35- Culto doméstico e perdão

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— Nos divertimos muito, só não foi melhor porque vocês duas não estavam lá — Samuel disse depois de contarmos para Tulip e Johanna sobre nosso passeio.

— Daqui a quatro meses voltamos aqui. — Tulip deu uma risadinha levando sua xícara de chá à boca.

Olhei para Sam e Nate me sentindo um pouco culpada por não contar o que estávamos tramando. Pelo visto eles compartilhavam o sentimento comigo.

— Como foi a tarde de vocês? — Mudei de assunto me direcionando às duas mulheres.

Elas detalharam a empolgante tarde que passaram lendo no quarto e sendo mimadas pela minha mãe que fez de tudo para as duas não desperdiçarem o tempo no palácio.

Falando nela...

— Como foi o passeio? — Dona Mina se sentou ao meu lado com seus olhos curiosos sobre nós.

Nós três voltamos a falar das belezas da praia e de como um banho de mar era revigorante, até eu me lembrar de algo importante.

— Mãe, a senhora ainda não provou o chá da dona Johanna, não é? — A encarei com expectativa e ela negou com a cabeça. — Pois vai provar agora.

— Não gosto de chá, querida, está tentando se vingar? — Cruzou os braços com uma expressão divertida.

— Aguarde. — Sorri servindo uma xícara da bebida rosada.

— A Yuna é oficialmente a fã número um do chá da minha mãe, daqui a pouco ela abre um clube. — Tuly brincou nos fazendo rir.

— Não seria uma má idéia. — Fingi considerar aquilo com seriedade.

Entreguei a xícara à minha mãe e nós a fitamos com interesse em sua reação, parecia o momento que provei a bebida pela primeira vez antes do estudo com as amigas de Tulip. Sorri com a lembrança.

A rainha levou o recipiente à boca com hesitação, no entanto a satisfação logo se espalhou pelo seu rosto.

— É realmente bom! — exclamou surpresa e olhou para Johanna que sempre ficava sem jeito com elogios. — Como você faz algo tão ruim ser maravilhoso?

— Convenhamos que a senhora e a Ellen são muito exageradas quando o assunto é chá — meu irmão opinou.

— Vocês que são esquisitos ao ponto de gostar de qualquer água quente com sabor, e a maioria das vezes sabor de mato. — Meu argumento foi dito com seriedade, mas por algum motivo eles acharam graça.

— Não ligue para eles, Yuna, nós que temos a razão. — Mamãe apertou meu braço com cumplicidade e um sorriso nos lábios, retribuí feliz por ter alguém que entendia exatamente minha opinião. — E Johanna, eu preciso da receita desse chá!

Tulip, Samuel e eu nos entre olhamos com a resposta na ponta da língua.

— Não vai acontecer, mãe, sinto muito. — Segurei o riso. — Só três pessoas nesse mundo conhecem essa receita.

— E para sua alegria, a Yuna é uma delas — Johanna finalmente se pronunciou me olhando com carinho.

— Nossa, que sortuda. — Minha mãe deu um empurrãozinho no meu ombro. — Bom, estou satisfeita em ter minha filha fazendo chá para mim.

Passamos mais um tempo conversando antes do jantar, tempo esse que minha mãe usou para fazer muitas perguntas sobre a vida dos meus amigos Cristynianos. Agradeci a Deus por ter uma mãe educada o suficiente para não fazer nenhuma pergunta inconveniente, no fim foi bem legal saber mais sobre eles e aumentar meu amor por aquela família.

Graça, margaridas e cháOnde histórias criam vida. Descubra agora