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Josh Beauchamp.

Nem nos meus mais tenebrosos pesadelos me imaginei em uma situação daquelas. O collant era bem diferente dos que as meninas estavam usando com tanto louvor, mas mesmo assim os meus países baixos estavam sendo esmagados. Respiro fundo na frente da imagem ridícula no espelho que me marca usando aquele negócio com uma calça moletom – depois de muitos pedidos suplicantes da minha parte, já que Kim só conseguia rir de mim.

Odeio essa menina.

- Ok – é a primeira coisa que digo quando a professora velha me avisa que já estão todos nas suas posições – Eu acredito que vocês já tenham se alongado, então vamos iniciar pela parte lenta da música – ditei movimentando os meus pés de forma circular fazendo com que todos fizessem o mesmo, como bons alunos. Isso me despertou uma nostalgia da época que eu dava aula. Nem faz tanto tempo assim que parei para me concentrar somente na produção de roteiro dos filmes, mas mesmo assim fazia falta.

Observei pelo espelho a minha irmã que parecia bem confortável lá no fundo repetindo todos os meus movimentos. O grupo da frente era bem árduo em parecerem perfeitos, por isso acabo aumentando o ritmo fazendo com que todos estejam bem cansados para se preocuparem em serem bonequinhos de porcelana. Faz muito tempo desde a última vez que dancei assim, então de repente percebo que o meu plano foi péssimo para mim diante da minha coluna que parecia ter sido esmagada com força.

- Meu Deus! Por favor, vamos tomar água ou simplesmente morrer deitados – escuto uma das garotas da esquerda grita se sentando no chão com tanta força que escuto um estalo que me deixa preocupado, mas fico mais calmo ao ouvi-la rir.

- Só se preocupe em não ter que ir para um hospital e ficará tudo bem – digo fazendo os amigos que estão ao seu redor rirem apontando o dedo pra ela. Meu Deus! Como adolescentes são complicados. Vou até o meu ponto de concentração da paz torcendo para que ninguém venha me perguntar. Claro que o mesmo não vale para a minha irmã que vem na minha direção assim que me ver sentar.

- Já está arrependido de ter dado uma de bom samaritano? – pergunta pegando a minha garrafinha a colocando na boca antes que eu possa dar um sermão de como aquilo era anti-higiênico – O que foi? Eu estou com sede – fala como se isso fosse desculpa o suficiente, no entanto, apenas dou de ombros procurando um lenço para limpar a boca da minha linda garrafa.

- Não estou arrependido, mas fique sabendo que isso terá um preço muito caro mais tarde – informo a fazendo ri. A encaro tentando soar ameaçador, mas isso não deve funcionar com essa menina, já que ela não parece nem um pouco amedrontada.

- Josh, eu já fiz tanto por você que teve uma época que me considerei o centro comunitário do irmão mais velho – levanto a mão para dá um peteleco nela, mas acabo sendo devagar demais, enquanto a loirinha é rápida demais indo para o lado. Suspiro me fazendo de santo recuando devagar a ponto de fazê-la acreditar que realmente desisti, logo só precisei soltar um pequeno tapa na nunca dela.

- Kyle! Seu filho... – coloco a mão na sua boca olhando para frente sem acreditar. Any tem os dois braços estendidos me encarando com um sorriso discreto nos lábios. Me levanto sem nem mesmo notar o que eu estou fazendo (de todas as forma, já que quem fosse realmente bom da cabeça pensaria duas vezes antes de andar na direção de uma garota tão bonita vestindo um collant – Any!

Ela acena sem jeito, provavelmente se matando por dentro por não ter avisado que veria, mas mesmo assim...Ela parece infinitamente mais bonita naquela manhã. O cabelo que parece ter sido molhado há pouco tempo acentua ao cachos que passei o tempo todo procurando. O rosto sem maquiagem e o casaco vermelho combinavam perfeitamente com ela e por Deus! Como ela estava linda.

- Desculpa ter vindo sem avisar – diz tombando a cabeça pro lado corando ao mesmo tempo em que mantem uma pose indiferente a situação toda – Mas chegou hoje da lavanderia e achei que seria melhor entregar logo – ela parece aflita – Resolvi vim aqui querendo encontrar a Kim. Não sabia que encontraria o próprio dono em um... – ela me olha da cabeça aos pés – Collant.

- Ah! – solta igual um idiota – Obrigado e não precisa se preocupar. Foi tudo de última hora – explica e ela assente como uma boa garota – Colocou pra lavar? – pergunto com o pacote nas mãos com o selo da lavandaria. Droga! Por que eu estava decepcionado?

- Coloquei. Ela estava com cheiro de refrigerante – explica me fazendo ri um pouco – É sério – afirma me forçando a ficar sério com um olhar de agradecimento. Kim nos observa com os braços cruzados e um olhar investigativo que me deixa intrigado, por isso me apresso a desviar o olhar para qualquer canto que me faça parecer desinteressado – Ãhn, é melhor eu ir – avisa da mesma forma que disse no estacionamento.

- Ah, mas já? – a minha irmã mais nova entra na conversa com os dois olhinhos de peixe morto – Eu gostaria tanto que você visse o meu ensaio – pede em um tom suplicante que me faz ter vontade de chorar. Any faz que não de novo, mas hesita. E é por causa dessa hesitação que acrescento sem pestanejar:

- Pode ficar se quiser – falo gesticulando com as mãos. Ela abre a boca para responder alguma coisa que começa com um "não", então falo: - Eu gostaria muito que você ficasse – jogo no vento a deixando vermelha por zero motivos (ou pelo menos por motivos que desconheço). Pego Kim me encarando – Nós dois gostaríamos que ficasse.

- Tudo bem então – dá de ombros tirando o casaco imenso para colocar na estante – Eu espero – assinto voltando para a minha posição de antes. A sensação de "dejavú" me deixa tonto. Já vivi aquela cena antes em que eu ficava desesperado ensinando com os olhos castanhos atentos atrás de mim.


Confira a sinopse do meu próximo trabalho após "My Teacher - Segunda Temporada":

"- Me deixe ser o seu segredo da mesma forma que você é o meu."

As cartas chegaram logo depois da primeira Guerra Civil. A primeira delas foi apenas um formal e curioso cumprimento pela morte do seu primo de terceiro grau, então não tinha porque não responde-las. O que Josh não esperava era se sentir tão conectado com a misteriosa garota que estava por trás delas. 

Filho do chefe da maior facção de Dubai, o loiro sabia o quão perigoso poderia ser se apaixonar pela sua correspondente, mas não pode evitar. No entanto, as coisas mudam quando ele é encarregado de ser segurança da filha do presidente magnata que era alvo de todos os seus planos para derrubar o governo que, por acaso, é a mesma mulher que perturba todos os seus sonhos. 

O que fazer quando o seu maior inimigo é também a única pessoa que você quer manter vivo? O que fazer quando ao olhar para aqueles olhos tão castanhos a única que realmente queira fazer seja mergulhar neles? Josh não tinha as respostas para nenhuma dessas perguntas. Só sabia que precisava dela. E que Deus o ajudasse, mas ele ia tentar mantê-la viva.

Nem que isso custasse a sua.

Lara.


My Teacher  - Beauany 2TempOnde histórias criam vida. Descubra agora