30- Borboletas no estômago

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— Está lindíssima, princesa — Trícia elogiou ao terminar de me arrumar.

Havia passado boas horas naquele quarto me embelezando e enfim era hora de descer para encontrar os convidados.

Mas aquele dia parecia diferente, eu sentia um frio na barriga que não era costumeiro, deveria estar acostumada com as ocasiões onde era o centro da atenção, porém estava estranha justo no meu aniversário.

— A senhorita está bem? — A garota balançou a mão em frente ao meu rosto.

— Sim, estou. — Forcei um sorriso ignorando minhas mãos soando. — Posso ir?

— Claro, boa festa! Vou só arrumar essa bagunça e aproveitar para pegar uns docinhos na cozinha. — Deu risada.

Sorri para ela e saí do quarto, no entanto ao invés de seguir para a escada me encostei na porta e fechei os olhos enquanto tentava controlar o nervosismo respirando fundo.

— Princesa? — Ouvi a voz familiar perto de mim e abri os olhos.

— Olá, Joe! — cumprimentei sem jeito, a idéia de me preparar para falar com ele tinha falhado.

— Tudo bem? — Sorriu com gentileza.

— Sim, só estou nervosa e nem sei o porquê. — Dei de ombros apertando as mãos em frente ao corpo.

— Já fez isso muitas vezes, não tem razão para temer, são pessoas que conhece, certo? — indagou e eu assenti. — Então apenas aproveite sua festa, tem muitos motivos para comemorar.

Sorri para ele sentindo a calmaria voltar aos poucos, sentia falta de conversar com o guarda tão querido e sábio.

— Como vocês estão? — fiz a pergunta que estava entalada na garganta.

Joe pensou por alguns instantes.

— Superando. — Um sorriso frágil se formou em seu rosto. — Aquela noite que você foi ver a Heidi teve uma importância significativa para nosso estado hoje.

— Sério?

— Sim, a conversa que tivemos depois de sua partida nos trouxe de volta a razão. Ela era muito especial, mas não era minha propriedade, era e é filha de Deus, sua criação, o Senhor me presenteou com ela por alguns anos e sou eternamente grato. Depois da conversa daquela noite nós lembramos que apenas Ele tem poder para conceder vida ou morte. — Era notável sua sinceridade.

— A Heidi está muito melhor agora e não é um adeus eterno, vamos rever todo seu brilho no céu, refletindo o de nosso Senhor — disse esperançosa.

— Agora entendo isso — suspirou —, eu tinha colocado minha filha no centro do meu coração e me ver a ponto de perdê-la foi como se minha vida também estivesse indo embora.

O encarei com compaixão quando fez uma pausa antes de continuar, era um assunto difícil.

— E então a graça de Deus me trouxe de volta aos pés dEle, abandonei minha idolatria e o coloquei no centro novamente, consegui ver que a vida é mesmo efêmera, mas quem tem Cristo como salvação possui uma esperança que nem a morte é capaz de deter. — Seus olhos brilhavam de novo, como não via desde a doença de Heidi.

— Estou tão feliz por você, Joe. — Abri um largo sorriso.

— Obrigada por todo apoio, a senhorita é uma moça cheia de generosidade, gentileza e humildade. — Apertou meu ombro levemente e fitou-me com firmeza. — Por favor, nunca deixe nada tirar essas qualidades de você, há muito risco de ficar soberbo quando se é rico, mantenha seu coração em Deus.

Graça, margaridas e cháOnde histórias criam vida. Descubra agora