Capítulo 88

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[Bárbara Passos]

Tudo que Victor disse foi muito para minha mente absorver. Ele estava de volta, agora em definitivo e por mim. Victor voltou por mim. Logo agora que as coisas pareciam estranhamente estarem se encaixando, ele volta. Típico dele.
Meu coração novamente parecia dividido entre meu passado e meu presente, a diferença era que agora quem ocupava o presente era Bruno, e não Victor como da última vez em que me encontrei nessa mesma situação.
Depois que deixei claro minha situação para ele, senti sua frustração. Tentei ignorar, continuar na casa como planejei, mas saber de sua presença me deixava fora do eixo. Resolvi ir lá fora tentar achar uma solução para o vazamento do carro, sei que aquele mecânico vai me enrolar, amanhã é feriado então duvido que ele realmente apareça por aqui.
Depois de alguns minutos agachada analisando o que de fato era o problema, Victor surgiu atrás de mim me fazendo assustar.
Victor: qual o problema?
Babi: vazamento, de onde eu não sei, não consegui achar ainda — falei soltando uma respiração profunda.
Victor: posso? — disse se agachando do meu lado.
Babi: a vontade — respondi abrindo um espaço do meu lado para ele.
Victor foi até seu carro e retirou um papelão do porta malas, esticou-o no chão perto do meu carro e deslizou para baixo dele. Ali de pé, meus olhos se prenderam em sua barriga quando sua camisa subiu um pouco revelando as entradas sexys que Victor sempre teve. 

Victor: é do escape — disse, mas não escutei, estava prestando mais atenção em outra coisa. Totalmente alheia ao meu redor.
Victor: Bárbara? — disse comigo ainda hipnotizada em seu corpo — Bárbara?
Babi: ah, oi — respondi quando ele aumentou um pouco seu tom de voz — desculpe, estava distraída. Achou o problema?
Victor: sim, é seu escape — disse voltando e se levantando — consigo resolver.
Babi: certeza?
Victor: sim, está com sorte — disse piscando e voltando para dentro da casa — ah, a propósito, gostou da vista?
Babi: que vista? — perguntei sem jeito. Talvez envergonhada quando Victor me devolveu um olhar malicioso, ele percebeu? Merda! Ele percebeu.

Estou realmente começando a repensar sobre ter aceitado passar o fim de semana nessa casa com esse homem. Algo me diz que ele está tentando me provocar, quando saiu la pra fora apenas de bermuda e chinelo mostrando todos aqueles músculos. O corpo de Victor sempre me chamou a atenção, não dava pra olhar em outra direção aqui da janela, minha visão se prendia nele. Somente nele.
Victor estava aqui fora consertando meu carro a alguns minutos. E eu apenas o observando agora da varanda, resolvi trazer uma água pro caso dele estar com sede, hoje o calor estava insuportável. Aproveitei que ele havia saído de baixo do carro para pegar outra ferramenta e me aproximei.
Babi: ei, te trouxe água — falei ganhando uma boa olhada dele, eu havia trocado meu vestido por outro mais fresco que revelava bastante minhas curvas.
Victor: valeu — agradeceu, bebendo tudo em um gole só — já consertei, mas sugiro passar em algum mecânico em BH antes de voltar pra sua cidade.
Babi: farei isso — respondi, inevitavelmente olhando para o peitoral a minha frente.
Me afastei levando o copo para a cozinha. Bárbara, Bárbara, é melhor se controlar. Esse homem realmente é uma tentação, mas no momento você precisa decidir sua vida antes de qualquer coisa.
Depois de algumas horas tentando me ocupar, eu estava na varanda lendo. Já havia anoitecido e meu estômago roncou me lembrando de que a última vez que comi foi pela manhã. Voltei pra dentro, resolvi cozinhar minha especialidade: macarronada de quatro queijos. Não vi Victor pela casa, talvez tenha ido à cidade. Montei tudo e coloquei no forno, minutos depois o queijo já estava borbulhando. Com cuidado retirei do forno e coloquei sob a ilha da cozinha. 

Victor: cheira bem — disse jogando as chaves de seu carro no balcão e vindo até a mim.
Babi: vai querer? — perguntei o encarando, pegando os pratos do escorredor. Victor assentiu, se sentando na mesa logo a frente.
Victor: a última vez que comi isso, foi naquele jantar que você se esqueceu do principal — disse sorrindo, me ajudando a forrar a mesa.

Babi: nem me lembre disso — falei rindo também.
Victor: eu relembro dias como aquele sempre — disse me olhando fixamente.
Babi: dias como aquele? — perguntei inocentemente.
Victor: sim, quando eu podia ter você sem nada pra atrapalhar — disse calmamente, me deixando sem graça e essa era exatamente sua intenção.
Babi: não provoca, Victor...
Victor: porque não? — disse sorrindo sarcasticamente — medo de não conseguir se controlar?
Babi: não — falei seca, esse joguinho me irrita.
Victor: ou medo de magoar o coitado do Bruno? — ele estava ficando mais próximo de mim — sente as mesmas coisas que te faço sentir, com ele?
Apenas o encarei, seu corpo perto demais me fazia ficar inerte a minha realidade, sem poder nenhum sobre minhas atitudes. Ele se aproximou ainda mais, tomando a liberdade de chegar bem perto do meu rosto, ao pé do meu ouvido me fazendo arrepiar por completo. Meu corpo sempre me traiu.
Victor: diz Bárbara, seja sincera — sussurrou baixo. Ele sabe o efeito disso em mim.
Babi: é melhor comer, antes que esfrie — falei, tomando as rédeas do meu próprio corpo e mente. Estou cansada demais para discutir com Victor.
Victor: eu já sei a resposta, só preciso que você caia na real o quanto antes.
Babi: que estranho ouvir isso logo de você, Victor — falei séria com um tom de ironia em minha voz — me faz até acreditar que era eu quem iria me casar daqui a um mês com outro, não é?
Victor: sei que fui um completo idiota— disse baixo.
Babi: além de idiota, Victor, você foi um belo de um covarde depois de tudo que me disse um dia antes de se mandar para a Alemanha novamente — ele havia tocado em uma ferida aberta, e agora iria ouvir — então não me cobre por algo que nem mesmo você foi capaz de fazer.
Saí da cozinha indo pra fora da chácara, a lua se encarregou de deixar tudo iluminado, eu só precisava colocar a cabeça no lugar. Victor em parte não estava errado, eu realmente preciso saber quem deixarei entrar na minha vida novamente. E por mais que pareça simples, a bagunça aqui dentro me diz o contrário.

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