Fazia cerca de meia hora que estávamos plantados esperando Miguel ou o chefe da Guarda darem algum sinal.
Os cavalos pastavam tranquilamente enquanto nós três, sentados sob uma árvore, tentávamos conversar para passar o tempo, e aplacar a ansiedade.
Quando os assuntos estavam quase se esgotando foi que um homem uniformizado veio até nós.
— Venham comigo — disse simplesmente e nós o seguimos obedientes.
O interior do castelo era tão bonito quanto o exterior, mas minha mente estava mais focada no que precisava falar ao rei do que nos detalhes luxuosos.
Fomos revistados minuciosamente antes de poder, enfim, entrar na sala do trono, onde o rei nos esperava com uma expressão de curiosidade.
— Então, quem são vocês e o que vieram fazer aqui? — perguntou após fazermos uma reverência.
— Esses são Joe e Samuel, meus amigos, e eu sou a Eleanor Yuna, princesa de Salun.
Sua testa de franziu enquanto me analisava e leves murmúrios dos guardas chegaram aos nossos ouvidos.
Aos poucos a expressão de reconhecimento foi ganhando seu rosto. Já havia visto a família real de Cristyn em alguns eventos em outros reinos, mas não nos falávamos, e agora estávamos frente a frente, interagindo.
— E o que a princesa do reino inimigo faz nas terras de Cristyn? — O rei me olhou com desconfiança.
— Houve um atentado ao navio onde meu irmão e alguns dos nossos guardas estavam — escondi as mãos atrás das costas as apertando na tentativa de conter o nervosismo —, mas apenas o Nathan, meu irmão, foi o que saiu ferido com gravidade. Ele estava entre a vida e a morte até a manhã de hoje, quando enfim acordou.
— Ainda não estou entendendo o que a trouxe aqui.
— Todas as pessoas que estavam naquele barco afirmam com convicção que foram atacados por um navio e homens de Cristyn, a mando do senhor, majestade. — Prestei atenção na sua reação.
— Eu não faço idéia do que está falando, tem a minha palavra que não fui eu o mandante dessa atrocidade — suas palavras pareciam sinceras.
Olhei para os homens ao meu lado buscando a impressão deles e recebi um sinal de aprovação para continuar.
— Eu estou inclinada a acreditar nisso, no entanto, meu pai não acredita na inocência de Cristyn e quer dar início à uma guerra. Mas, junto com meus amigos, queremos achar a explicação para o que aconteceu de fato e evitar um conflito que traria apenas mortes desnecessárias.
O observei apoiar a mão na testa enquanto pensava. Minutos de tensão se seguiram até ele voltar a falar.
— Esperem algum tempo, preciso decidir o que fazer. — Se levantou do trono e se aproximou de nós. — Vou pedir para conduzirem vocês até a sala, ficarão mais confortáveis lá.
Sorri, grata pela gentileza, e ele saiu dando ordem aos seus guardas que nos mostrassem o lugar.
E lá estávamos nós três de novo, esperando na nossa prova de paciência, porém dessa vez o silêncio reinou.
Me encontrava distraída com os detalhes da almofada sobre meu colo, tentando acalmar minha mente, quando enfim o rei Isaque voltou.
— Eu acho que descobri o que aconteceu. — Apertou os lábios olhando para o chefe da guarda, parado ao seu lado com uma expressão de culpa, parecia esperar que ele falasse.
— Não tenho certeza, mas torço para que seja um tremendo engano. — O homem respirou fundo e olhou para nós. — Tínhamos feito uma viagem há algumas semanas e todos os navios deveriam ter chegado aqui na quinta feira, mas quando voltamos um deles teve que permanecer no porto do outro reino por problemas técnicos e só chegou aqui no sábado.
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Graça, margaridas e chá
SpiritualSérie Redenção: Livro 1 Eleanor Yuna nunca imaginou que atravessar um rio pudesse mudar o rumo de sua vida. A princesa não almejava de jeito algum ser o centro das atenções ou ter que tomar decisões importantes. Estar nas sombras era bem mais confo...