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Josh Beauchamp.
Kim parece quieta ao meu lado. Eu, particularmente, não gosto muito de hospitais ou daquele tumulto todo na porta de espera, mas não desgrudei os pés do piso encerado. A Sabina pediu pra ficar com a Any por meia hora - já foram três - e eu aceitei principalmente porque, eu acredito, que a morena ficasse melhor com a melhor amiga do que comigo naquele momento.

Não entendi direito tudo o que aconteceu e a sensação é um soco no estômago ao saber que, em parte, foi culpa minha. Ela estava noiva, tinha uma carreira promissora e uma família estável. É como se tudo tivesse ido por água abaixo.

E eu não gostava dessa sensação. Me sentia perdido em meio aquele caos, principalmente com a Any deitada com vários médicos em volta tomando conta dela. Como se ouvisse os meus pensamentos, Kim apertou os dedos ao redor da minha mão e deitou a cabeça na meu ombro. O toque me deixou mais relaxado, mesmo que a tensão continuasse a mesma sobre a minha cabeça.

- Se você quiser ir pra casa, pode ir. Eu fico aqui e ligo qualquer coisa. - aconselho mantendo o meu polegar na mancha preta que marcava o dedo da caçula. Ela faz que não com a cabeça e depois se mantém reta olhando para frente. - O que foi?

- É sempre assustadora essa sensação de estar prestes a perder alguém. Você não acha? Senti isso com a mamãe e com o papai, agora com a Any. É como se nos perseguisse. - a voz trêmula me deixa confusa e, por um momento, penso que ela vai começar a chorar. Pra minha sorte, a loira só apoia a cabeça nas mãos e se mantém em silêncio.

Não sei lidar com ninguém chorando, principalmente a Kimberly. Passo a mão pelo cabelo preso em uma trança e abro o melhor sorriso que consigo, antes de encostar a minha testa no ombro dela.

- Eu sei, sinto a mesma coisa. - sussurro de volta.

A porta do quarto 6 é aberta e a Hidalgo sai de lá bem diferente de quando tinha entrado. Olheiras marcadas, um rabo de cavalo e uma sacola branca recheada de coisas - o que eu imagino ser os descartáveis. Ela sorri ao me ver levantar e depois aponta com a cabeça para a porta.

- Desculpa pela demora. Ela tinha muito pra falar e pensar. - diz e eu respondo um "tudo bem" baixo. - Ela tá dormindo agora, mas se você quiser entrar, fica a vontade. - oferece e eu tendo a ir, no entanto, tenho medo de atrapalhar o sono dela.

- Eu vou esperar mais alguns minutos e depois entro. - olho pra minha irmã que parece entretida com algo no celular. - E ela está bem?

- Dores de cabeça e na garganta, além de, claro, a tristeza e confusão em maior parte do tempo. - ela vai até a cadeira ao nosso lado e senta ali. - Ela estava bem de manhã, o problema foi terem anunciado sobre o depoimento do Charles agora.

Arqueio uma sobrancelha surpreso. Isso era novidade pra mim, já que eu não fazia a menor ideia de que fariam o depoimento sem a Any está em condições de lidar com a situação, mas parece que esperar não faz parte da conduta da polícia.

- Amanhã que horas? - pergunto sentando ao lado dela e mantendo os olhos na sacola.

- Josh, você não pode entrar e eu aconselharia a não lidar com o Charles agora. Você pode perder a cabeça.

- Eu sei, eu só queria ouvir ou ver. Não preciso falar com ele ou me intrometer. Aliás, eu vou ser chamado em algum momento não vou? - jogo de volta e ela concorda, relutante. - Não vou fazer besteira, Sabina. Eu realmente só quero assistir.

Ela demorou alguns minutos até tirar um papel do bolso de trás da calça e entrega-lo à mim. Agradeço com um gesto rápido de cabeça.

Amanhã, às 15:00.

My Teacher  - Beauany 2TempOnde histórias criam vida. Descubra agora