Ellen
Há muitas maneiras de uma pessoa se sentir humilhada. A mais comum é aquela em que alguém nos menospreza diretamente, nos reduz, nos coloca no nosso devido lugar.
Nunca me senti tão humilhada ou detonada igual a mãe do Yuri fez comigo, falar diretamente comigo e sozinha é uma coisa, agora na frente de todos é desumano.
Sai daquela sala muito chateada e infelizmente não conseguia segurar minhas lágrimas. Pego meu celular e peço um Uber até a casa do Enzo, não tô afim de ir pra casa ou algo do tipo.
Mudando de assunto, lembra o presente da minha mãe? Então, ela me deu um celular novinho, como sempre coisa cara e que esbanja dinheiro.
Yuri: Ellen, espera. _ Diz saindo daquela porta gigante e não dou a mínima, continuo caminhando._ Espera, a gente precisa conversar. _Paro e sinto ele se aproximando._
Ellen: Vai falar o que? _Viro pra ele._
Yuri: Eu não devia ter te chamado, tinha como evitar tudo isso. _Coloca a mão na cintura decepcionado._ Você não deveria ter passado por tudo isso, eu sinto muito.
Ellen: Não Yuri, você não sente muito. _Minhas lágrimas já corriam por todo seu rosto._ Você mesmo disse que poderia ter evitado isso e não evitou. E eu realmente sinto muito por ter uma mãe igual a tua.
Yuri: Para Ellen, eu odiei a forma de como tudo aconteceu isso. _Se aproxima de mim._
Ellen: Odiou? Você não me defendeu uma vez, para de fingir. _Respiro fundo._ Tua mãe tem razão, eu não me encaixo nessa família.
Yuri: Não quero que você se encaixa na minha família, quero a gente junto até sem opinião deles. _Ele coloca sua mão na minha bochecha e bato na mesma tirando do meu rosto._ Por favor, vamo entrar e conversar.
Ellen: Não! _Falo firme._ Vai fazer sala pra tua ex e outro dia a gente conversa, não quero mais atrapalhar. _Pego meu celular._ Meu Uber tá chegando, tenho que ir.
Ele pega na minha mão e olha fundo nos meus olhos, eu sei que a gente precisa conversa porém não tô afim agora e nem com cabeça pra isso.
Yuri: Por favor. _Fala baixo._
Ellen: Tchau Yuri. _Solto minha mão e saiu._
Na minha cabeça era vontade de ficar e conversa tudo que era preciso. Porém, eu estou com a cabeça cheia, chateada, puta e um pouco animada pela bebida, melhor deixar pra outro dia.
Saiu daquele condomínio e entro no Uber, mando mensagem pro Enzo que eu estava indo pra lá e ele logo responde que tudo bem. Enzo sempre foi meu irmão, a gente cresceu junto e ele é o único que não me deixa por qualquer coisa.
Whatsapp on:
Yuri
Amor, por favor..a gente precisa
conversa, me liga quando chegar
em casa!Me desculpa por tudo isso, não queria
isso eu te juro. Amanhã vou pra algum
lugar pra não ficar aqui, mas queria te ver antes!Eu te amo, não desiste da gente!
Whatsapp Off...
É exatamente essas mensagens que eu não precisava, esse tipo de mensagem deixa a gente boba e com a cabeça pensativa, mas não vou me deixar levar por isso.
Apago a luz daquele maldito celular e desço do Uber enfrente a casa do Henzo, ele disse que estava sozinho e que era só entrar e foi o que fiz.
Enzo: E aí loirinha. _Diz assim que entro no seu quarto._
Não é por que ele é meu melhor amigo que não vou observar ele. Ele estava sentado na cama só com uma bermuda colorida e com seu computador nas pernas.
Ellen: Oi coisa feia. _Tiro aquelas botas e me deito na cama._ Tem bebida? Preciso beber, preciso esquecer.
Enzo: Vai contar o que aconteceu? _Diz fechando o notebook e me olhando._
Ellen: Bebida primeiro, amanhã eu conto. _Sorrio._
Eu queria me acabar na vodka e se possível até nas lágrimas. Não sabia se estava com raiva de mim por ir até lá sabendo que ia dar merda, ou se estou com raiva da família do Yuri, exceto o pai dele.
•••
Minha cabeça girava, minha cabeça dói, meu hálito de álcool acabava com qualquer um. Olho envolta e estava no quarto do Enzo deitada em sua cama, do lado da cama estava o colchão e Enzo não estava lá.
Sento na cama e pego o remédio junto com suco que estava ali do lado, tomo aquilo na hora pra já fazer efeito. Levanto da cama com um pouco de dificuldade e vou pro banheiro.
Tiro aquele vestido de ontem ainda e entro embaixo do chuveiro, era disso que eu precisava pra relaxar e ficar mais tranquila comigo mesmo.
Hoje é domingo e não sei o que fazer, além do mais eu detesto domingo, só por que amanhã é segunda e começa luta com faculdade de novo.
Saiu do banho e me enrolo na toalha, escovo meus dentes com o dedo mesmo só pra tirar esse mau hálito. Vou pro closet do Enzo e pego uma de suas camisetas que eu amo, uso seu perfume e desodorante.
Ellen: Ok, eu não precisava ver isso. _Digo pegando umas algemas que estava do lado de seus perfumes._ Credo, não é legal pensar nas coisas que meu melhor amigo faz. _Jogo aquilo no chão._
Penteio meu cabelo e saiu atrás do meu celular. Saiu do quarto e desço as escadas, e dou de cara com Enzo abrindo a porta e Yuri logo ali, logo seus olhos batem no meu e vejo decepção.
Yuri: Desculpa vim sem avisar, não queria atrapalha. _Termino de descer as escadas e Enzo olha pra mim._
Enzo: Não, não foi..._Ele ia começar a falar e Yuri interrompe._
Yuri: Aproveitem aí, até mais. _Sai dali e Enzo fecha a porta._
Ellen: Aí que merda. _Bato no corrimão das escadas._
Enzo: Relaxa, se ele pensar que rolou algo aqui ele é um tonto. _Vai até a cozinha._ Tudo bem que do jeito que está vestida, impossível não pensar.
Realmente, sua blusa branca transparente marcava meus seios sem sutiã, meus cabelos molhados e cara da derrota, que merda.
Ellen: Ele não sabe da nossa amizade, do jeito que é. _Entro na cozinha._
Enzo: É óbvio ele não achar normal vim na casa do amigo e vê a namorada dele praticamente nua. _Ele ri._ Depois eu falo com ele.
Ellen: Não, não precisa eu dou um jeito. _Sento na bancada._
Que jeito??? Eu não sei o que fazer, tudo que eu faço eu só pioro a situação e cada vez mais acaba comigo e com ele.
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A Piranha
Teen FictionSe você for pela cabeça dos outros, jamais serás feliz. Siga seu coração, não vá nas conversas dos outros. No mundo em que vivemos, ninguém quer ver o outro feliz!