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"Conheci uma pessoa hoje. O nome dele é Charlie e é do time do meu irmão. Acho que gostei dele. Me sinto segura perto dele. Não sei se algum dia eu conseguiria ama-lo como eu amei você, mas eu juro que vou tentar." - Any para Josh logo após ter sido apresentada ao seu atual namorado.

Any Franco.
Sinto os braços do Charlie ao redor do meu corpo. São quase seis da manhã e os meus olhos continuam abertos e continuaram assim por pelo menos sete dias. Não consigo simplesmente dormir fingindo que nada existe ao nosso redor ou sem ter certeza que as íris azuis grandes e atentas invadirão o meu sono.

Me separo dele o mais devagar que consigo. Preciso de ar. Preciso de espaço. Preciso de calma. Encontrar Josh Beauchamp foi bem diferente do que eu imaginava. O meu antigo professor de Literatura está bem diferente da pessoa que vi há quase seis anos atrás.

Me apoio nas grades da varanda com o cigarro aceso entre os dentes. Nada. Nenhuma chance, nenhum sentimento, nada. Como se eu fosse só mais uma desconhecida que acabou esbarrando com ele em um lugar...especial.

As lembranças ficaram no lugar delas por um bom tempo. O loiro nem passava mais pela minha cabeça. No entanto...Agora é a única coisa que vem.

Como os nossos dedos se cruzavam, ou como os lábios dele desciam pelo meu pescoço até a curva das minhas pernas. Lembranças que prefiro imaginar que sejam do lado sensível físico que ainda existe dentro de mim, não que esteja relacionado a alguma porra de sentimento.

Mordo a nicotina que vem com a fumaça para os meus olhos. Amo o Charlie. Não sinto mais nada por ele. Dou uma olhada no menino de cabelo castanho que dorme sem preocupação na cama. Não posso fazer isso com ele e nem comigo.

Jogo o cigarro no chão e piso nele com força. Respiro fundo tomando um pouco de ar quando a minha mente se abre de uma forma que eu não sentia há meses. Corro até o papel mais próximo que encontro, procuro a caneta e escrevo sem pestanejar o parágrafo que veio como um raio pra mim:

Ela nem se preocupava em parecer maluca escrevendo mais uma das cartas. Precisava daquilo tanto quanto precisava respirar. Cada palavra ou momento era necessário. Cada pequeno ponto ou tentativa. Como um avião saindo do aeroporto: sem volta, não tem como para-lo sem acabar tirando alguém de dentro.

Nem sabia se fazia sentido ou não, mas ali estava. Um trecho que poderia fazer parte de algo muito maior. O livro que tinha que entregar em um mês talvez?

- Por favor, qualquer coisa - peço juntando as minhas mãos - Até uma releitura dos três porquinhos - suplico. Qualquer coisa.

- Any? - dou um pulo na cadeira ao ouvir o meu nome preso na voz sonolenta - Você está bem? - me levanto o mais rápido que consigo e vou até a cama sorrindo.

- Precisa ir ao banheiro - digo torcendo para não estar com cheiro de cigarro. Charlie nem ligar, apenas dá de ombros e fecha os olhos. Me aproximo deitando a cabeça no travesseiro e finalmente conseguindo dormir.

Josh Beauchamp.
- Não e não, Kim! Você é maluca?

- Por favor Kyle! Eu juro que nunca mais peço nada - a menina de 17 anos parece uma criança parada na frente da minha mesa do escritório com o papel nas mãos. Respiro fundo a encarando.

- Estou de férias - digo mais calmo e tentando fazê-la ter piedade dessa pobre alma, mas ao invés disso, recebo um revirar de olhos - Kim, eu não danço há anos. Como é que eu vou fazer a coreografia de uma peça? - pergunto juntando as minhas mãos debaixo do meu queixo.

- Kyle que mentira! Você continua dançando muito bem - tenta, mas apenas suspiro me jogando pra trás girando a minha cadeira para que eu fique de frente pra janela - Vai ignorar?

- Estou pensando - minto, porque eu realmente pretendia ignora-la. A porta é aberta e quem passa por ela é ninguém menos que a minha noiva com um vestido rosa claro que combinou muito bem com o cabelo solto - Chegou cedo hoje.

- Sem muito o que fazer no estúdio - Ela dá um beijo no rosto da minha irmã que sorri por dois minutos antes de virar pra mim séria de novo - Nossa que clima tenso. Atrapalhei algo? - pergunta sentando no meu colo depois de um selinho.

- Que nada.

- Que nada? Você acha que eu tenho cara de palhaça por acaso? - a encaro diante do tom de voz e isso faz com que ela resmungue alguma coisa - Por favor Kyle.

- O que você quer? Talvez eu possa ajudar - Dytto sugere tentando amenizar a situação. A minha irmã olha pra mim e depois pra ela. Cruzo os dedos para que ela se cale.

- O Josh não quer ensinar a minha turma de teatro uma dança de cinco minutos para a nossa apresentação - diz no tom mais dramático que consegue.

- Ah mas, você dança? - a morena se vira curiosa. Dou de ombros, mas logo faço que não - Pare de ser um mentiroso Josh! Sabemos que dança sim seu safado. Como escondeu isso de mim - Kim bufa e quase agradeço de mudança de assunto.

- Eu não danço... - a porta do escritório se abre. Paro de falar querendo ver quem está entrando.

- Bom dia pessoal.

- Taylor.

Galera!! Me bateu uma vontade de escrever e né que eu escrevi???

My Teacher  - Beauany 2TempOnde histórias criam vida. Descubra agora