20- Até outro momento

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As princesas permaneceram conosco por mais dois dias, foi muito divertido ter as garotas para conversar e fazer companhia. Talita se mostrou uma pessoa maravilhosa, tínhamos facilidade para conversar, como se nunca tivéssemos sido distantes.

Liz ficou surpresa com nossa aproximação, mas não reclamou nem um pouco.

— Vou sentir falta de vocês. — Abracei as irmãs enquanto me despedia.

— Eu também, amiga! Não vejo a hora de te ver de novo no baile de outono. — Liz sorriu animada e eu concordei.

— Também vou sentir sua falta, Eleanor, porém não sou tão dramática como a minha irmã aqui, falta bem pouco para nos vermos no baile. — Olhou para a irmã com um sorriso zombeteiro.

— Você que é sem graça. — A outra recrutou revirando os olhos e subindo na carruagem com a ajuda do Nathan.

— Ótimo, agora posso falar o que realmente quero. — A princesa mais velha segurou minhas mãos e acrescentou em voz baixa. — As circunstâncias podem ficar difíceis no decorrer da caminhada, porém não se desespere ou pense em voltar atrás, siga firme até o alvo que é Cristo, lute contra o pecado para ser mais parecida com Ele e estude a Bíblia.

— Obrigada, Tali, vou me lembrar disso. — Apertei suas mãos em cumplicidade.

Não tivemos muitas oportunidades de ficar a sós para conversar sobre Deus, contudo as poucas conversas que tivemos foram maravilhosas e renovaram meu ânimo para seguir em frente.

Acenei para as duas vendo a carruagem se distanciar e agradecendo a Deus mentalmente pela vida delas e o prazer de poder chamá-las de amigas.

— Agora que as princesas já foram embora, temos algo para fazer, não é? — Nate se aproximou de mim.

— É, estou ciente. — Respirei fundo já sentindo falta de outras pessoas.

***

— Muito bem, Estrela, agora não precisa ser a única a guardar meu segredo. — Acariciei a égua que tinha sido uma boa companheira nas minhas saídas. — Nossa vida de aventuras além da fronteira acabou, mas vamos viver novas experiências aqui, prometo não te abandonar de novo.

— Você é bem doida, Ellen. — Meu irmão entrou no estábulo atrapalhando o monólogo.

— Não se finja de insensível, Nate, sei que gosta do seu cavalo tanto quanto eu — alfinetei vendo-o revirar os olhos.

— Está bem, eu gosto mesmo do Félix, mas não ao ponto de ficar conversando com ele. — Riu de mim.

Ignorei as brincadeiras dele e assim que Estrela foi selada subi nela, deixando meu irmão para trás.

— Não fique brava comigo — puxou assunto percebendo que eu não falaria nada.

— Não estou brava, só frustrada e... — pensei em uma boa forma de expressar o que sentia. — Na verdade estou bem triste.

— Se não tivesse atravessado aquele rio nada disso estaria acontecendo.

— É verdade. — Olhei para ele. — Mas se não tivesse atravessado aquele rio minha vida continuaria vazia, sem sentido. Agora eu tenho Alguém que faz meus dias valerem a pena, e amigos que me inspiram a ser melhor.

Nathan não respondeu nada de imediato, porém eu sabia que ele não entendia meus sentimentos em relação a Deus e aos amigos de Cristyn, mas como eu poderia exigir isso dele?

— É estranho para mim acreditar que tem um Deus controlando o mundo e sei lá mais o que — falou depois de um tempo.

— Também foi difícil para mim no primeiro contato, porém as coisas foram fazendo sentido com o decorrer do tempo. Vamos lá, você acha tão impossível mesmo que Deus tenha criado o universo? Faz todo sentido para mim.

Graça, margaridas e cháOnde histórias criam vida. Descubra agora