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Josh Beauchamp
Eu odeio quando muitas pessoas ficam em cima de mim e parece que isso estava acontecendo a cada maldito segundo. Encaro a janela do lado de fora tentando sentir o vento que batia nas árvores com uma ferocidade que me deixou amedrontadas com a força do ar superior. Arrumo o meu cabelo encaixando o gorro melhor nos meus cachos, enquanto mordo um pouco mais da nicotina como forma de aliviar a tensão toda.

- Hey – alguém puxa o cigarro presos entre os meus dentes – De manhã cedo, Josh? – Dytto joga o meu pequeno amor pela janela fazendo com que eu a encare com as sobrancelhas arqueadas diante da ousadia sem hora, mas ao invés de sentir medo do meu empoderamento, ela senta no meu colo olhando o meu computador – Tudo isso é por causa da viagem?

Todas as vezes que eu ficava muito mal, acabava que várias e várias páginas eram escritas. Roteiros de diferentes filmes, séries e até desenhos, mas outras vezes – bem poucas vezes – se tratavam de comandos de aulas, ou questões envolvendo literatura acirrada. Ela recosta a cabeça no meu ombro, enquanto nossas mãos se tocam com uma ternura já conhecida.

- Talvez – respondo sendo sincero – Não sei como aceitei essa viagem para Las Vegas sem nenhum protesto – falo a fazendo sorri como maneira de me fazer ficar melhor, mas sei que não concorda comigo – Teremos que adiar o casamento para um mês, por causa dessa viagem, Courtney – o nome dela brinca nos meus lábios e isso a faz ri.

- Mas a Kim vai ficar melhor e isso que importa, né? – pela primeira faço que sim com uma sensação certa na minha garganta – Além disso, imagina nós dois casados em um cassino? – sei que ela está falando só de brincadeira, por isso resolvo entrar no jogo.

- Seria mágico, não seria? – os seus olhos se arregalam – E se nós dois nos cassássemos nus em um cassino? – o que recebo dessa vez é um tapa, fraco, no ombro ao mesmo tempo em que ela se separa de mim ficando em pé – O que foi? – pergunto inocente me levantando para colocar as minhas duas mãos ao redor da sua cintura.

- Eu poderia entrar pelo menos com uma camisola, mas nua? – a questão me faz ri, enquanto roço a ponta dos meus lábios no seu pescoço – Josh! Estamos no escritório... – ela derrete assim que junto as nossas bocas, como sempre acontecia. Consigo fazer com que ela sente-se à mesa com as duas pernas abertas me dando liberdade de entrar no meio delas com precisão – Seu tarado! – sussurra no meu ouvido, não me dando espaço para escutar a porta se abrindo.

- Vocês dois são dois tarados inveterados – me afasto apenas o suficiente para ver a minha irmã entrando com uma caixa nas mãos – E bom dia para os dois – Dytto me empurra para o lado com um sorrisinho de lado – Diria para continuarem, mas eu realmente preciso do Josh aqui – pede e sei que ela não quer que continuemos.

- Nossa! – a minha noiva vai até a cunhada tocando na caixa – Isso daqui não era a caixa misteriosa que ficava no depósito? – pergunta fazendo a minha irmã concorda com um tom de mistério maior na voz – Que milagre foi esse de tirarmos ela de lá? – encaro Kimberly que apenas dá de ombros.

Com 17 anos, Kim era a adolescente mais inteligente que eu já havia conhecido. O cabelo loiro beirando a cintura e os olhos mais azuis do que verdes agora piscando com curiosidade diante da cena, enquanto por dentro os cacos se reviravam. A nossa mãe morreu há apenas dois meses, bem na época em que a filha mais nova estava recebendo a carta da faculdade de cinema. Isso vez fazer com que ela ficasse muito mal, tão mal que a ideia foi: Que tal levarmos a Kim para passar um tempo na cidade em que viveu a melhor época da vida dela?

- Pensei que talvez o Josh pudesse querer algo daqui – me apresso em tirar a caixa de perto delas – Falei – lanço um olhar furioso na sua direção que retribui com um sorriso baixo. Coloco em cima da mesma sendo seguido por Dytto, enquanto puxo um maço de cigarro da gaveta da minha mesa – Que nojo – faz cara de besta fazendo com que eu revire os olhos.

- Essa caixa vai pra Las Vegas por questões de trabalho – me desculpo sabendo que a Dytto não teria como saber, mas Kim sabia – Nada de tão importante aqui – digo olhando para a câmera que está no fundo da caixa guardando momentos que nem achei serem possíveis de esquecer (eles são impossíveis de esquecer).

Desde o dia na neve, a primeira vez que ela dormiu em casa, a segunda e a terceira, o dia em que ela me ajudou na cozinha, o dia em que tomamos banho de chuva e o dia em que ela foi embora. Existem diversos motivos que me fazem guardar fotos. Guardo fotos do meu primeiro encontro com a Dytto, de todas as vezes que nós dois viajamos e guardo fotos da Kim pequena ao lado da mamãe. O mais forte deles são as lembranças que suspiram por trás de cada sorriso.

E cada foto, folha ou Sol me lembra dela. Mesmo que eu não queira. Me lembra das mensagens, conversas e encontros. Me lembra do cabelo, cheiro e jeito dela. Me lembra a maluquinha que amei e que parte de mim ainda insiste em amar.

Acendo o cigarro.

Bom dia :)
Lara.

My Teacher  - Beauany 2TempOnde histórias criam vida. Descubra agora