Tulip
Meu coração batia mais rápido, mais feliz, só de ver aqueles olhos brilhantes cheios de amor.
Nos separamos de um abraço apertado e sua mão pousou no meu rosto fazendo minha pele esquentar, seus dedos acariciavam minha bochecha, quis guardar aquela sensação na minha mente para sempre.
— Como senti sua falta! — Sorri segurando sua mão contra meu rosto.
— Eu também, meu bem, eu também... — Rntrelaçou nossos dedos e me guiou até um banco ali perto.
— Como foi a viagem? Você conseguiu a vaga? — perguntei querendo acabar com a dúvida que martelava na minha cabeça.
— Acho que vale a pena contar a história toda. — Um pequeno sorriso surgiu no seu rosto.
— Certo, então me conta.
— Quando eu comecei a viagem estava confiante sobre a vaga na guarda sênior, como você bem percebeu, conversei com várias pessoas que já faziam parte dela e percebi que seria bem puxado, porém sabia que era capacitado para a função.
— Isso soa tão convencido! — interrompi achando um pouco de graça.
— Não soa não! Eu realmente me esforcei, mas, voltando ao assunto... — Me lançou um olhar que pedia para que eu ficasse quieta e eu obedeci. — Tudo corria bem e estávamos animados para chegar ao destino, porém uma tempestade nos pegou de surpresa. Era tão intensa que em certos momentos cogitamos ser nosso fim.
Meu coração se apertou só de imaginar perdê-lo, porém logo retornei a calma por estar vendo a prova de que o final foi positivo. Continuei prestando atenção na sua narrativa.
— Alguns dos meus companheiros de viagem começaram a orar e me dei conta de que não havia feito isso antes de sair, como era rotineiro. Sentindo o coração pesado, fechei meus olhos e fiz uma oração sincera a Deus, pedi perdão por como vinha vivendo e, como na história de Jonas, aos poucos atravessamos a tempestade chegando seguros a terra firme.
— Glória a Deus! — não controlei a exclamação e Miguel sorriu em concordância.
— Mas eu ainda tinha que fazer o teste final, uma espécie de treinamento de sobrevivência para situações complicadas. Enfim, foi difícil, contudo tive um desempenho excelente e com certeza ganharia a vaga, isso se não tivesse a renunciado — contou dando de ombros.
— Você renunciou? — Meus olhos se arregalaram e acrescentei, sentindo certo pesar por ele. — Era seu sonho, não era?
— Um dos meus sonhos, provavelmente o menor deles. Eu conversei com alguns membros da guarda sênior e você tinha que ouvir eles contando sobre sua rotina, pareciam viver apenas em prol disso. Não, eu não podia seguir o mesmo caminho, apenas essas últimas semanas foram o suficiente para Deus me mostrar que não é o que Ele quer para mim. — Sorriu com satisfação. — Bem, e teria sido mais fácil se desse ouvidos aos sábios conselhos que recebi.
— Não adianta remoer o passado, apenas tire lições do que aprendeu! Olha que aprendizado maravilhoso, você foi lembrado para que nasceu, glorificar a Deus onde estiver e sempre o priorizando.
— Tem toda razão, Tuly. — Segurou minha mão. — E sei que o lugar que Deus me quer é ao seu lado, servindo as pessoas desse reino e dedicando tempo a Ele.
— Que engraçado, acho que nossos propósitos estão entrelaçados. — Dei risada o abraçando mais uma vez.
— Agora me conta o que você fez enquanto estive fora — pediu e eu me aconcheguei no seu abraço pensando em como contar a minha grande aventura.
— Bom, prepare o seu coração e agradeça por estar sentado, meus dias foram intensos.
— Não duvido nadinha disso.
Narrei os acontecimentos desde que conheci a Yuna até o momento presente, o dia da sua conversão.
Miguel passou do espanto pela minha ousadia à alegria pela alma ganha para o Reino.
— Tulip, você é muito doida, tem noção disso? — indagou me afastando um pouco afim de ver meu rosto. — E se te prenderem por conspiração ou sei lá?
— Conspiração? — Não consegui evitar a risada. — Miguel, eu não estou fazendo nada errado, o tratado fala sobre as relações comercias serem proibidas, não estou vendendo nada à Yuna e tampouco ela à mim.
— Bem, isso é verdade — refletiu meu argumento e pareceu convencido. — E ainda uma princesa! Que loucura, já estou imaginando conhecer a princesa do reino inimigo, vai ser estranho.
— No primeiro momento vai sim, mas por favor, não a trate com diferença, ela é apenas a Yuna, uma garota que acabou de conhecer o Senhor. De verdade, me surpreendi em como uma pessoa da realeza pode ser tão simples e aberta a aprender, gosto muito dela, somos amigas e irmãs agora — expressei minha opinião sobre a moça com sinceridade.
— Por mim, tudo bem. Se ela é sua amiga e você gosta tanto assim dela, não farei objeção a gostar também. — Sorriu gentilmente.
— Eu te amo demais. — Beijei sua bochecha com carinho.
— Também te amo, noivinha! — Retribuiu o beijo.
— Falando em noiva, temos um casamento para marcar e planejar! — Sorri levantando e o puxando comigo.
— Você quer falar de planejamento em um festival? — Fez uma careta.
— Hum... — pensei um pouco e percebi que tínhamos bastante tempo para isso. — Tem razão, que tal aproveitarmos o momento e comermos torta com o chá da mamãe?
— Não vou nem tentar resistir! — Sua animação o levou a me puxar até as barracas e eu sorri de felicidade por ter meu amor e melhor amigo de volta.
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Graça, margaridas e chá
SpiritualSérie Redenção: Livro 1 Eleanor Yuna nunca imaginou que atravessar um rio pudesse mudar o rumo de sua vida. A princesa não almejava de jeito algum ser o centro das atenções ou ter que tomar decisões importantes. Estar nas sombras era bem mais confo...