Josh Beauchamp.
A porta do meu escritório é aberta devagar, como se a pessoa por trás do ato estivesse com medo de realiza-lo. Deixo a papelada de lado dando uma rápida olhada no relógio que marcavam exatas nove horas da manhã. Kim aparece vestida com um daqueles vestidos que eu mandaria queimar se ainda pudesse opinar sobre o guarda roupa dela, botas grossas e o cabelo enrolado nas pontas, mas de um jeito bagunçado. Aponto a cadeira na minha frente, no entanto, acabo recebendo um aceno negativo de cabeça.
- O Gary disse que você queria falar comigo - diz e observo a forma como as suas unhas afundam na cadeira de couro. Abro um sorriso para amenizar a tensão da coisa toda e isso parece diminuir a força que ela aplica sobre o móvel.
- Bem, eu quero mesmo - o meu tom de voz é extrovertido, mas sinto estar suando por não saber como iniciar aquela conversa que tinha como objetivo desfazer o cara irresponsável que eu havia enraizado na cabeça da minha irmã mais nova - Kimberly, sinto muito por ontem. Foi horrível da minha parte... - paro quando ela levanta a mão pra mim como se quisesse que eu parasse de falar.
- Josh, está tudo bem - diz tranquila - Eu sei que não foi a sua intenção. O trabalho parece estar ocupando bem o seu tempo e os seus pensamentos, então eu entendo mesmo que o que aconteceu fugiu do seu controle - a observo com aqueles olhos azuis tão serenos. 17 anos. Quando foi que ela cresceu tanto? - O que foi?
- Só estou me perguntando quanto tempo passou pra você já ter se tornado tão dona de si - ela acha graça - É sério! Na sua época eu era extremamente maluco e desorientado... - digo me perdendo entre as palavras e depois voltando a minha atenção para a minha irmã, outra vez - Podemos compensar todo esse atraso na sexta - aviso a fazendo formar uma careta confusa - Dytto insistiu para irmos a um jogo violento aí e se caso quisesse vim junto seria bem legal, né? - faço o convite com os dedos cruzados para que ela aceite.
- Só nós três? - a desconfiança é presente na sua voz. Confirmo veemente torcendo para que acabe acreditando realmente em mim - Nada de telefonemas, trabalho ou qualquer coisa que te faça esquecer de onde estamos? - abro a boca para retrucar alguma coisa como "o meu trabalho não me faz ficar desorientado", mas antes disso apenas concordo com os termos - Então nos vemos na sexta maninho - a alegria que vejo no rosto dela me faz passar o resto do dia quase acreditando que consigo ser um bom irmão alguma vez na minha vida.
Any Gabrielly.
- Any, sinceramente eu não faço academia cinco horas por dia pra no final todo o meu esforço ir pro ralo, porque você me dá esses docinhos lindos e deliciosos de presente! - o protesto da Sabina me faz ri, principalmente porque enquanto fala o canto da sua boca está completamente sujo de chocolate (como os dedos que passeiam de cinco em cinco segundos entre os lábios dela).
- Prometo não te trazer mais a nenhum tipo de confeitaria até os próximos 100 anos - a observo arregalar os olhos diante da proposta terrível, já que não fazia sentido que ela tivesse uma boa reação diante da situação em que a Sabina só sabia qual era o gosto do açúcar por causa de mim - Claro, se você quiser sempre terei uma horário vago na minha agenda.
- Pode ocupar então - diz firme colocando o último pedaço de bolo na boca - Mas, por falar nisso, por que o encontro? Você disse que era profissional - lembra voltando a ser a minha assessora séria e importante. Cruzo os meus braços na altura do meu peito observando a fumacinha que sai do meu café intocado.
- Preciso que de um jeito de desmarcar a reunião com os produtores na sexta - informo a fazendo me encarar com os lábios cerrados com a clara pergunta presa no rosto escultural - O Charlie tem jogo. Não posso perder - explico dando de ombros. Ignoro a forma como ela me encara do outro lado da mesa pronta para me sacudir o quanto pode pra fazer com que eu mude de ideia.
- Mas pode perder um encontro super importante com editores alemães, né? - o seu tom de voz deixa claro como odiou o serviço - Any é a segunda vez só esse ano. Qual vai ser a próxima desculpa que eu terei que inventar? - mesmo que eu entenda o lado dela, não consigo deixar de ficar chateada por ela não entender o meu (que por acaso é super compreensível) - Desculpa, mas nós duas sabemos que os compromissos do Charlie são sempre mais importantes do que o seu.
- Claro que são! - elevo um pouco a voz fazendo com que algumas pessoas olhem - Ele passou por um momento difícil, ok? Preciso estar lá caso ele precise de alguém - digo mais baixo esperando que ela me entenda sobre todas aquelas vozes que ecoam pelo salão.
- Virou ponte do garoto agora? - reviro os olhos obviamente irritada - Olha Any, eu sei que o Charlie sofreu com as drogas e todas aquelas questões que quase te levaram junto. Sei também que ele foi como um milagre na sua vida depois de todo aquele tempo com o coração partido, mas nada disso justifica o fato de sempre ouvir a felicidade dele acima da sua, entendeu? - ela parece uma mãe irritada e isso me deixa irritada. Não preciso da opinião de ninguém pra nada - Se isso tem a ver com o Josh...
- Não tem nada a ver com ele - as minhas costas doem - Preciso ir - deixo uma nota de vinte dólares em cima da mesa - Faça o que eu pedi, ok? Ligo mais tarde pra saber como foi - as palavras saem como passos de um robô e me sinto uma peça de um grande quebra cabeça diante de tudo aquilo.
Antes que eu escute qualquer outra coisa da minha melhor amiga, saio pela porta da frente sem olhar pra trás.
BOA NOITEEE!! A saga vai começar a partir do próximo capítulo hein? Fiquem atentos ao que vai sair dessa grande sexta?
Lara.
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My Teacher - Beauany 2Temp
أدب المراهقينÉ mais fácil fingir que nada aconteceu. Fingir que durante todo esse tempo só aconteceram coisas boas, pessoas novas e conquistas. Talvez assim, só assim, eu possa esquecer que não aconteceu um final feliz para nós dois. Possa esquecer todas as sens...