Capítulo 70

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[Victor Augusto]


Em meio ao caos da formatura de administração aqui em Munique, depois que saímos da festa voltei pra casa bem mal. Já faz alguns meses que venho saindo mais, curtindo mais e bebendo bem mais. A empresa do meu pai estendeu seu contrato por mais 2 anos, mas agora que eu havia completado meu ensino superior tinha livre arbítrio pra voltar ao Brasil. Eu ainda estava pensando nessa possibilidade, mesmo dona Angélica sendo totalmente contra.

Deitei na cama com a cabeça girando, a ressaca amanhã vai ser braba. Desci até a cozinha pra beber uma água e tomar um remédio pra parar a dor de cabeça, subi pro quarto e novamente me joguei na cama. Com meu celular em mãos, entrei no meu instagram e mesmo que minha visão estivesse extremamente embaçada consegui notar as pessoas no fundo da foto que Mob havia postado a alguns minutos. Bárbara e seu ex, estavam bem perto um do outro e ela sorria como sorria pra mim. Claro, agora faz mais sentido o pedido dela de nos afastarmos quando eu viesse pra cá, ela queria o caminho livre pra voltar com aquele idiota na primeira oportunidade?
No impulso joguei meu celular pra longe e juntei minhas mãos no rosto, a dor de cabeça tinha aumentado ainda mais, parecia querer explodir. Dormi com a pior sensação, agora sim sei que perdi a mulher da minha vida, se é que um dia eu já a tive. 

 dois anos depois

 [Bárbara Passos]

Tudo pronto pra minha mudança, meu pai foi junto com o caminhão enquanto eu e minha mãe fomos visitar Antônio antes que eu me mudasse. Prometi isso a ele.
Consegui um emprego em um escritório de advocacia em uma cidade aqui perto e que pagaria bem mais do que eu esperava. Aluguei um apartamento por lá e estava pronta para ter minha liberdade.
Chegando na casa de Antônio, ele me recebeu com um abraço caloroso e um sorriso de orelha a orelha. Durante todos os últimos meses, aqui se tornou meu lugar favorito, vim pra cá tantas vezes que olhando agora e percebendo que só poderei visita-lo uma vez no mês fez meu coração apertar.
Antônio: então você também vai me abandonar, não é senhorita Bárbara? — disse me envolvendo em um abraço.
Babi: não vai conseguir se livrar de mim assim tão facilmente, sempre que eu vier pra BH passarei aqui pra te ver, prometo — disse e me afastei dele, ele me respondeu com um sorriso contagiante. Eu e minha mãe continuamos ali com ele conversando e tomando um café até eu me dar conta de que precisava pegar estrada.
Babi: já vai fica tarde, a mudança provavelmente já deve ter chegado — falei me levantando pra lavar meu copo.
Antônio: deixe aí, minha filha — falou se aproximando e impedindo que eu terminasse de lavar — olha, espero te ver daqui uns dias. Vê se não esquece do seu velho aqui, viu?
Babi: é claro, senhor Antônio. E você trate de ir até a Dra. Patrícia pra fazer seus exames já que não me deixou leva-lo semana passada — falei estreitando os olhos para intimida-lo, mesmo sabendo que o bicho era teimoso no último. Ele riu.

Antônio: estou muito feliz em te ver conquistando sua tão sonhada liberdade, você é uma mulher e tanto, Bárbara. Siga sempre seus sonhos sem medo do que vão falar — disse olhando em meus olhos — a vida ainda vai lhe ensinar muita coisa, seja forte.
Depois que Antonio me deu mais um de seus nobres conselhos, enfim nos despedimos.
Já fora de sua chácara quando estava entrando no meu carro, olhei para ele escorado na janela e sorri.
Babi: te vejo daqui três semanas! — gritei.
Antônio: vai sim, minha querida.

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