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Josh Beauchamp.
O trio do terror - no caso: eu, a Any e a minha irmãzinha - estávamos a caminho do estacionamento com o destino final apontado para casa. O silencio era quase constrangedor devido a nossa última conversa muito reveladora na lanchonete com a garota que tem o cabelo jogado, praticamente, na cara e uma blusa toda molhada escondida debaixo do meu casaco. De vez em quando sinto o seu olhar sobre mim, mas quando tento verificar, o seu rosto está centrado para as colunas que cercam os carros. 

Kim parece bem alienada com a situação toda, explicando em detalhes tudo que andou fazendo nesses cinco anos separada da ex melhor amiga/ cunhada. O que me deixou bem aliviado pelo simples fato de não ter que me incluir no assunto ou forçar algum para acabar com o eco do nada nos nossos ouvidos.

- Na verdade, os ensaios andam bem enlouquecidos. A gente precisa ensaiar antes da peça tanto as falas em si quanto a dança - a loirinha diz chutando uma pedrinha que assusta um gato que estava do lado de uma das motos - Eu estaria bem tranquila se não fosse pela parte de movimentar os músculos de acordo com um ritmo - revela me fazendo suspirar diante de todo drama.

Mas claro que a Any não percebe os sentimentos maléficos da adolescente. Sei disso, porque os seus olhos se repuxam em um sorriso de empatia que me deixa "quase" de coração partido. Por isso, nem fico surpreso quando a escuto dizer: - Mas não há nenhum professor que possa te ensinar? Ouvi que aqui em Las Vegas existem vários - aconselha muito solícita. Quase a abraço pela atenção. Eu falei "quase".

- Nem é preciso - estou abrindo o porta malas para deixar algumas sacolas que havíamos levado para a torcida. Bem distante do papo todo, quando de repente escuto a seguinte frase: - Pra que o trabalho de procurar se eu não tenho o Josh em casa? - Puta merda. 

No susto todo acabo soltando a merda da porta que bate na minha cabeça rapidamente antes da nossa convidada segurar com os olhos atentos prontos para me salvar. Toco na minha nuca apenas para ter certeza que não quebrei nada quando na verdade só queria ganhar tempo de esquecimento na cabeça da morena que me observa assustada. Meneio com a cabeça sem consegui informar que "está tudo bem".

- Poxa Josh! Essas coisas acontecem direto sabe Any? O meu irmão é muito desastrado - a fuzilo me perguntando quantos anos de cadeia eu pegaria caso a estrangulasse, mas me perco no personagem quando escuto uma risada sufocada atrás de mim.

- Posso saber qual é a graça? - pergunto para a cacheada que parece bem interessada nos meus sapatos, já que não se atreve olhar pra mim - Pois bem - sei que não deveria ter dito isso. Sei disso, porque no mesmo instante os seus olhos castanhos se voltam pra mim astutos.

- Vai ver que é porque você continua tão desastrado quanto antes - ela fala me deixando de boca aberta. Era a primeira vez, depois de tanto tempo, que a via brincar daquele jeito comigo - Além disso, cuidado... - a sinto passar por mim, trombando no meu ombro de propósito - O laço dos seus sapatos estão desamarrados - avisa me deixando chocado ao mesmo tempo que abaixo a minha atenção para os tênis perfeitamente amarrados. Abro a boca para retrucar, mas ela é mais rápida: - Você teve que olhar para ter certeza, né?  

Vou mata-la. Sem dúvidas nenhuma. Kim nos encara sorrindo e de repente sei que vou matar as duas. O mundo seria bem melhor sem a Franco e a segunda Beauchamp. Sei disso, mesmo que no momento eu goste muito mais dele com elas. Principalmente com a Any segurando um sorriso cúmplice com a minha irmã, enquanto eu as observo totalmente perdido. Não tenho tempo para réplica, já que o meu celular começa a tocar anunciando o imenso "amor" na tela.

- Dytto? - a pergunta é abafada com uma música tão alta que me faz afastar o telefone do ouvido torcendo para não ficar surdo - Meu Deus Dytto! Aonde você está? - ela acha graça e na hora sei que está bêbada - Eu to indo te buscar.

- Eu já to chegando aí no estacionamento, querido - a voz arrastada me deixa preocupado. Ela deve ter percebido, porque lança: - Em pé e bem sóbria - diz me deixando bem menos preocupado.

- Tá bom. Estamos te esperando - aviso encerrando a chamada com dor de cabeça. Só Deus sabe como ela vai ficar quando chegar em casa, então é melhor ir se preparando desde agora.

Respiro fundo voltando para as duas que parecem bem imersas sobre alguma conversa que pode ter a ver com a grande peça. Any me olha com o semblante preocupado, mas que logo se suaviza depois que eu solto o melhor sorriso.

- Eu acho melhor pegar logo o meu caminho - ela avisa tirando o casaco me deixando confuso. As ideias clareiam quando a mesma estende a peça de roupa quentinha na minha direção com um discreto sorriso hesitando nos lábios me fazendo quase aceita-lo só para ver a reação dela.

- Nem pensar. Fique com ele - ela abre a boca para retrucar, mas acabo sendo mais rápido: - Any, você ainda está toda molhada. Não acho que você queira realmente chegar com os seus amigos desse jeito, né? - explico a fazendo olhar para si própria pensando um pouco mais do que eu pensaria diante da oferta.

- Tudo bem - resolve colocando de volta o casaco ao seu redor - Mas eu juro que devolvo assim que puder - diz com agilidade de uma ótima pessoa que precisa deixar claro todos os seus passos. Dou de ombros ignorando como ela ficar linda vestida com uma roupa minha - Boa noite? - a saudação com o tom de dúvida me faz ri.

- Boa noite Any - respondo de volta indo até o carro apenas para esperar Dytto, enquanto Kim acena com uma força impressionante para a nossa convidada que está indo embora.

Eu a observo ir quase com um peso no coração diante da nossa despedida. Em outra realidade, Any entraria no meu carro e nós três partiríamos rumo a nossa casa sem preocupação nenhuma com o fato de precisar entregar casaco ou não.

Mas as coisas não são assim.

...

Quase por reflexo resolvo passar pelo quarto de Kim com uma ideia resolvida na minha cabeça e pronta para ser posta em prática. Abro a porta do quarto que fica no último corredor temendo pelo fato de que ela já possa estar dormindo, mas fico aliviado ao perceber que não.

- Josh? - ela dá pause na série que estava assistindo para me olhar com um pingo de curiosidade. Nunca vou ao quarto dela. Principalmente naquele horário - Aconteceu alguma coisa?

- Na verdade não aconteceu nada - digo dando uma volta pelo quarto observando as coisas. Sorrio ao encontrar uma foto nossa na estante que tem como decoração um dos bonequinhos do Harry Potter. Isso significa que tenho importância - Eu só vim perguntar que horas e os dias dos seus ensaios.

- Que? Pra que? - pergunta se arrumando na cama. Paro para olha-la com certa atenção percebendo os traços da mamãe no seu rosto. O cabelo enrolado nas pontas, as sardinhas que não cobrem o rosto todo, mas que se encontram em boa parte das bochechas e os olhos que estão quase beirando a um verde claro.

- Decidi aceitar a oferta de ser o seu professor de dança - informo só de uma vez a fazendo me encarar com os olhos arregalados - Mas pra isso, preciso saber os seus horários corretamente para conseguir encaixar na minha agenda - explico mesmo que os braços da pequena tenham me enrolado todo.

- Kyle! Isso é incrível! Muito obrigada - o sorrisão vale por todos os prêmios e me sinto um ótimo irmão. Um ótimo irmão mesmo. Algo que eu não sentia há anos - Eu passo tudo pra você amanhã. Pode deixar - afirma se separando. Assinto com a cabeça tentando recuperar o meu lado mais sério.

- Ok. Amanhã eu pego com você então - assino o nosso contrato invisível. Dou um beijo na testa dela antes de ir em direção a porta com o objetivo de chegar ao quarto.

- Kyle? - me viro para a adolescente de 17 anos - Hoje foi o melhor dia da minha depois de muito tempo. Obrigada por isso - agradece me deixando meio emotivo, mas não deixo transparecer.

- Boa noite mana.

Fecho a porta querendo gritar. Foi o melhor depois de tanto tempo pra mim também. O melhor.

Oi galera!!!
Eu andei relendo My Teacher e meu deus como My Love é diferente da essência da primeira temporada, ?
Sam.

My Teacher  - Beauany 2TempOnde histórias criam vida. Descubra agora