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Any Gabrielly.

- Kim! - grito quando ela começa a correr pela rua coberta de neve. Josh ri do meu lado vendo o meu desespero, enquanto tentava segurar os patins ao mesmo tempo que segurava a outra sacola que tinha os elementos de proteção. Começo a ri ao mesmo tempo tentando acelerar o meu passo que ficava cada vez mais difícil a medida que o meu vestido dos anos 80 começa a levantar ficando acima do meu joelho fazendo com que o ar frio entre me congelando. 

- Andem logo! - a loirinha grita de volta a medida que vamos ficando cada vez mais pra trás. Josh olha pra mim e dá de ombros obedecendo a ordem da irmã chegando quase ao mesmo tempo que ela no campo de patinação ao gelo. Preciso de dois minutos para poder me recuperar, enquanto Kim já conseguiu meter os patins nos pés e já está patinando pela pista totalmente escorregadia sem ajuda de ninguém.

O Josh senta do meu lado fazendo com que eu fique em alerta aos sinais que o meu corpo sempre lança ao senti-lo por perto por isso preciso ficar ereta tentando colocar os malditos patins sem parecer toda eletrizada pela aproximação dele. O mesmo parece bem tranquilo calçando os seus azuis lindos que parecem ter saído daqueles filmes castelos de gelo. Não sei porque não peguei eles ao invés dos amarelos.

- Tá tudo bem aí? - escuto a sua voz soando e preciso me virar pra conseguir processar as palavras que ele está dizendo. Pisco umas cinco vezes como uma maluca e depois consigo sorrir abrindo a boca para responder quando já o vejo de joelhos na minha frente pondo os meus pezinhos nas coxas dele, enquanto o mesmo se preocupa em amarrar os idiotas patins - Prontinho Gabrielly. Pode bancar a Sou Luna agora - o tom é de brincadeira o que acaba me fazendo ri.

Eu me lembro que todas as vezes que a Sabina me perguntava o que eu mais gostava no Josh respondia que era o sorriso. Eu estava certa. Sem dúvidas nenhuma o sorriso dele é a melhor coisa que eu já vi e isso faz o meu coração doer ao mesmo tempo que se aquece, derretendo como gelo. Ele põe as mãos no bolso olhando para a irmã e depois pra mim, estendendo a mão.

- Vem comigo - pede e eu paro de respirar - Vem.

Os nossos dedos se entrelaçam ao mesmo tempo que sou levada para o meio da pista fazendo com que as minhas pernas pareçam gelatina. Ele parece tão calmo deslizando com os cachos parados, por causa do frio ao mesmo tempo que ele parece tão novo. 

Amar pode doer. Amar pode doer as vezes.

- Não sei fazer isso, sinto muito - falo rindo, mesmo que o meu coração pareça sair pela boca. Ele dá de ombros rindo também - Não ri de mim! Eu não fui uma criança muito aventureira sabe? - falo o lembrando de como os meus pais era extremamente protetores.

Quando fica difícil. Você sabe que pode ficar difícil as vezes. 

- Precisa apenas relaxar, Any - diz tentando parecer mais como um professor - Fique assim - manda me afastando um pouco ao mesmo tempo que segura a minha mão. Josh começa a rodar sem me avisar fazendo com que eu solte um gritinho tentando não cair. 

Mantemos esse amor em uma fotografia. Fizemos essas memórias para nós mesmos.

- Josh! Nós vamos cair - aviso sentindo que estamos perdendo equilíbrio ao mesmo tempo que a Kimberly começa a vim na nossa direção, mas para se curvando diante da risada que não só aumentava. Olho pro Josh que olha pra mim também pensando o quão a irmã dele é doidinha de forma admirável. 

Então você pode me guardar no bolso da sua calça jeans.

- Eu sei maluquinha! Se segura - ele diz no mesmo tom de voz que eu, ou um pouco mais alto, jogando a cabeça pra trás enquanto ri ao mesmo tempo que o meu corpo para de funcionar. O meu cérebro só processa a palavra maluquinha e maluquinha e maluquinha.

Me abraçando perto até os nossos olhos se encontrarem. 

Acabo caindo meio de bunda, meio de lado, meio de costas fazendo com que eu fique igual uma batata no chão frio. Josh para de ri e imediatamente vem na minha direção com os dois olhos arregalados antes de cair também (de uma forma bem mais graciosa que eu, mas caindo de qualquer forma). Kim ao invés de ajudar fica rindo de nós dois.

- Meu deus! Parecem dois patetas - diz fazendo com que o Josh ria e logo depois eu também. A minha mente não estava processando muito bem, principalmente quando as imensas íris se voltam para mim da mesma forma que se voltavam todas as vezes que estávamos juntos. 

Você nunca estará sozinha.

- Any, você está bem? Deveria ter ido mais devagar, mas você estava tão engraçada que nem pensei... - ele para e me encara confuso. Eu devia estar com uma cara terrível, porque por dois segundos ele não diz nada - Está tudo bem? Você bateu a cabeça?

Espere por minha volta para casa. 

Eu percebi que odiava te-lo na minha frente e saber que ele não era meu. Que não era eu que acordava ao lado dele, ou que não era eu que o esperava para o café da manhã, lia os seus textos logo depois de ficarem prontos ou não era eu que escutava "eu te amo" todos os dias, a cada minuto, a cada segundo. Por deus, eu o amava.

O amor pode curar. O amor pode curar a sua alma.

- Eu te amo - digo sem esperar. Sem respirar. Apenas falo. Falo toda a verdade da minha alma que estava guardada por tanto tempo. Não, acabo rindo de mim mesma. Eu não estava apaixonada por aquele Josh, não pelo Josh professor de literatura, não pelo cara que eu enviei mensagens secretas. 

É a única coisa que eu sei. Eu juro que fica mais fácil. Lembre disso com cada pedaço seu.

- O que? - ele se afasta meio chocado como se tivesse levado um choque. Talvez tenha sido isso mesmo.

Eu estava apaixonada pelo cara problemático, roteirista, noivo, que não sabia se era um bom irmão pra irmã (sendo que era um irmão incrível) e precisava sempre parecer tão durão e idiota sendo que por dentro era tão incrível.

É a única coisa que levamos conosco quando morremos.

- Eu amo você. 


O próximo capítulo é...

Lara.

My Teacher  - Beauany 2TempOnde histórias criam vida. Descubra agora