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Any Gabrielly. 

O vestido se aperta contra as minhas costas me dando a sensação que posso morrer a qualquer minuto e até tento dizer isso para a Sabina, mas como o que aconteceu nas últimas horas, sou completamente ignorada como uma criança pedindo um brinquedo. Me apoio contra a mesinha sentindo as minhas pernas fraquejaram ao som de Ariana Grande que foi deixada de fundo da tortura de moda qualificada.

- Para de respirar - pede pela terceira vez em dez minutos e tenho vontade de enfiar aqueles grampos na garganta dela - Any! - faço que não puxando o zíper do vestido pra baixo deixando as minhas peças de baixo a mostra - Não acredito que você destruiu duas horas de trabalho intensivo! - tenho vontade de ri da cara de brava que ela faz, mas ao invés disso troco o mesmo olhar de tensão.

- Olha, eu posso muito bem ir com o meu casaquinho rosa e aquela vestido preto sem ficar delegante - assim que digo isso me arrependo, porque ninguém gostaria de ser alvo dos pensamentos da mexicana com raiva - Ok, eu vou com aquele vermelho - me dou por vencida indo até o closet, mas conseguindo escutar os pulinhos de satisfação dados pela morena.

- Você fica linda de vermelho, principalmente aquele que te faz parecer a Lou de Como eu era antes de Você - diz se deitando na cama a espera da minha entrada triunfal pelo tapete de gala - Quer dizer, menos a parte do Josh ser um cadeirante, mas o resto é bem parecido - faço uma cara de quem "não acredito que você está dizendo isso mesmo" - Tá. Essa comparação foi bem triste.

- Bem triste - concordo tentando puxar o fecho do meu vestido. O arrumo na bainha passando a mão pelo meu decote antes de sair do meu esconderijo ultra mega secreto - Ficou muito estranho? - pergunto me sentindo muito bem, no entanto, o meu gosto não costuma ser tão bom assim.

Sabina se levanta vindo na minha direção. Toca no meu braço marcado ao lado do meu corpo e sorri como uma velha conhecida.

- Parece a velha Any - conclui me deixando feliz. Me deixando muito feliz. A antiga Any lembra a garota que eu quero trazer de volta, mas não consigo - Aliás, precisamos arrumar um vestido de outra cor para o casamento do Krys - a lembrança me faz ri de frente para o espelho observando o meu reflexo. Sabina põe a cabeça no meu ombro com um suspiro longo - O seu príncipe encantado está a sua espera - fala me deixando com vontade de sorri, mas preciso me controlar.

- Ele provavelmente vai estar com a noiva - o comentário deveria ser a sensatez se sobrepondo, mas não consigo deixar se sentir certa...Tristeza? - E eu sou comprometida também.

- Com o Charles - complementa com cara de nojo me fazendo empurra-la de leve - Qual é Any? Mais de cinco anos para se reencontrarem e acabar nisso? - a observação faz uma nova onda de esperança vibrar em mim - Vamos logo com isso.

Não digo nada. Sabina sai do quarto avisando que vai pedir pra estacionarem o carro na frente do prédio. Passo a mão pelo meus cachos que não estão tão bem definidos, entretanto, nunca pareceram tão reais pra mim. O vestido realça o meu tom de pele, enquanto o dourado do meu salto grita contra a luz. Com uma onda de coragem ressurgindo vou até o porta joias que sempre mantive fechado, encontrando o colar que ganhei quando o Josh me pediu em namoro há tanto tempo. Fecho ao redor do meu pescoço sentindo o calor que aquela peça trás a minha pele, já quando eu sinto o anel pesando no meu dedo da mesma forma que pesa nas minhas costas, faço a única coisa que deveria ter feito.

O deixo para trás.

- Any?

- Já estou indo.

Josh Beauchamp.

Já são quase oito da noite quando chegamos até o centro de concentração. Kim sai correndo do meu lado assim que chega sem nem ao menos esperar o meu beijo de boa sorte. Procuro o meu lugar nos bancos da multidão com uma luz acesa de encontra-la já sentada ali nos esperando, mas não a encontro como sempre. 

Dytto não pode vim, já que tinha uma campanha marcada pra hoje de tarde e o transito não permitiu com que ela chegasse a tempo. Vários pais, irmãos e outros adolescentes passam por mim segurando a gravata como se quisesse arranca-la e me sinto ótimo por não estar usando aquele troço de tortura maior no meu pescoço. 

- Josh? - me levanto fazendo o banco virar com força pra frente batendo contra uma menina que devia ter uns 10 anos. Peço desculpas antes de me virar pra dama de vermelho que tem um sorriso no rosto que me faz sorri instantaneamente - Oi.

- Oi - cumprimento de volta com as duas mãos postas na frente do meu corpo - Você está bonita - meu. deus. Quase 30 anos e eu falando uma coisa dessas. Por favor Deus? Faça o favor de me levar o mais rápido possível.

- Ah, obrigada - ela faz o vestido balançar um pouco para os lados - Eu acho que vermelho é a minha cor - conclui agora olhando pra mim.

- Com certeza - balanço a cabeça instintivamente, já que não sei o que responder nessas horas -  Seu lugar - aponto para o espaço ao meu lado. Vejo que ela procura de forma tímida ao redor e tenho a plena certeza que está procurando por Dytto - Ela teve um imprevisto.

De repente me vejo em uma situação terrível tendo que resistir a uma mulher de vermelho. Ela concorda sentando no lugar que falei ser o dela sendo seguida por mim logo depois. Tento manter a compostura próximo dela daquele jeito mantendo os meus dois braços bem distantes dela.

- A Kim te falou o personagem dela? - me assusto ao escuta-la sussurrar pra mim. 

- Ela me falou nada - digo rindo diante do mistério todo. As luzes se apagam e a cortina começa a se afastar uma da outra. 

Uma menina se aproxima do centro do palco com um vestido cheio de purpurina e uma travessa imensa de unicórnio na cabeça. Ela começa a falar alguma coisa bem divertida que faz metade da plateia ri, até a Any, para logo depois várias crianças começarem a entrar girando pro lado e pro outro. Reconheço a dança que ensaiamos dez minutos depois, antes de outra garota entrar com um imenso texto na mão encarando todos ao nosso redor.

- Romeu e Julieta - murmuro assim que reconheço as primeiras estrofes. Any se mexe ao meu lado - Tinha que ser.

- Eu acho uma ótima peça para o fim de noite - reconheço o tom irônico de longe - Nostálgica.

A encaro por dois segundos me perguntando se ela está se referindo a noite que dormimos juntos. Quando acordei e a encontrei sentada com a luz do Sol refletindo no rosto sorridente preso no caderno de pintura, antes que eu sentasse na cama esperando a minha vez de ser eternizado nas curvas da linha dela.

Kim surge com um imenso vestido seguido de uma ruiva e de repente descubro que a minha irmãzinha é a própria Julieta. Eu espero que ela veja como estou me sentindo realizado ao estar com ela naquele momento depois de tudo. Penso em acenar, mas isso seria muito idiota até mim então por isso fico aqui sentado quietinho.

- A despedida é uma dor tão suave que te diria "boa noite" até o amanhecer - murmuro assim que vejo o menino subir para falar com a Julieta. O Romeu. 

- Todo mundo é capaz de dominar uma dor, exceto quem a sente - fico surpreso quando a escuto falar depois de um tempo em silencio. 

- Se você não tem fracassos na sua vida, é porque deixou de assumir os riscos que deveria - o ar fica tenso. Ela não diz nada, então também fico em silencio, então nem percebi que a sua mão havia se aproximado o suficiente encostando o mindinho com o meu.

Respiro fundo sentindo os nossos menores dedos dançando um com o outro até que a coragem nos reverbera fazendo com que as peles entrem em contato queimando cada pequeno célula do meu corpo. Não existem frases o suficiente que possam expressar o que realmente acontece entre nós dois.

Somos eternos. O que sentimos é eterno.


My Teacher  - Beauany 2TempOnde histórias criam vida. Descubra agora