31.

1.1K 137 43
                                    

Josh Beauchamp.

Estou, com as minhas pernas estendidas na cadeira ao lado da minha mesa, esperando por ela em uma das lanchonetes que ficam de canto com o prédio da empresa dela. As mesas estão bem espalhadas do lado de dentro, mas resolvi ficar com a do lado de fora, já que o clima não estava tão frio e o Sol ainda pairava sobre o pequeno gramado que tinha na frente da pequena recepção. 

Tenho uma lista colada no meu peito. Uma lista de mais ou menos dez linhas que tentam resumir em poucas palavras as minhas ideias pro dia inesquecível do aniversário da Kimberly e estou pronto pra mostrar pra Any assim que ela chegar. O meu café deve ter esfriado completamente, mas mesmo assim ainda o deixo lá parado como se nem fosse meu. Algumas brincadeiras bem simples, como patinar no gelo, ir até uma peça de teatro ou pular de paraquedas seria bem a cara da minha irmã.

Any cruza a rua fora da faixa de pedestre. O Sol devia estar esperando por ela, já que os fios encaracolados se encontraram com a luz natural se realçando ainda mais. Tento desviar os olhos, mas a forma como ela parece dançar entre os postes enquanto vem na minha direção me deixa hipnotizado.

- Oi - cumprimenta e o seu sorriso alcança metade do seu rosto - O que foi? - pergunta quando percebe a minha cara de idiota a encarando. Faço que nada com um leve movimento de cabeça querendo sair correndo com a plena noção que o vermelho da vergonha de ter sido pego em flagrante devia estar concentrando nas minhas bochechas.

- Oi - cumprimento de volta olhando em volta - Quer alguma coisa pra beber? Ou pra comer? - que pergunta educada Josh! Nem parece que está prestes a ter um colapso. Ela levanta um copo que deve ter café ou algo do tipo como resposta e eu concordo com a cabeça outra vez. Só sei fazer isso agora - Bem, eu fiz isso aqui pra já termos uma base sobre o que fazer no dia.

Entrego a folha de papel meio amassada, já que estava no meu bolso. Os seus olhos brincam entre os espaços preenchidos por diferentes conceitos e isso me deixa outra vez preso na forma como os seus lábios se esticam quando encontra algo engraçado ou até mesmo o que pode ser uma boa lembrança. Ela demora um pouco pra terminar. Pelo menos mais do que eu demoraria, mas quando isso acontece parece estar mais iluminada do que nunca.

- Você continua o mesmo de sempre - sussurra, mas eu escuto e um ponto de interrogação deve estar gritando na minha testa, porque ela é rápida em acrescentar: - Como irmão. Você continua sendo o mesmo Josh que levava a irmãzinha pro shopping e ficava lá esperando como um irmão mais velho deve fazer - lembra e os seus dedos rodeiam a pequena folha com delicadeza. Tenho vontade de sentir o meu rosto entre as suas mãos. 

Tomo um gole de café.

- Não é nada demais. Ela merece tudo isso - digo dando de ombros torcendo pra não ter nenhum bigodinho de café. Any concorda sorrindo e me encara com aqueles imensos olhos castanhos que parecem ainda mais claros vistos de perto. Sustento a sua com a mesma intensidade e de repente penso que quem está do lado de fora deve pensar que somos um casal dessa forma.

Desvio o olhar primeiro.

- Eu achei as ideias incríveis - diz mudando de assunto - Principalmente a parte sobre pular de paraquedas -  ela ri ao dizer isso e acabo rindo também, porque realmente parece uma ótima ideia sendo lida por ela - Eu só não sei o que dá de aniversário pra ela - revela enquanto escreve alguma coisa na minha listinha.

- Só isso já é muito - digo sendo sincero, mas ela faz que não sinalizando que não concordava - Ok, então alguma coisa sobre teatro - dou de ombros olhando pra minha xícara. Ela batuca os dedos na mesa de madeira e por Deus, elas eram enormes. Não sei como as mulheres conseguem manter aquelas coisas imensas sem quebrar um minuto depois.

- Eu acho que... - ela abre a boca para falar alguma coisa, mas se cala logo depois dando de ombros - Prefiro fazer surpresa pra você também - a encaro confuso e fico ainda mais confuso quando um sorriso cúmplice vem dela na minha direção. Fico envergonhado e abaixo a cabeça pousando os meus olhos na aliança prateada que sinaliza o meu compromisso.

- Bem, talvez a primeira parte da surpresa possa ser a sua ida até a peça de amanhã - me abaixo apenas para pegar o pedaço de papel bem digitado que estava guardado no bolso do meu casaco e estendo para a morena que o vira como se fosse uma bomba - Guardei pra caso alguém resolvesse ir de última hora - minto e ela claramente sabe que é mentira, já que não conhecemos ninguém em Las Vegas.

Além da Taylor.

- Josh! - o toque delicado da sua mão sobre os ingressos me deixa sorridente como um adolescente. É engraçado como algumas coisas não mudam - Isso é demais. Obrigada - agradece e a sua cabeça tomba para o lado fazendo com que a minha siga o movimento de forma sistemática.

- A sua presença lá vai ser importante pra ela - sorrio de volta já me arrumando de volta na cadeira. Any concorda ainda me olhando com uma das sobrancelhas arqueadas em tom de curiosidade que me deixa envergonhado por ser alvo da atenção dela - O que foi? - pergunto passando a mão pelo meu cabelo me perguntando se eu tinha alguma coisa no rosto.

- Nada - a sua postura muda cravando o olhar no que eu acabei de lhe entregar - O que é o "diga uma verdade e me deixe adivinhar"? 

- É uma brincadeira que eu e a Kim sempre fazemos - explico me contorcendo por não ter pedido um doce - Tipo aquela dos jogos vorazes - falo levantando o braço para chamar o garçom, enquanto ela parece analisar o que acabei de falar. Volto a minha atenção para ela que ainda parece perdida na situação toda. Acho graça - Eu falo algo sobre você e você me responde se é verdade ou não - conceituo como professor e acho que ela deve ter percebido isso, porque prende um sorriso.

- Poderia dá um exemplo senhor Beauchamp? - o "senhor" trás uma nostalgia diferente pra dentro de mim e por isso apenas desvio o olhar do dela rapidamente. Preciso me concentrar. 

Há muitas coisas que eu poderia perguntar naquele momento, mas nenhuma parece boa o suficiente para ocultar o que eu realmente preciso saber. Por isso que dia 15 de março em Las Vegas, sentado no banco de madeira em uma lanchonete tomando um café quente, enquanto o garçom se aproxima com o caderninho me escuto dizer:

- Sentiu a minha falta - os nossos pés se tocam - Verdade ou mentira?

Sem receio ou dúvidas, quase como se já soubesse que aquela seria a pergunta, ela se inclina sussurrando como um segredo: - Verdade.


Oi gente! Como voces já devem saber eu estou participando de um projeto incrível com um grupo de escritoras e por isso ando sem tempo de escrever por aqui, mas não se preocupem que não abandonei a história dos dois não, viu? Ativem as notificações aqui pra nunca perderem as postagens novas. Amo vcs, até :)


My Teacher  - Beauany 2TempOnde histórias criam vida. Descubra agora