Any Franco.
Nem pensei duas vezes antes de atravessar a cidade, na chuva torrencial, a fim de chegar na casa da Sabina. Cruzei os dedos tremendo, enquanto o meu coração estava torcendo para que ela não tivesse saído hoje – o que é bem difícil, já que é uma sexta e ela pode...
- Any? – me viro sentindo o peso das minhas roupas molhadas. A minha melhor amiga estava parada na frente da garagem com um martelo nas mãos – O que você está fazendo nessa chuva toda? Quer ficar doente, é? – a observo pegar o guarda chuva, estática com os meus lábios tremendo sem nem ao menos perceber.
Sabina vem até mim com a imensa proteção contra Sol e chuva com um semblante preocupado. Sinto a minha visão embaçada e por Deus, espero que seja um derrame – o que seria mil vezes melhor do que chorar por aquilo. Por ele. A sua mão encosta no meu ombro e ali desabo completamente a abraçando, molhada mesmo. Tudo doía dentro de mim, quase como se eu tivesse de coração quebrado. Não consigo controlar mais nada que estou fazendo ou posso fazer, porque quando encosto a minha cabeça no ombro da mexicana me sinto em casa.
Por todos esses anos, a Sabina sempre foi a única pessoa que me entendeu completamente e nunca serei completamente grata por ela ter feito isso por mim. Por estar ao meu lado nos momentos mais difíceis, inclusive agora.
- Any, o que foi? Foi o Charlie? Uma briga? – a voz dela sai arrastada pelo vento, por cima dos meus soluços.
- Não – sussurro contra a pele do pescoço dela – Foi o Josh.
A sinto contrair, mas não diz nada. Os seus braços ao redor da minha cintura me levando até a varanda da casa dela com uma delicadeza surpreendente – quase como se me carregasse. O ar da casa dela é tão leve. Mais leve do que a minha. Sabina coloca uma toalha rápida em cima do sofá para que eu me sente e faço isso com toda graça do mundo sabendo que devia estar parecendo uma patética.
- Quer comer alguma coisa? – faço que não – Tomar alguma coisa? – faço que não de novo. Ela suspira pensativa antes de levantar ir para a cozinha e tirar de dentro de um vaso alguma coisa quadradinha – Aqui – me entrega um cigarro com um isqueiro. Os meus dedos tremem ao me esticar para pega-lo, acende-lo e depois coloca-lo entre os dentes – O que aconteceu?
A fumaça deve ter feito as minhas emoções se controlarem a força, porque não sentia mais vontade de chorar com o composto girando na minha boca. O tiro apenas para pensar melhor como eu devo falar aquilo sem parecer uma vaca traidora, mas não tem como fazer isso sem parecer uma vaca traidora.
- No dia do jogo, nós dois saímos com a Kim – começo soprando o ar – Ele me emprestou um casaco e hoje resolvi ir deixa-lo com a irmã... – a minha voz embarga. Puta merda, que ódio. Coloco o cigarro na boca de novo dando uma tragada com força – Acabou que nós dois saímos sozinhos dessa vez e aconteceu – as minhas palavras saíram tão emboladas que fico chocada dela ter entendido com os dois olhos arregalados.
- Vocês transaram? – ou não entendeu nada.
- Não! – praticamente grito deixando o cigarro cair no meu colo soltando resquícios pela minha calça – Nós nos beijamos! Foi um beijo! Só a porra de um beijo... – ah merda. Me levanto para andar pela sala sentindo tudo voltar contra o meu peito como uma onda.
- Ah – um mísero "ah". Não sei mais o que falar – Ele que deu iniciativa? – faço que sim – E ele falou alguma coisa sobre o motivo de ter te beijado assim? – paro com o cigarro entre os dedos. Aí está a questão que estar acabando comigo. Ele me beijou, mas não sabia nem o motivo de ter jogado tudo pro alto, já que ele fez questão de deixar bem claro que não me amava – Any?
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My Teacher - Beauany 2Temp
Fiksi RemajaÉ mais fácil fingir que nada aconteceu. Fingir que durante todo esse tempo só aconteceram coisas boas, pessoas novas e conquistas. Talvez assim, só assim, eu possa esquecer que não aconteceu um final feliz para nós dois. Possa esquecer todas as sens...