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Capítulo 67: a partida

[Bárbara Passos]

Nos últimos dias restantes até a viagem de Victor, nós decidimos esquecer a ida dele e focar em aproveitar todas os segundos que tínhamos um com o outro. Foi tão maravilhoso e intenso durante esses dias que quase realmente esqueci sua partida eminente, mas esse dia chegou reascendendo todos os meus medos e receios que tentei manter calados no fundo da minha mente enquanto estava com Victor.
Seu voo sairia às seis da manhã. Prometi a ele que o acompanharia até o aeroporto, eu queria ficar na minha cama e fingir que nada disso estava acontecendo, que eu não estava perdendo o meu amor em poucas horas. Mas quando o alarme despertou mais uma vez me forçando a ter que levantar e me arrumar, senti uma lágrima quente tocar minhas bochechas. Me arrumei rápido e desci para encontra-lo.
Caminhando até sua casa, ainda era tão cedo que nem mesmo o sol havia clareado as ruas. Um vento frio bateu contra meu rosto levando os fios de cabelos que estava, ali para trás. Me aproximando de sua casa, seus pais já estavam ajeitando as várias malas no uber. Me aproximei ainda mais deles até que pudessem notar minha presença ali.
Mãe do Victor: querida — disse com um tom triste em sua voz — venha cá.
Ela me puxou para um abraço caloroso. Angélica tinha se tornado uma mãe pra mim, mas ver o quão animada estava com essa mudança quase me fez aceitar aquilo tudo. Até ver Victor na porta, com sua mochila em mãos. Mirei meus olhos até seu rosto, suas bochechas estavam mais vermelhas e seus olhos inchados. Poderia ser sono, mas algo em mim sabia que ele não conseguiu pregar o olho essa noite. Fui até ele e o envolvi em meus braços. Ficamos assim até o aeroporto, na estação de embarque nenhum de nós mencionou uma palavra. Era um silêncio tão doloroso que nem mesmo as vozes e passos ao redor me faziam sentir melhor ou menos nervosa.
O voz avisando que o embarque estava autorizado ressoou por dentro do meu corpo. Acompanhei eles até a fila para embarcar. Angélica e Tim foram na frente deixando que nós dois nos despedíssemos com privacidade. Foi aí que percebi que eu não estava pronta. Nem pra me despedir e muito menos para deixa-lo ir para outro país ou para fora do meu coração, onde costumava ser o seu lugar.

[Victor Augusto]

Olhei para seu rosto tentando reunir as melhores palavras para aquele momento, mas quando notei seus olhos marejados tudo que consegui foi abraça-la tão forte e dizer em seu ouvido o quanto eu a amava.
Babi: eu não quero te prender como também não quero passar por toda essa experiência de novo — disse enxugando as lagrimas com a manga do moletom que eu havia deixado com ela — você é incrível, Victor. Esses últimos meses com você foram os melhores da minha vida. Espero te encontrar de novo algum dia, mas agora sinto que você precisa ir sem amarras.
Meu corpo estava dormente, eu sabia que eu não poderia convence-la de manter nosso relacionamento. Mas aquelas palavras pareciam muito mais que uma despedida e isso doía ainda mais.
Babi: eu te amo, Victor. Se precisar de mim, estarei aqui pronta para ajudar, mas somente se precisar de mim. Isso vai ser melhor pra nós dois.
Ela se aproximou dos meus lábios e plantou um beijo sereno. Ainda atordoando por suas palavras e seu pedido, agarrei seu rosto e a beijei novamente. Dessa vez mais forte.
Quando a soltei, ela abaixou a cabeça e sussurrou: vai!
Tentei não obedecer, eu queria ficar ali, com ela. Ela era o meu destino, meu propósito e meu único desejo no momento. Mas nada disso dependia só de mim então me virei e segui pelo corredor. Enquanto caminhava, dei uma última olhada para seu rosto antes de adentrar o túnel e partir. Espere por mim, Bárbara Passos.