Any Gabrielly.
É engraçado pensar como as coisas funcionam. Esse elevador poderia ter parado em qualquer outro momento, segundo, dia, ano, mês ou com qualquer outra pessoa dentro que não fosse eu e o loiro que parecia assustado vendo as paredes tão estáticas. Observo a situação com certa ironia, já que há seis anos uma adolescente ficou presa com o professor de literatura em um cubículo antes de revelar um dos maiores segredos de toda a sua vida e, agora, uma escritora sem inspiração está ao lado de um roteirista com renome que parecia prestes a falar alguma coisa, mas não diz nada.
- Ah merda - escuto Josh resmungar do meu lado, o que quase me dá vontade de ri - Adoro elevadores - diz e tento distinguir o seu tom de voz de uma brincadeira ou se aquilo realmente era verdade. Não consigo descobrir - Any...
- Não! - a minha voz sai alta e estridente - Se você for começar a falar daquele episódio constrangedor da pista, pode parar agora, por favor - peço com as mãos que não param de ser mover no ar de uma maneira enfadonha.
- Precisamos falar sobre aquilo - ele me contradiz fazendo com que eu tenha vontade de manda-lo calar a boca, mas não digo nada e ele também não. O silencio me deixa tão desconfortável que nem percebo como a temperatura já havia aumentado ficando cada vez mais quente a cada segundo que se passava.
- Droga... - começo a tirar o meu casaco e agradeço por estar usando aquele vestido - Isso daqui vai ficar um inferno se não nos tirarem daqui logo - digo, enquanto puxo os meus sapatos, arrumando o meu cabelo no melhor coque que consigo fazer. Procuro pela silhueta do Josh e percebo que a mesma está imóvel fazendo com que uma onda de preocupação me ataque com força - Kyle? - escuto um 'hum' como resposta poucos segundos depois - Você ainda tem fobia a lugares fechados? - chego ainda mais perto dele, podendo escutar a sua respiração pesada naquela distancia toda.
Ele não diz nada, por isso sento do seu lado. Tiro o gorro da sua cabeça percebendo que os cachos estavam molhados de suor e depois resolvo puxar as botas. Penso duas vezes antes de por as mãos por baixo do seu casaco para poder tira-la da melhor forma possível. Encosto a palma da minha mão contra a sua bochecha e depois subo pela sua testa me assustando com o suor que escorria pelo seu rosto.
- Josh como você está se sentindo? - pergunto e recebo um silencio como resposta - Josh, por favor fala comigo - peço ficando entre as suas pernas sem tirar a minha mão sobre ele - Verdade que você está bem? - lembro da nossa brincadeiras de uns dias atrás torcendo para aquilo funcionar.
- Verdade - a sua voz soando pelas paredes faz com que eu solte um suspiro de alívio - Verdade que a sua cor favorita é azul? - fico surpresa com a continuação, mas acabo aceitando participar feliz.
- Verdade - solto uma risada fraca - Verdade que a sua cor favorita ainda é preta? - pergunto e é a vez dele de ri.
- Verdade - consigo ver o seu sorriso todo perfeitinho - Verdade que você ainda pinta? - a curiosidade dele faz com que eu o encare surpresa.
- Mentira - digo e cruzo os braços - Como você ainda se lembra disso? - pergunto em um tom de brincadeira, mas sinto uma emoção bem conhecida invadindo o meu peito em uma velocidade esmagadora.
- Voce me desenhou uma vez, lembra? - sinto a sua mão tocar na minha de uma maneira tão carinhosa que derreto - Verdade que voce ainda me ama? - e então, a tão temida pergunta surge. Abro a boca para responder que não era bem assim, mas paro ao sentir o toque dos seus dedos sobre a minha nuca, subindo para os fios do meu cabelo.
Eu conhecia aquele toque. Aquilo significava "Seja sincera", "Fale comigo" e há um tempo significava também "Eu te amo".
- Eu sei que isso é péssimo, porque voce é comprometido e eu também... - mordo o meu lábio inferior nervosa em continuar, mas sei que se eu parar agora nunca mais conseguirei abrir a boca para falar qualquer coisa - Sinto muito mesmo por entrar na sua vida soltando uma bomba dessas dessa forma sem nem pensar...O que foi? - pergunto quando noto que um sorriso imenso surgiu no seu rosto.
- Eu não estou mais comprometido - ele diz tão rápido que quase caio contra o seu colo, no entanto sinto as suas mãos em torno da minha cintura. Me segurando - É engraçado, porque eu nunca pensei que não teria uma aliança nesse dedo e de repente parece tão natural - revela baixinho. Esqueço de falar qualquer coisa, porque a minha respiração se tornou curta e acelerada.
- Ah, eu não sabia - claro que não sabia. Como eu saberia?
- Claro que não - afirma colocando uma mecha de cabelo atrás da minha orelha. Josh está tão perigosamente próximo que sinto que com apenas um leve movimento na sua direção acabaria juntando as nossas bocas de uma vez só e como eu queria aquilo.
- Mas eu ainda sou - lembro sabendo que aquilo era mais pra mim do que pra ele - Preciso voltar pra casa, porque... - paro de falar porque sinto o seu dedo gélido contra os meus lábios fazendo com que eu parasse de falar.
- Pensei que a nossa casa fosse ao lado de quem amamos - sinto o seu dedo roçar contra o meu maxilar, traçando uma linha pela curva do meu pescoço. O meu corpo reage imediatamente, como um trovão.
- Josh... - tento.
- E já percebi que a minha é ao seu lado - ele diz. O encaro, mas ele não está mais olhando pra mim e sim para algum ponto do outro lado do elevador.
- O que isso significa?
- Significa que eu amo você - e então, os olhos azuis (aqueles malditos olhos azuis) me encaram e eu sei com toda a certeza do universo que ele me ama. Que ele nunca deixou de me amar da mesma forma que o meu coração sempre foi e sempre será dele.
- Ah Josh - parece um lamento, entretanto, o meu coração está tão acelerado que sinto que posso explodir. Esperei seis anos por aquilo. Esperei seis anos por tudo aquilo.
- Eu sei - ele fala e não entendo o que ele quis dizer com aquilo, no entanto, nem me importo com nada porque os lábios dele estão pressionados contra os meus e o meu corpo se encaixa com o dele como nos filmes.
E de repente, a luz volta assim como todas as batidas do meu coração.
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My Teacher - Beauany 2Temp
Teen FictionÉ mais fácil fingir que nada aconteceu. Fingir que durante todo esse tempo só aconteceram coisas boas, pessoas novas e conquistas. Talvez assim, só assim, eu possa esquecer que não aconteceu um final feliz para nós dois. Possa esquecer todas as sens...