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oi, pra quem não se lembra eu sou a sam/lara escritora dessa história. eu fiquei um bom tempo afastada, porque perdi a vontade de escrever e continuo sem tanta motivação por questões em pessoais, no entanto, hoje, eu abri o watppad após meses e me reconheci em cada palavra de cada pequeno capítulo. cresci escrevendo as histórias desse perfil e elas me ajudaram mais do que tudo, então eu sinto que é a minha obrigada dar um ponto final a my teacher.

não escrevo como antes, mas espero que vocês consigam entender o sentimento de gratidão que eu tenho direcionada aqui.

com amor,

Any Gabrielly,
A casa costuma estar animada pelos jogos que estão sempre no último volume na TV, mas, dessa vez, por algum motivo, quando eu entro no ambiente so consigo ouvir o som do meu toque na maçaneta. Dez horas é o horário que o relógio marca e uma súbita onda de medo invade o meu peito.

O Charlie já devia estar em casa. Eu acho que uma parte minha ficou apavorada com a simples possibilidade dele ainda não estar em casa, enquanto outra...Por mim? O medo era por mim?

Deixo a bolsa na estante e ando procurando algum sinal dele ao redor, pelas prateleiras, na mesa, no sofá ou por trás do sofá. Procuro o Charlie como quem procura um ladrão. Abro a boca pensando em gritar o nome dele, mas nada sai. É assustador pensar em como eu estou amedrontada neste exato segundo.

Querida? - a voz me assusta. Dou um passo em falso para trás batendo as minhas costas contra a parede e murmurando com dor. Olho para o lado e la está o meu namorado com uma camisa azul e sapatos branquinhos — Eu estava te esperando para o jantar, mas pensei que fosse comer fora hoje. — O sorriso é jovial. Me pega de surpresa e acabo gaguejando surpresa. — Tudo bem?

Eu acho que devo estar deixando claro que não está tudo bem pelo jeito como os olhos dele estão procurando os meus. Eu gostava de como esse olhar parecia tão preocupado, no entanto, hoje, especificamente, não sinto nada além de um certo embrulho.

Eu acho que essa é a sensação de quando traimos alguém. De quando mentimos, enganamos e, principalmente, de quando sabemos que o outro sabe. Eu soube. Soube assim que pus os pés pra dentro de casa, por isso o medo. Por isso o tilintar do meu coração parecia tão diferente.

Charlie sabe.

— Estou bem. — Tento parecer normal. Tento me mover naturalmente, como alguém que acabou de chegar em casa após um dia cansativo.

Adentro a cozinha com as minhas botas marcando o chão de cerâmica. Ele segue os meus pés por todo o trajeto até que preciso olhar para baixo para ter certeza que não tem nada me perdendo ao chão. Abro um sorriso hesitante antes de abrir a porta da geladeira.

Sabe aquele momento em que você sabe que algo deu errado? Que você sente medo e já prepara cada músculo do teu corpo para receber a pancada? Esse foi o meu momento. A garrafa de vidro balança e...

Cocaína. Um saco imenso de maconha e outro com heroína. Sei disso porque já joguei vários no lixo durante as crises do Charlie. Sei o que cada um faz, mas nunca vi os três sendo usados juntos. Não com ele.

Paraliso. A camisa azul.

— Charlie? — A minha voz sai trêmula. Escuto uma tampa sendo aberta. Ele murmura alguma coisa e outra tampa se abre. — Por que você está de azul hoje?

My Teacher  - Beauany 2TempOnde histórias criam vida. Descubra agora