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Nem agradeci por termos chegado a mil votos!!! Escrever sem vocês dá um vazio imenso, mas quando eu percebo que existem sim pessoinhas iluminadas lendo o que eu escrevo tudo melhora :)

Any Gabrielly

Observo de longe o meu irmão falando com pressa, enquanto gesticula as duas mãos em gestos rápidos e precisos como um general. A equipe parece bem concentrada no que ele diz, mesmo que a maioria pareça querer sair correndo diante da possibilidade de cometer algum deslize no primeiro jogo da temporada. No entanto, noto contente, Charlie parece bem tranquilo com uma garrafa nas mãos desviando a atenção que estava no treinador para o chão e depois para o estádio.

O lugar era imenso. Eu nem me lembrava que parecia tão grande assim, por isso fiquei chocada com o tamanho. Charlie me contou que todos os ingressos foram vendidos em menos de 24 horas, logo após o seu anúncio e isso parece bem claro quando todos os assentos estão sendo ocupados faltando ainda meia hora para o início da partida - Las Vegas sempre foi uma cidade muito interessada em qualquer evento que aparecesse por lá e isso ficou bem claro pra mim depois de hoje.

Os meus olhos se atentam a uma figura que parece mais perdida do que uma torcedora andando entre os bancos. Sabina parece bem focada em desviar do aglomerado que se formava ao seu redor, mas mesmo assim desviou a sua atenção para mim que sorri como resposta. Fiquei bem aliviada quando ela acenou de volta, já que o nosso último encontro não havia terminado muito bem e nem as nossas ligações. Tenho certeza que ela preferia estar sentada em uma mesa com vários outros executivos que estivessem interessados nos meus livros que deveriam ter sido comprados por quatro editoras hoje.

Não presto atenção na aproximação do meu namorado que segue o meu olhar para descobrir no que eu tanto penso que nem percebi a presença dele de imediato. Me viro com um sorriso maior ainda, enquanto a sua mão encontra a minha de forma tão delicada que parece que estamos com medo de alguma coisa, mas a sensação logo passa quando os nossos dedos se entrelaçam.

- Fico feliz que esteja aqui - revela baixinho - Não existe outra pessoa que eu gostaria tanto de ver nesse estádio - o meu coração se aquece diante da sua fala. Não tenho arrependimentos de ter desmarcado a reunião, porque isso me fez poder estar ali com ele em um momento tão importante quanto esse.

- Estou feliz em estar aqui, Charlie. Mesmo - digo e sou sincera. Talvez a Sabina e o resto do mundo não entenda, mas eu entendo e me sinto ótima naquela posição - Quantas garotas no mundo tem a oportunidade de ver o namorado marcando o lance da temporada? - pergunto o fazendo ri.

- Se eu marcar, né? - o tom de dúvida me faz inclinar na sua direção juntando os nossos lábios em um gesto simples que gritava "boa sorte". Ele me observa com a boca entreaberta como quem espera mais e quando percebe que isso não vai acontecer, murmura: - Podemos fugir pra nossa caminha quentinha... - a ideia me faz corar violentamente.

- Charlie! Não acredito que você realmente está pensando uma coisa dessas - finjo estar séria, mas acabo falhando ao sorri - Podemos fugir depois do jogo - prometo o fazendo revirar os olhos, entretanto concorda voltando a atenção para a formação que o cunhado começava a fazer na entrada - Melhor você ir.

- Te vejo depois do jogo, né? - pergunta já se afastando com o cabelo castanho claro balançando em pequenas ondas como uma criança. Uma criança tão linda. Meneio com a cabeça sinalizando que sim, enquanto ele anda até o resto do grupo.

Não consigo deixar de sentir um alívio tocar o meu coração o vendo tão bem dessa forma. Faz quase dois anos da última crise pesada dele em que eu precisei ficar mais de uma semana presa no hospital esperando que ele acordasse depois da overdose que veio após uma briga séria nossa. Fecho os olhos agradecendo a todos os dias de paz que o tratamento trouxe e meu deus como eu era agradecida diante disso. Vendo ele, com a camisa do time, rindo ao lado dos colegas me faz ter a certeza que faria tudo de novo caso pudesse.

Tudo de novo.

- Senhorita Franco? - me viro encontrando um segurança de quase dois metros que tem uma expressão tão amigável que não evito de sentir uma grande simpatia por ele - Quer que eu a leve para o camarote? - pergunta apontando para o lugar que ficava acima de alguns lances de escada. Vejo alguns homens com copos em uma das mãos, enquanto a outra segura outras modelos que pareciam bem desconfortáveis.

- Não, obrigada. Vou ficar por aqui mesmo - respondo dando uns dois tapinhas nas suas costas antes de subir a escadinha que dá acesso aos outros bancos. Cantarolo uma musiquinha de comercial que ficou na minha cabeça, enquanto ando em sentido de "zigue zague" procurando o lugar mais acessível.

O que eu não contava era que alguém esbarrasse nas minhas costas ao mesmo tempo que sinto algo extremamente gelado tocando na minha camisa - que marcava o número "15" do Charlie. Solto um "ah" ridículo encarando a situação toda. Isso tinha que acontecer comigo, sem dúvidas. Quase 300 pessoas nesse lugar e isso aconteceu exatamente comigo.

- Porra! Viu só Kim? Que merda - sinto o seu toque sobre o meu ombro estática - Você está bem? - antes mesmo do nome da irmã ser mencionado, eu já sabia de quem se tratava. O destino é algo tão engraçado que me deixa em choque. Levanto a cabeça encontrando os dois olhos azuis que estão passeando pela região abaixo do meu pescoço que estava arruinada. A arte de reconhecimento passa para o meu rosto soltando um suspiro incrédulo - Ah claro. Any - solta. Eu me sentiria bem ofendida se a frase não tivesse saído com um sorriso astuto.

- Pois é - suspiro com os braços estendidos ao lado do meu corpo. Kim aparece recebendo um olhar furioso do irmão mais velho, o que me faz ter certeza que a culpa de tudo foi dela - Mas está tudo bem. Quer dizer... - tento passar a mão pela minha roupa - Eu acho que isso não vai me matar.

- Desculpa - ele parece bem sentido olhando o 15 todo manchado - Sério mesmo. Isso é uma merda - os seus olhos pesam parecendo sentir muito mais do que antes. Abro o melhor sorriso dando de ombros.

- Any, você não tem nenhuma blusa aí? - a voz da irmã o faz voltar como o cara mais velho e bravo de antes. Espero que ele ainda se lembre que homicídio é crime. 

- Pior que não - respondo me amaldiçoando por não ter pego nenhum casaco... - O que voce está fazendo? - pergunto surpresa assim que ele começa a tirar o casaco imenso que estava ao seu redor. Ele o arruma antes de estender pra mim.

- Não vou te deixar assim, né? - antes que eu possa protestar, sinto os seus braços ao meu redor aquecendo qualquer sensação gelada sumisse diante do contato. Prendo a respiração, enquanto ele termina de arrumar a roupa ao meu redor. A minha pulsação está tão acelerada que não escuto nem mesmo o apito que anuncia a partida - Pronto. Bem melhor.

Ele se afasta e por Deus! Preciso dele mais perto de mim outra vez. Só falto grunhir de frustração me sentindo idiota por isso, mesmo que eu tenha visto os seus lábios franzidos com os pés hesitantes em se afastarem de mim. 

Os refrescos...

Lara.

My Teacher  - Beauany 2TempOnde histórias criam vida. Descubra agora