feliz. Nenhum de nós dois escolheu essa situação em que estamos. Aconteceu, e finalmente, é Bárbara que vai decidir com quem quer passar a sua vida — falei encarando o chão — se ela escolher você não vou interferir, e espero o mesmo de você.
Por mais que eu queria que ela me escolha, sei o quanto a história dela com Bruno a deixa mexida. Sei o quanto ela é paciente e amorosa, pode facilmente perdoar todos os seus erros e encarar isso como uma nova chance para os dois.
Bruno: para onde vamos daqui? — diz, suavizando sua expressão séria.
Victor: apertamos as mãos e concordamos em não tornar isso mais difícil do que já é, eu acho — digo, com Bruno já estendendo a mão para mim e eu a pego.
Nós voltamos para a frente do quarto onde Bárbara estava. Bruno se vira pra mim me encarando.
Bruno: eu não estava pensando que eu voltaria aqui ileso, você me decepcionou, estava esperando pelo menos um lábio sangrando.
Victor: se machucar ela novamente ficarei feliz em entregar isso e muito mais.Não importa como essa história termina, sempre vou defender Babi, e isso significa que você terá que se cuidar — falei com um olhar o ameaçando.
Ele bateu de leve em minhas costas.
Bruno: o mesmo vale para você, cara.
Ficamos ali observando ela ainda dormindo, mas alguns minutos depois ela finalmente acordou. Mas não notou nós dois aqui fora, a vigiando como um falcão.
Bruno: parece que ela está acordada — disse voltando seu olhar para mim — eu vou até a cafeteria, você quer alguma coisa?
Eu sei que ele está intencionalmente me dando um tempo sozinho com ela e aprecio isso.
Victor: não, obrigado — falei, encarando Bárbara pelo vidro — acho que vou entrar e deixa-la saber que estou aqui.
Abrindo lentamente a porta de seu quarto, Bárbara nem mesmo leva o olhar até a porta me fazendo ficar receoso. Caminhei até sua cama enquanto ela estava com seu olhar direcionado para a tv.
Agora ao lado de sua cama, meus batimentos estavam acelerados quando ela enfim me olhou. Levei minha mão ao seu rosto, tocando-o delicadamente. Seus olhos se fecharam.
Victor: como está se sentindo?
Babi: já estive melhor — disse sorrindo — mas vou ficar bem.
Suspirei pegando sua mão.
Victor: eu estava preocupado — olhei firmemente em seus olhos — muito.
Babi: onde está Bruno? — perguntou, com preocupação em seus olhos. Meu rosto escureceu, foi aqui que senti meu mundo cair, mesmo comigo em sua frente ela ainda procurava por ele. Ela facilmente escolheu ele.
Perdi a luta.
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RED THREAD
Fanfictionse todos já nascem predestinados a encontrarem sua alma gêmea, qual a razão pra tantos desafios? A vida de Bárbara Passos e Victor Augusto sempre foi uma caixinha de surpresas, mas nenhum deles esperavam por tudo isso. Ambos serão testado pelo desti...