Capítulo 69

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[Victor Augusto]

um mês depois


Nesta noite, tudo que eu queria era ver Bárbara. Sentir o cheiro dela. Dormir ao lado dela. Meu corpo parecia que estava em abstinência do tipo mais forte de droga. Tinha sido apenas algumas semanas sem ela, mas parecia uma vida. Não era apenas a necessidade física. Eu havia perdido seu humor, seu sarcasmo, sua risada.
Já era bem tarde aqui em Munique e eu estava acordado olhando suas fotos no instagram. Durante todos esses dias não deixei de checar suas redes sociais, eu queria saber como ela estava, queria saber se estava tão mal quanto eu. Bárbara sempre foi teimosa, mas sempre voltava atrás em suas decisões quando percebia que não dariam certo. Devo admitir que fiquei aqui esperando uma mensagem, ligação ou até mesmo uma maldita carta dizendo que não aguenta mais essa ideia de se afastar. É, ainda to aqui esperando isso acontecer.
Meus pais estão felizes, empolgados com o trabalho. Dona Angélica diz estar mais leve com o clima que a Alemanha traz. E realmente, nunca vi minha mãe tão sorridente desde antes da vovó falecer.
Um pouco emotivo por ter pensado demais, entrei no instagram e vi que Bárbara estava acordada, ela havia acabado de postar um storie que instintivamente me fez responder quebrando seu pedido.
Digitei três vezes e apaguei, na quarta taquei o foda-se e enviei: "sinto sua falta desde quando peguei aquele avião."
Esperei que ela respondesse, saí e entrei do aplicativo mas nada aconteceu. Nem mesmo um visualizado. Péssima ideia? Talvez. Depois disso dormi para tira-la de meus pensamentos mesmo sabendo que sonharia com seu rosto como nas últimas noites.

[Bárbara Passos]


Não teve um dia durante esse mês em que não cogitei ligar para Victor e dizer o quanto fui burra de pedir pra nos afastarmos, mas agora era tarde. Ele precisa viver sua vida lá e eu preciso viver a minha vida aqui. Mas meu coração congelou quando uma mensagem dele chegou em minhas notificações. Ele havia respondido um storie meu, relutei em abrir a conversa, quando li pela barra de notificações sua mensagem senti meu corpo arrepiar. "sinto sua falta desde quando peguei aquele avião" Porra, Victor. Não torne as coisas ainda mais difíceis pra mim, eu queria muito responder que sinto tanto sua falta que as vezes chega a doer. Visualizei sua resposta, mas em seguida apaguei a conversa sem responder-lo. É melhor assim, Victor — falei pra mim mesma.
E esse foi o único contato que Victor fez depois que voou para a Alemanha.

dois anos depois

Finalmente me formei. Oficialmente, sou Dra. Bárbara Passos. Digo isso pois acabei de entrar no site da OAB e ter a certeza de que passei na prova. Estudei tanto nos últimos meses, achei que tinha me saído mal, mas não, agora posso advogar finalmente. Tudo estava correndo bem, me formei, passei na OAB, já até consegui um emprego na prefeitura da cidade. Com o passar do tempo consegui colocar minha saudade de Victor em segundo plano, foquei nos meus estudos e graças a isso minha vida hoje está muito bem encaminhada, mas tenho que admitir, sinto falta daquele homem. Ele nunca mais tentou outro contato e não posso ficar com raiva dele por isso pois eu quem pedi pra ser assim, eu só não contava que ele obedeceria.
Saí dos meus pensamentos com uma ligação de Carol, atendi no segundo toque.

call on • Carol Voltan:

Carol: vamos!
Babi: vamos pra onde, doida?
Carol: comemorar sua aprovação, uai
Babi: ah, é sério? Ta tão gostoso aqui debaixo da coberta — falei preguiçosa.
Carol: NÃO INTERESSA! Você tem exatos 30 minutos pra se arrumar, passo aí pra te buscar

call off

Sim, essa é a Carol. Não tive tempo nem de argumentar, isso é bom. Ela vai ser uma ótima advogada, tenho certeza. Obedecendo ela, fui até meu guarda-roupa e separei uma calça e uma blusa mais grossinha, depois fui pro banho pra despertar o corpo. Eu realmente queria ficar deitada na minha cama pelo resto da noite, mas aceitei porque querendo ou não Carol me faria ir, então só agilizei o processo.
Já arrumada, escutei Carol buzinar lá embaixo. Fui a seu encontro logo em seguida.
Carol: oi, que gata, hein? — disse me elogiando ao entrar no carro — ta querendo chamar a atenção de alguém é?
Babi: o que? Claro que não, me arrumei foi pra mim. Gosto de me ver gata, entende? — falei fechando a porta do carro e a encarando.
Carol: o.k! — disse rindo. Seguimos pra festa que ela me arrastou, chegando lá encontramos com as outras meninas. Já fazia um bom tempo que eu não saía com elas, foquei tanto nos meus estudos que deixei de sair, ver meus amigos.

Até que a festa estava tranquila, estávamos todas bebendo e conversando entre as musicas. Mais tarde alguns dos meninos de administração chegaram também, Carulina como sempre de rolo com Mob, eu só não esperava que meu ex estaria aqui também. É, pois é. Ele voltou, alguns meses antes de eu me formar soube que ele e sua família enfim voltaram para o Brasil. Agradeci imensamente a Deus por ele ter vendido a casa ao lado da minha quando foram para o exterior. Não nos encontramos desde então, até ele aparecer logo atras de mim.
Bruno: Bárbara! — disse se aproximando com a mão na minha cintura. Estranhei o contato e me virei — oh, me desculpa. Não queria te assustar — disse com as mãos pra cima em sinal de rendição.
Apenas assenti, o encarei logo após meus olhos correrem por seu corpo. Bruno estava um pouco mais velho, diferente eu diria.
Bruno: soube que passou na OAB, parabéns! Sei que se dedicou demais pra essa prova, você merece.
Babi: obrigada, é, até que noites acordadas revisando leis surtiram algum efeito— respondi rindo.

Bruno: o que ta bebendo? — disse apontando pro meu copo — aliás, deixa eu adivinhar... Frozen?
Babi: garoto esperto — disse piscando. Ele riu.
Continuamos conversando naquele canto da festa. Por incrível que pareça, Bruno estava mais solto. O papo fluiu até Carol avisar que estava indo embora. Disse que estava com uma dor de cabeça infernal, me ofereci pra leva-la em casa.
Babi: porque ta com esse sorrisinho na cara, Carulina? — falei estranhando.
Carol: que sorrisinho, doida?
Babi: Carol, não tente mentir pra mim, Logo pra mim. — falei com um olhar ameaçador.
Quando entramos no carro não deu dois segundos e ela despejou tudo. Voltan sendo Voltan.
Carol: Ok, Mob pediu para que as coisas entre nós ficassem oficialmente sérias — ela disse quase explodindo de felicidade.
Babi: meu Deus, ele te pediu em namoro?
Carol: acho que sim, não sei — disse analisando a situação — é, acho que sim. Ele até postou uma foto nossa que tiramos lá na festa e botou um coração no meio.
Babi: bom, finalmente ele criou coragem pra isso, hein? — falei tirando sarro.
Depois disso fomos pra casa.

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