Tulip
Nossa viagem tinha chegado ao fim. Foram dias muito bem aproveitados e eu nunca ia esquecer que fiquei hospedada em um castelo. E ainda por cima era amiga de uma princesa! Coisas assim não aconteciam todos os dias, tampouco com todo mundo.
— Até logo, Yuna. — Apertei a moça em um abraço. — Te vejo na sexta, se Deus quiser.
— Isso mesmo. — Se afastou com um sorriso no rosto. — Guarde um espacinho na sua agenda de noiva para conversarmos.
— Nem precisa pedir, já está guardado especialmente para você. — Pisquei fazendo ela rir. — Estou preparada para passar a noite tagarelando e te tendo por companhia, o que me impedirá de entrar em pânico por pensar demais no casamento.
— Vou me esforçar para cumprir essa missão — garantiu me dando outro abraço antes de subirmos na carruagem.
Acenamos para a família real e aos poucos o palácio sumiu de nossas vistas. O percurso foi tranquilo, assim como o de Salun até Estaryn e de lá pegamos o navio que finalmente nos deixaria em solo Cristyniano.
Certo momento Sam e eu estávamos sozinhos no convés, enquanto nossa mãe tirava um cochilo, e me veio a vontade de fazer uma pergunta que estava formigando na minha mente há alguns dias.
— Sam — chamei sua atenção, como quem não quer nada —, posso te fazer uma pergunta meio, bem, meio pessoal?
— Não gosto quando fala desse jeito, normalmente eu me arrependo de dizer sim. — Virou o rosto em minha direção e eu tentei sorrir de forma inocente. — O que é?
— Não me leve a mal, mas eu estou com a sutil impressão que você está apaixonado. — Prestei atenção na sua reação.
Primeiro ele franziu a testa e em seguida desviou o olhar por um instante, antes de voltar a me encarar.
— De onde tirou isso?
— Achei que me perguntaria primeiro quem era a moça... — Um sorriso sugestivo se abriu em meu rosto. — Então sabe de quem eu estou falando?
— Não faço idéia, só sei que você gosta de imaginar coisas onde não tem — respondeu na defensiva.
— Sou sua irmã, pode me contar, Sam — insisti querendo tirar alguma coisa dele.
— Não tenho nada para contar. — Desviou o rosto para as suaves ondas que se formavam no mar.
— Sabe, você e a Yuna estavam bem próximos nesses dias — fui mais direta. — Só pensei que...
— Sabia que você é bem chata quando quer? — Arqueou uma sobrancelha.
— Ei! — Cruzei os braços ofendida. — É tão ruim assim querer saber se alguém finalmente fisgou o coração resistente do meu irmão? Você está ficando meio velho.
— Eu só tenho vinte e cinco anos, Tulip, não exagere. — Deu risada, o que me deixou mais tranquila. Ele não estava bravo. — E não tenho um coração "resistente", está mais para um coração bem protegido no Senhor, muito obrigado.
— Isso é bom e não impede que a pessoa certa mexa com seus sentimentos. — Sorri vendo ele revirar os olhos.
— Sabe o que penso sobre ficar atiçando sentimentos inexistentes nas pessoas, não sabe? — Me lançou um olhar questionar e eu abaixei a cabeça sabendo o que ele ia dizer. — É maldoso, fere as pessoas. Não faça isso, Tuly.
— Desculpa. — Enlacei sua cintura e descansei minha cabeça em seu ombro. — Eu realmente pensei que estava certa nas minhas suposições, prometo não tocar mais nesse assunto.
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Graça, margaridas e chá
SpiritualSérie Redenção: Livro 1 Eleanor Yuna nunca imaginou que atravessar um rio pudesse mudar o rumo de sua vida. A princesa não almejava de jeito algum ser o centro das atenções ou ter que tomar decisões importantes. Estar nas sombras era bem mais confo...