42- Imprevisível

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— Não está bem? Me explica essa história direito, pai. — Meus olhos se encheram de lágrimas.

— É melhor irmos para casa, eu te explico melhor no caminho. — Lançou um olhar para Samuel. — Pelo visto o plano de vocês teve um fim inesperado.

— Como assim? — Samuel perguntou confuso.

— Foi um navio da frota real de Cristyn que cercou o nosso, atacaram meu filho e meus guardas. E eu achei mesmo que as coisas ficariam em paz, mas isso muda tudo. — Alternou o olhar entre nós dois.

— Não pode ser, deve haver algum engano. — O rapaz balançou a cabeça desacreditado.

— Todos que estavam presentes me disseram a mesma coisa, Samuel. — Meu pai estava sério. — Não sei o que se passou na cabeça do seu rei para mandar fazer algo tão estúpido, contudo isso não pode ficar assim.

— O que vocês vão fazer? — Meu coração se acelerou ao fazer aquela pergunta.

— O tratado é claro, se algum dos lados descumprir o acordo, este perde o valor. Podemos reagir, Eleanor, e tenho certeza que vamos fazer isso.

— Pai, isso é uma loucura, nada nessa história faz sentido, tem que ter outra explicação.

— O Nathan está entre a vida e a morte por causa deles, Eleanor, quer mesmo defender essa gente? — O rosto dele ficou vermelho e eu engoli em seco. — Vamos embora.

— Está bem — concordei sem ter outra escolha, tudo que queria naquele momento era ver meu irmão.

Meu pai se afastou para desamarrar os cavalos e eu aproveitei a oportunidade. Virei para Sam e quando seus olhos encontraram os meus eu senti uma pontada no peito.

— O que a gente faz agora? — Apertei os lábios sentindo meus olhos arderem.

— Fica calma — se esforçou para sorrir —, não esquece que mesmo que as coisas pareçam um caos, Deus ainda está no controle.

— Parece que meu coração não está muito certo disso. — Enxuguei as lágrimas que não consegui segurar.

— Lembra? Não siga seu coração, confie em quem Deus é: o Dono do universo e que tem cada detalhe no Seu controle. — Apertou meu ombro, fazendo eu erguer a cabeça. — Você entendeu?

— Sim. — Respirei fundo e assenti com firmeza, independente do medo que sentia. — Nada vai sair do controle de Deus, eu sei disso.

— Ótimo! — Deu um sorriso sincero. — Vamos orar pelo seu irmão e por toda essa situação.

Agradeci tentando sorrir para ele, mas foi em vão, o sorriso não conseguia ficar no meu rosto.

Meu pai me chamou já em cima do seu cavalo, sem hesitar eu subi na Estrela. Parecia uma cena repetida da minha vida, de novo estava vivendo a possibilidade de não ver mais meus amigos, e tudo aparentava ser pior daquela vez.

Olhei para trás e dessa vez consegui oferecer um frágil sorriso ao meu tão querido amigo, acenei e ele retribuiu. Não queria pensar que era um adeus, não podia.

E assim seguimos nosso caminho, ficando cada vez mais longe da floresta e, consequentemente, de Cristyn.

***

O castelo estava agitado, no jardim haviam mais guardas que o normal e no interior os funcionários andavam de um lado para o outro.

Sequer esperei meu pai e subi as escadas para o segundo andar de dois em dois degraus. O corredor do quarto de Nathan estava lotado, como eu nunca vi antes.

Graça, margaridas e cháOnde histórias criam vida. Descubra agora