RED THREAD

Capítulo 82: contra a parede.

[Victor Augusto]

Nunca agradeci tanto a Deus por ter um reflexo tão rápido. Era isso ou então Bárbara estaria no chão e com certeza com algo fora do lugar.
Ela ainda estava nos meus braços assustada. A coloquei no chão devagar, mas não a soltei por completo.
Victor: eu avisei, teimosa — falei retirando uma mecha de cabelo de seu rosto.
Babi: isso com certeza foi praga sua — disse me encarando, sorrindo com os olhos semicerrados. Linda, porra como ela é linda assim.
Babi: para de me olhar assim, Victor...

Victor: assim como? — perguntei tirando minha visão de seus lábios.
Babi: como se quisesse me beijar — ela disse mordendo a boca. Deus, era realmente tudo o que eu queria agora.
Ela se aproximou um pouco mais, uma posição bastante perigosa já que eu podia facilmente sentir o calor de seu corpo e sua respiração falhada.
Victor: Bárbara, não... — falei fechando os olhos para recuperar o pouco de sanidade que ainda me restava.
Babi: porque não, Victor? Seja sincero pelo menos uma vez durante toda essa semana com seus sentimentos — disse se afastando de perto de mim, parecia estar com raiva pela entonação de sua voz — DIGA O QUE ESTÁ SENTINDO — gritou.
Seu grito me fez sorrir de canto maldosamente e ter coragem de liberar todas as palavras que guardei pra mim durante toda essa semana.
Levantei o rosto para encara-la e não perdi tempo caminhando até ela.
Victor: quer realmente saber tudo que estou sentindo, Bárbara? — ela assentiu, dando passos para trás notando o tom rude em minha voz — eu realmente sei que estou cruzando a linha, eu sei disso. Eu me perco toda vez que você deixa seus olhos nos meus. Eu sinto muito, mas por mais que eu queira nada pode acontecer porque não vou trair Mariah, eu não posso fazer isso com ela.
Babi: eu não sou tão forte quanto você. Então por favor, não me olhe desse jeito, não me toque dessa forma como se estivéssemos de volta a quatro anos atrás se não podemos fazer nada disso — disse com a voz trêmula olhando firme em meus olhos — e para que conste, eu não quero que você a traia!

Victor: o que você quer então?
Babi: quero que seja sincero com você mesmo — perguntou, mas mantive meus olhos no chão, incapaz de voltar meu olhar para seu rosto — eu quero que me diga a verdade, a verdade do que está sentindo.
Era impossível esconder agora a raiva em meu rosto, eu estava perdendo uma batalha de autocontrole dentro de mim.
Victor: você quer a verdade? Desde que cheguei aqui não consigo parar de pensar em você — falei dando alguns passos na direção dela enquanto ela se afastava, mas continuei — quando te vi naquele vestido preto abraçando todas essas curvas, a única maneira que encontrei de me aliviar naquela noite foi imaginando você na minha cama, em baixo de mim gritando meu nome. Essa é a verdade.
Eu deveria ter parado por aqui, mas não consegui. Andei mais alguns passos conforme ela recuava, até suas costas se chocarem contra a parede. Tranquei meus braços em cada lado dela e continuei.
Victor: você quer mais? Eu estou noivo daquela mulher, mas minha mente está aqui lutando contra esse desejo absurdo de te apoiar contra a parede e ter você com tanta força que eu teria que te carregar para o quarto logo depois de te deixar com as pernas bambas — meu coração estava batendo fora de controle, o rosto dela estava tomado pela cor vermelha, deixei meus braços caírem e abaixei a voz — tudo o que eu achava que sabia foi virado de cabeça para baixo nos últimos dias. Estou questionando tudo, e eu não sei o que fazer, porra. Essa. É. A. Verdade.
Ela continuou parada, me encarando enquanto eu respirava fundo e tentava me recompor de tudo que havia deixado sair. Segundos depois, Bárbara se afastou caminhando até a porta.
Babi: eu estou indo embora, preciso ficar sozinha — disse me olhando entre os ombros. Apenas assenti e me sentei, pensando na merda que eu tinha acabado de fazer.