Capítulo 54

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[Victor Augusto]


Chegamos no hospital, fomos até a recepção nos identificar e logo entramos no quarto de Antônio. Eu e Babi combinamos de entrar de mãos dadas pra pegar a primeira reação dele, mas quando chegamos ele estava de costas arrumando sua mala.
Babi: senhor Antônio? — ela disse fazendo-o virar pra nós.
Antônio: ah, oi. Achei que viriam me ajudar hoje, mas vocês não apareceram — disse e finalmente notou nossas mãos entrelaçadas — então, o que eu perdi?
Victor: paramos de bobeira e finalmente admitimos que somos melhores juntos — falei olhando pra Barbara que sorria timidamente.
Antônio: eu sabia que você tomaria a decisão certa, querid. — disse piscando pra Bárbara. Não entendi essa parte.
Victor: decisão certa? — falei confuso. Os dois novamente se entreolharam e esconderam um sorriso.
Babi: longa história, melhor ajudar Antônio pra gente leva-lo pra casa logo.
Nos esquecemos completamente que hoje era o dia da alta do senhor Antônio, prometemos a ele que levaríamos em casa, por sorte conseguimos vir pra cá mesmo sem lembrar disso.
Separamos seus pertences e colocamos em uma caixa, Babi a levou pro carro e eu estava logo atrás levando a mala com as roupas de Antônio. Enquanto eu ajeitava as coisas no porta-malas, Bárbara ajudou Antônio com a papelada do hospital e logo em seguida os dois vieram para o carro.
Victor: pronto pra voltar pra casa, Antônio? — falei e imediatamente um sorriso se espalhou pelo rosto dele, era nítido a saudade que ele estava sentindo de casa.
O caminho todo fui orientado por Antônio, ele havia me falado que sua casa não era exatamente na cidade. Era uma casa afastada, o que me preocupou, pois ele vivia sozinho, e se algo acontecesse? Logo que chegamos, arrumamos tudo pra ele depois que abrimos a casa pra arejar o lugar. Era quase como uma chácara, do lado tinha um lago agora muito bem iluminado pelas cores do por do sol, eu estava na janela observando quando senti braços se entrelaçando em minhas costas. Esse toque, era único em todo o mundo. Ela se encostou igualmente eu na janela.

Victor: algum problema? — falei a olhando, seus olhos estavam na paisagem a nossa frente.
Babi: apenas preocupada, Dra. Patricia alertou que ele poderia ter desconfortos mesmo não tendo apresentado isso durante toda a internação — ela disse e finalmente olhou em meus olhos. Eu podia sentir o quanto ela estava preocupada, porque eu estava me sentindo exatamente assim. Eu não queria deixa-lo sozinho aqui, mas não havia outra solução porque o velho era teimoso e não aceitou a ideia de uma enfermeira checando ele durante a semana.
Ficamos observando o sol se pôr, não havíamos voltado pra casa desde então.
Babi: Antônio, tem certeza que está sentindo bem?
Antônio: quantas vezes terei que repetir que estou perfeitamente bem para acreditarem em mim? — ele disse se sentado no sofá e esticando seus pés sobre a mesa de centro.
Victor: estamos indo, mas ao longo da semana iremos visitar o senhor. Não faça nenhuma arte, escutou bem os alertas da sua médica não é? — ele semicerrou os olhos, esse era o jeito do antônio de dizer: cai fora ou lhe mandarei catar coquinhos. Eu ri lembrando disso. Barbara se despediu e deixou nossos telefones com ele, para o caso ele precise de nós. Assim que deixamos a propriedade, Bárbara se ajeitou no banco e pareceu adormecer, não julgo, ficamos a noite inteira acordados conversando sobre a vida e como ela foi generosa em me dar a companhia dela. Observei seu rosto delicado e perfeitamente lindo exceto por sua boca aberta quase babando. Ela consegue me fazer rir até dormindo, oficialmente estou perdido. Perdidamente apaixonado.

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