3- Encontro na margem do rio

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Depois de longos minutos caminhando perto da floresta eu comecei a cogitar a idéia de que minha mãe havia me pregado uma peça.

Não havia sinal de margarida azul nenhuma, vi muitas brancas, mas nada além.

Em dado momento deixei meu corpo cair no chão, vencida pelo cansaço, senti a grama espetar minhas mãos quando as coloquei atrás do corpo, o sustentando. Felizmente o clima estava fresco, não gostaria nem de imaginar o que um dia quente me faria.

"E agora?" — Foi o meu pensamento ao sentir que não tinha saída para minha situação, era isso, minha mãe tinha me vencido. Quase podia sentir o sabor daquele líquido quente e com gosto estranho na minha boca.

Balancei a cabeça, não, eu não podia me render tão fácil.

Decidida, me reergui e me pus a andar floresta a dentro.

Estava tão concentrada em olhar para o chão que nem percebi quando as árvores espaçadas deram lugar à uma mata fechada.

De onde eu estava pude ouvir o som do Rio Partido e já que estava tão perto decidi ir até lá.

Sorri admirada quando contemplei a água cristalina correndo sob os poucos feixes de luz do sol.

Tirei minhas botas e dobrei a barra da calça, estava sendo atraída por aquele brilho vindo do rio. Sorri assim que meus pés entraram em contato com a água fria, era uma sensação de alivio sem medidas! Dei alguns passos a frente e me sentei em uma das pedras que surgiam em meio ao rio, me perguntando como algo de tamanha beleza havia surgido.

Da pedra onde eu estava sentada era possível ver a outra margem, onde uma barreira de árvores frondosas surgia por toda a sua extensão.

Ali começava o território de Cristyn, o reino que era vizinho a Salun, mas que não trocavam uma palavra desde séculos antes, quando uma terrível guerra tornou os dois povos completos inimigos, na verdade, os dois reinos viviam como se o outro não existisse a um rio de distância.

Todos sabiam que o motivo do conflito foi a ambição dos Cristynianos por poder, o que levou o primeiro governo daquele lugar a tentar aumentar suas terras, porém eles não contavam com o muitíssimo maior número do exército Saluniano.

Se não fosse a piedade do rei de Salun em criar um tratado de eterna indiferença entre os reinos, ao invés de prosseguir com a guerra, Cristyn sequer continuaria existindo.

Eu achava tudo em relação ao reino vizinho um grande e inalcançável mistério, o qual provavelmente nunca desvendaria.

"Cristyn sim me parece uma boa aventura..." — Pensei enquanto corria os olhos pela terra proibida.

Foi então que um amontoado de pontos azuis me chamou a atenção. Deduzi instantaneamente que eram as preciosas margaridas.

Mas havia um problema, era do outro lado do rio, em território Cristyniano.

— É isso ou tomar chá... — disse para mim mesma, tentando expulsar aquela sensação de medo que se alastrava no meu interior. — Vamos lá, Eleanor, são só alguns minutinhos.

Respirei fundo tomando uma decisão, continuei andando afim de encontrar uma forma se passar para a outra margem. Alguns metros adiante achei uma sequência de pedras que emergiam da água, não iam totalmente até a terra firme, mas chegavam à uma parte rasa o bastante para que eu andasse o caminho restante.

Não pensei por mais nem um segundo e comecei a atravessar o rio. As pedras eram escorregadias e precisei tomar bastante cuidado para não me desequilibrar e ir de encontro à água.

Graça, margaridas e cháOnde histórias criam vida. Descubra agora